terça-feira, 7 de julho de 2015

FRUTEIRO DE LOUÇA DE ALCOBAÇA – FABRICO OLAJUL

Continuando com a apresentação da Louça de Alcobaça, agora de uso comum, utilitário, apresentamos um interessante fruteiro, de produção da fábrica OLAJUL.


Peça vazada, com interessante forma, de aba recortada, em lobos, com soberba decoração em cores fortes, com tons de amarelo, vermelho, azul, verde e roxo ou lilás, sob um fundo ou base em tom de azul claro.


Os lobos da aba são decorados de forma alternada em monocromia ou em policromia, cujos motivos florais, se desenvolvem da aba para o covo, no qual existe uma pequena decoração monocromática em tom de azul, forte.














A bordadura recortada da aba possui em decoração em bicos, em tons de azul forte.


No centro do frete de tardoz – o apoio do fruteiro, possui a marca manuscrita “OLAJUL”, “ALCOBAÇA”, “PORTUGAL”, o número de catálogo da peça “202” e a sigla do seu decorador/pintor, do artista “P.S.R.” ou “R.S.R.”.


Pela falta de vidrado no frete consegue-se detectar perfeitamente a pasta usada, na cor de grão e não branca, o que evidencia uma composição de várias argilas, com alguma introdução de argilas vermelhas.




1) Contando um pouco de história:
A fábrica OLAJUL foi fundada em 1949 por José Pedro e seus filhos, Silvino Ferreira Pedro e José Joaquim Pedro, na localidade de Juncal.

Refira-se que José Pedro foi um dos mais influentes e importantes pintores da OAL – Olaria de Alcobaça, Lda., onde também os seus filhos trabalhavam, como aprendizes.


José Pedro aprendeu a arte com o seu pai na pequena fábrica que este possuía na localidade de Juncal, tenho depois trabalhado na fábrica de Manuel Ferreira da Bernarda, de onde é aliciado pelo filho de Manuel da Bernarda, Silvino da Bernarda para ir trabalhar para a empresa que este tinha constituído, a citada OAL.

José Pedro permaneceu na OAL até 1947, indo se seguida trabalhar para a Estatuária Artística de Alcobaça, Lda., com sede em Maiorga, onde trabalhou até 1949, saindo desta para criar a citada OLAJUL.

Alguns anos volvidos, em 1953, a OLAJUL, instala-se na localidade de Fervença nas instalações da Estatuária Artística de Alcobaça, entretanto encerrada, por falência.


A OLAJUL labora até 1955, ano em que os seus proprietários, pai e dois filhos, alteram o pacto social e Silvino Ferreira Pedro e José Joaquim Pedro, fundam a fábrica Pedros, Lda., a qual acompanhou o ímpeto após guerra, a melhoria do poder de compra e o gosto pela Louça de Alcobaça, provavelmente pela renovação e pelas novas decorações nas peças.

Esta fábrica Pedros, sob a orientação de Silvino Ferreira Pedro viria a laborar até 1980, ano em que encerrou.


Em suma, a produção da fábrica OLAJUL está perfeitamente definida entre os anos de 1949 e 1955, ou sejam somente sete anos de produção, situação que mais valoriza as peças e a louça produzida nesta fábrica.

Por outro lado e sob a influência de Silvino Pedro já eram evidentes as evoluções a nível do design e das formas das peças, na senda de novos modelos e de criações próprias, fugindo aos habituais modelos, repetitivos e já cansados.


2) Caracterizando a Louça de Alcobaça:

A Louça de Alcobaça é perfeitamente identificada e reconhecida  através da sua cor e da sua decoração. Pela cor, pelo fundo ou base predominante azul claro e pela demais cor: tons de amarelo, verde, encarnado e roxo ou violeta. Pela decoração, com os seus motivos florais, com alguma base na tradição da produção de louça coimbrã, pintada ou estampilhada.


O azul sempre foi a cor predominante da louça regional de Alcobaça - que ainda actualmente é produzida em algumas fábricas, mas já sem as tonalidades características dos fornos de lenha e caruma, que durante várias décadas do século passado foram utilizados, pois que nos anos cinquenta e sessenta, foram substituídos por outros, eléctricos e de nafta, tendo-se perdido as cores fortes de então e a “patine” que as peças de Louça de Alcobaça tinham.

Agora, as cores e as suas tonalidades são mais suaves, esbatidas, baças – o “resultado” do progresso!


3) À laia de conclusão:

A louça de Alcobaça, desta fábrica, da OLAJUL, reveste-se de particular interesse, pois representa a genuína Louça de Alcobaça, cuja produção se resumiu a sete anos de produção, de 1949 a 1955, a partir da qual e na sua evolução, se começou a fabricar, sob a designação de Pedros, pese embora os mentores e proprietários fossem quase os mesmos, da mesma família.


Digamos que a OLAJUL representa o início da massificação da típica Louça de Alcobaça, com a constante de tons nas suas decorações e arranjos florais sob um fundo geralmente em tom de azul claro.




FONTES:

5) – Bernarda, João da; “A Loiça de Alcobaça”, Edições ASA, 2001
7) – “História da Industria na Região de Leiria – Cerâmica”, edição do Jornal de Leiria, edição de 22.05.2014


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