Continuando com a apresentação da Louça de Alcobaça, agora de uso comum,
utilitário, apresentamos um interessante fruteiro, de produção da fábrica OLAJUL.
Peça vazada, com interessante forma,
de aba recortada, em lobos, com soberba decoração em cores fortes, com tons de
amarelo, vermelho, azul, verde e roxo ou lilás, sob um fundo ou base em tom de
azul claro.
Os lobos da aba são decorados de forma
alternada em monocromia ou em policromia, cujos motivos florais, se desenvolvem
da aba para o covo, no qual existe uma pequena decoração monocromática em tom
de azul, forte.
A bordadura recortada da aba possui em
decoração em bicos, em tons de azul forte.
No centro do frete de tardoz – o apoio
do fruteiro, possui a marca manuscrita “OLAJUL”, “ALCOBAÇA”, “PORTUGAL”, o
número de catálogo da peça “202” e a sigla do seu decorador/pintor, do artista “P.S.R.”
ou “R.S.R.”.
Pela falta de vidrado no frete consegue-se
detectar perfeitamente a pasta usada, na cor de grão e não branca, o que
evidencia uma composição de várias argilas, com alguma introdução de argilas
vermelhas.
1)
Contando um pouco de história:
A fábrica OLAJUL foi fundada em 1949 por José Pedro e seus filhos, Silvino
Ferreira Pedro e José Joaquim Pedro, na localidade de Juncal.
Refira-se que José Pedro foi um dos
mais influentes e importantes pintores da OAL
– Olaria de Alcobaça, Lda., onde também os seus filhos trabalhavam, como
aprendizes.
José Pedro aprendeu a arte com o seu
pai na pequena fábrica que este possuía na localidade de Juncal, tenho depois
trabalhado na fábrica de Manuel Ferreira da Bernarda, de onde é aliciado pelo
filho de Manuel da Bernarda, Silvino da Bernarda para ir trabalhar para a empresa
que este tinha constituído, a citada OAL.
José Pedro permaneceu na OAL até 1947, indo se seguida trabalhar
para a Estatuária Artística de Alcobaça,
Lda., com sede em Maiorga, onde
trabalhou até 1949, saindo desta para criar a citada OLAJUL.
Alguns anos volvidos, em 1953, a OLAJUL, instala-se na localidade de Fervença nas instalações da Estatuária Artística de Alcobaça,
entretanto encerrada, por falência.
A OLAJUL
labora até 1955, ano em que os seus proprietários, pai e dois filhos, alteram o
pacto social e Silvino Ferreira Pedro e José Joaquim Pedro, fundam a fábrica Pedros, Lda., a qual acompanhou o ímpeto
após guerra, a melhoria do poder de compra e o gosto pela Louça de Alcobaça, provavelmente pela renovação e pelas novas
decorações nas peças.
Esta fábrica Pedros, sob a orientação de Silvino Ferreira Pedro viria a laborar
até 1980, ano em que encerrou.
Em suma, a produção da fábrica OLAJUL está perfeitamente definida entre
os anos de 1949 e 1955, ou sejam somente sete anos de produção, situação que
mais valoriza as peças e a louça produzida nesta fábrica.
Por outro lado e sob a influência de
Silvino Pedro já eram evidentes as evoluções a nível do design e das formas das peças, na senda de novos modelos e de
criações próprias, fugindo aos habituais modelos, repetitivos e já cansados.
2)
Caracterizando a Louça de Alcobaça:
A Louça
de Alcobaça é perfeitamente identificada e reconhecida através da sua
cor e da sua decoração. Pela cor, pelo fundo ou base predominante azul claro e
pela demais cor: tons de amarelo, verde, encarnado e roxo ou violeta. Pela decoração, com os seus motivos florais, com alguma base na tradição da produção
de louça coimbrã, pintada ou estampilhada.
O azul sempre foi a cor predominante
da louça regional de Alcobaça - que ainda actualmente é produzida em algumas
fábricas, mas já sem as tonalidades características dos fornos de lenha e
caruma, que durante várias décadas do século passado foram utilizados, pois que
nos anos cinquenta e sessenta, foram substituídos por outros, eléctricos e de
nafta, tendo-se perdido as cores fortes de então e a “patine” que as peças de
Louça de Alcobaça tinham.
Agora, as cores e as suas tonalidades
são mais suaves, esbatidas, baças – o “resultado” do progresso!
3)
À laia de conclusão:
A louça de Alcobaça, desta fábrica, da
OLAJUL, reveste-se de particular
interesse, pois representa a genuína Louça
de Alcobaça, cuja produção se resumiu a sete anos de produção, de 1949 a
1955, a partir da qual e na sua evolução, se começou a fabricar, sob a
designação de Pedros, pese embora os
mentores e proprietários fossem quase os mesmos, da mesma família.
Digamos que a OLAJUL representa o início da massificação da típica Louça de
Alcobaça, com a constante de tons nas suas decorações e arranjos florais sob um
fundo geralmente em tom de azul claro.
FONTES:
5) – Bernarda, João da; “A Loiça de Alcobaça”, Edições
ASA, 2001
7) – “História da Industria na Região de Leiria –
Cerâmica”, edição do Jornal de Leiria, edição de 22.05.2014
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