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domingo, 4 de setembro de 2016

E OS VELHOS PENICOS? TAMBÉM SÃO FAIANÇAS. LOUÇA ESCATOLÓGICA – QUE PALAVRÃO!


De faiança se fazia quase tudo antigamente, até os Penicos ou os Bacios de noite, que os jovens mais "pesados" ainda se recordam e os mais novos não sabem o que é.


Pese embora o uso e a função que tais objectos tinham, não deixem de ser peças interessantes, em Faiança, com as suas graciosas e sempre diferentes decorações florais, policromadas.


Na verdade, estes vasos sanitários, de uso essencialmente nocturno, largamente usados até meados do século XX,  eram confeccionados em diversos materiais, mas com preponderância da faiança.


Os penicos em faiança, geralmente de cor branca, isentos de qual decoração ou com decoração; em termos de decoração há os com listas ou filetes, geralmente na cor azul e os com arranjos florais, policromáticos. A maioria só com decoração exterior, a nível do bojo, mas também os havia com decorações a nível interior, na bordadura da aba e ou na base do bacio.




Mas também os havia com decorações infantis e ingénuas, pois o uso dos mesmos era também para as crianças, e esta seria uma forma de os tornarem mais “cativantes” para as mesmas.

Mas lisos, também os havia nas cores creme, rosa pálido, azul celeste e verde seco claro.


Os penicos mais antigos possuíam mais decoração, mais trabalhada e muito mais bonita, indo muito para além dos simples arranjos florais policromáticos.


Exemplo disso é o que apresentamos a seguir: fabrico da Fábrica de Louça de Sacavém, com o motivo Vaquinhas, na cor verde, do Período da Real Fábrica (1885), com uma soberba decoração interior e exterior, com cenas rurais (Fonte 3).

Mais outro exemplo é o do penico que a seguir se apresenta: penico antigo, do século XIX, em faiança portuguesa com filetes de várias cores e decoração com parras de videira (Fonte 4).


Mais um exemplar, de fabrico do Norte, da provável Fábrica Cavaco, com decoração floral (Fonte 3).


Outro ainda, igualmente de provável fabrico do Norte, de finais do Século XIX ou início do século XX, com sóbria decoração – 2 filetes azuis (Fonte 3).


Em Portugal quase todas as fábricas produziram bacios ou os ditos penicos. Hoje apresentamos aqui dois, com decorações com motivos florais de fabrico da Fábrica de Louças do Outeiro, em Águeda, fundada por António de Souza Carneiro, em 1923.




Como curiosidade refira-se que o maior e único museu do mundo de Penicos, se localiza em Espanha, na cidade de Salamanca, cuja colecção pertence a José Maria del Arco, residente em Terremolinos (Málaga), cujo acervo é de 1320 peças.

Certo é que os bacios, penicos ou vasos sanitários podem ser de ferro, bronze, cerâmica (barro), louça (faiança ou porcelana), ágata e mais recentemente de plástico.

Mas no museu referido há-os também em madeira, bronze, cobre, alumínio, pedra, argila, vidro, ferro, folha-de-flandres, esmalte, prata e ouro e até um em platina.



FONTES:






segunda-feira, 23 de maio de 2016

SINGELA SALADEIRA COM MOTIVO VEGETALISTA DA FÁBRICA DO OUTEIRO DE ÁGUEDA

SINGELA SALADEIRA COM MOTIVO VEGETALISTA DA FÁBRICA DO OUTEIRO DE ÁGUEDA


1. A nossa peça:

Apresentamos uma simples mas interessante saladeira, com uma decoração vegetalista policromática no covo da mesma, completada por um filete fino a separar o covo da aba e na bordadura desta dois filetes, um fino, interior, na cor negra e outro, largo, exterior na cor verde-escuro.


(A nossa peça- saladeira)

A composição da decoração é constituída por dois ramos entrelaçados, com folhas verdes e frutos ou flores vermelhas
.
Na aba verificam-se as falhas de vidrado devido às trempes utilizadas na cozedura.

Trata-se de uma peça rodada, de pasta clara, que permitiu uma boa moldagem e que possui um vidrado homogéneo e uniforme de especto leitoso.


(A decoração do covo da saladeira)

Peça utilitária, de uso doméstico corrente, muito simples, de traço despretensioso, contrastando com a faiança decorativo, muito elaborada em termos de decoração, com exuberante policromia, com uma palete de cores variada e de tons suaves

No tardoz possui o carimbo na cor negro, com disposição em semi-círculo “OUTEIRO ÁGUEDA”.


(O Carimbo da nossa peça)

Trata-se pois de uma peça produzida na Fábrica de Louças do Outeiro, em Águeda, unidade fundada por António de Souza Carneiro, em 1923; uma das várias fábricas instaladas nesta localidade.


2. Um pouco de história e enquadramento:

Outras fábricas que existiram, que se dedicaram à produção de louça utilitária de uso doméstico, mas também de decoração foram:

- Cerâmica Progredior, fundada em 1913;
- Fábrica de Fernando Ribeiro Guerra, fundada em 1913;
- Guerra & Cruz, Lda., fundada em 1916;
- Fábrica de Arcanjo de Figueiredo, fundada em 1922;
- Simões & Antunes, Lda., fundada em 1924;

Foram fábricas de reduzida dimensão, com consumo de âmbito regional, restrito, provavelmente com louça não marcada e por conseguinte não há peças que se consigam identificar pelas mesmas fábricas.

Foi, sem dúvida, a fábrica fundada por António de Souza Carneiro, em 1923, a mais importante do Outeiro, a qual com a sua produção, com um consumo e utilização quase a nível nacional; com peças decorativas de elevada qualidade, todas devidamente marcadas, que continuam a chegar aos tempos actuais.


(Uma imagem recorrente da Fábrica do Outeiro)

O valor artístico das peças produzidas na Fábrica do Outeiro deveu-se ao recrutamento de alguns pintores da Fábrica de Vista Alegre e de outros da Empresa de Louça e Azulejo, Lda., de Aveiro.

De entre eles há a salientar nomes como: Licínio Cunha (?) ou Licínio Pinto da Silva (?) e Francisco Luís Pereira, mais tarde continuados por A. Pereira (década de 60), Ribeiro ou João Breda, ou Mandé (?), C. Pinto, M.R., A.S.

Cremos, sem confirmação que esta fábrica encerrou na década de 60 do século passado, tendo surgido outras mais recentemente que aproveitaram o nome e fama comercial “OUTEIRO - ÁGUEDA”.


3. Decoração, motivos:

Há que distinguir as peças de uso comum, utilitárias, para uso doméstico e as peças para decoração. 

Enquanto as mesmas possuem decorações simples, de fácil execução, policromáticas de cores suaves, as peças decorativas são soberbamente elaboradas, com decorações trabalhosas e com um requinte na pintura policromática.

Em termos de decoração, as peças decorativas produzidas nesta Fábrica,  os motivos mais frequentes eram o galo, o pavão, rabieira (ave: pêga-rabuda, com uma cauda longa como o cuco ou o estorninho), o pagode chinês, a ala especial (asa), o botaréu (arcobocante ou contraforte de reforço de um arco ou uma abóbada ogival), a ágata (quartzo de cores vivas e com desenvolvimentos espectaculares); bem como motivos do século XVI, motivos vegetalistas, florais e aves exóticas.

As peças utilitárias e de uso doméstico são geralmente em fundo branco e policromia em cores suaves; as peças decorativas, muito procuradas, são habitualmente em fundo preto, que lhe dá uma singular beleza, com uma decoração aturada em cores fortes, que lhe dão uma singular beleza.

Exemplos de peças utilitárias e de uso doméstico:


(Peça apresentada na Fonte 10)

(Peça apresentada na Fonte 8)

(Peça apresentada na Fonte 8)


(Peça apresentada na Fonte 8)


(Peça apresentada na Fonte 8)




(Peça apresentada na Fonte 8)

(Peça apresentada na Fonte 8)



(Peça apresentada na Fonte 8)



(Peça apresentada na Fonte 8)

(Peça apresentada na Fonte 9)


(Peça apresentada na Fonte 9)

(Peça apresentada na Fonte 12)

Exemplos de peças decorativas:



(Peça apresentada na Fonte 14)



(Peça apresentada na Fonte 14)



(Peça apresentada na Fonte 7)

(Peça apresentada na Fonte 7)



(Peça apresentada na Fonte 7)

(Peça apresentada na Fonte 8)

(Peça apresentada na Fonte 1)

(Peça apresentada na Fonte 1)



(Peça apresentada na Fonte 1)



(Peça apresentada na Fonte 1)



(Peça apresentada na Fonte 1)



(Peça apresentada na Fonte 1)



(Peça apresentada na Fonte 1)


(Peça apresentada na Fonte 1)

(Peça apresentada na Fonte 4)



(Peça apresentada na Fonte 1)



(Peça apresentada na Fonte 1)

(Peça apresentada na Fonte 5)



(Peça apresentada na Fonte5)

4. Marca e carimbos:

Em termos de marcação das peças, as peças decorativas possuem marcas manuais, com indicação do nome ou iniciais do pintor; as peças utilitárias de uso comum possuem um carimbo, a cor negra, em forma de semi-circulo “OUTEIRO – AGUEDA” e mais recentemente com um carimbo “estrelado”, com a indicação “OUTEIRO”.

Exemplos de marcas manuais:

(Marca manual - fonte 7)

(Marca manual - fonte 14)

(Marca manual - fonte 9)

(Marca manual - fonte 9)



(Marca manual - fonte 9)

(Marca manual - fonte 12)

(Marca manual - fonte 12)

Carimbo mais comum,  em forma de semi-circulo “OUTEIRO – AGUEDA”:



(O carimbo da nossa peça)

  Carimbo “estrelado”, com a indicação “OUTEIRO”:



(O Carimbo mais recente da Fábrica do Outeiro)


5. Azulejaria:

Outras das vertentes, diga-se deveras importante, foi a produção de painéis de azulejo, azulejaria decorativa, predominante de painéis alegóricos a santos, com particularidade ao Santo António, Nossa Senhora de Fátima, S. Gonçalo de Amarante, S. José, S. Manuel, entre outros, para além de painéis com quadras e painéis identificadores de casas, quintas e solares e até unidades industriais.

Alguns exemplos de painéis de azulejo alusivos a santos (fonte 16):



















Alguns exemplos de painéis de azulejo identificadores de lugares, de espaços, de edificações, com quadras (fonte 16):

























Os artífices, decoradores e pintores que mais painéis efectuaram foram Licínio Pinto da Silva e Francisco Luís Pereira (década de 30); A.C. D’ Oliveira, António Ferreira, entre outros.

Trata-se de um valioso património artístico espalhado pelo País, que enaltece a grandiosidade desta Fábrica do Outeiro de Águeda.


FONTES:



3) – “Os industriais de Cerâmica: Aveiro, 1882-1923, de Manuel Ferreira Rodrigues, Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração, Aveiro, 1996.






9) – www.olx.pt;







16) – www.facebook.com>Fábrica-do-outeiro-Águeda;