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terça-feira, 30 de agosto de 2016

Prato de Massarelos, período Lusitânia – CFCL, motivo “Chinoiserie”


Na verdade, a decoração de faianças teve ao longo da sua produção uma particularidade e uma certa tendência para o uso de motivos e cenas orientais, com interpretações, mais ao menos livres e ao gosto do decorador.

(Figura 1 - O nosso Parto de Massarelos, com decoração oriental)

No nosso imaginário sempre esteve um gosto pela decoração com motivos e cenas orientais, como lembrança ou recalque das afamadas louças chinesas de períodos anteriores e sempre vistas com deslumbre.

Uma grande parte das fábricas de faianças em Portugal, nalguma época produziram faianças, mesmo de uso doméstico quotidiano, em que a temática eram cenas e motivos orientais, sempre em policromia.

Desta vez reportamos-mos a um prato raso, da Fábrica de Massarelos, do período da Lusitânia – CFCL – Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia.


Trata-se de um prato fino, de esmalte na cor de grão e decoração sóbria mas elegante: um filete grosso a vermelho escuro, na bordadura da aba, um filete fino, de igual cor a separar a aba do covo, interrompido para deixar passar a tripla decoração da aba, que se prolonga até ao covo e finalmente uma decoração de mais uma cena oriental, com enquadramento arbustivo e floral, arredondado, aplicado no centro do covo.

(Figura 2 - A decoração da aba e os seus filetes)

As decorações da aba representam uma figura oriental, feminina, sentada, parece-nos que a tocar lira, enquadrada no espaço verde, com flores, possuindo no tardoz, à direita um salgueiro ao centro uma cerca, e à esquerda um arranjo arbustivo e floral, policromático.

 A decoração central no fundo do prato – o covo, apresenta, como não podia deixar de ser, um pagode, com a sua cobertura piramidal, uma figura oriental, masculina, de longas barbas, sentada em frente ao pagode, e um enquadramento vegetalista; à direita a palmeira e à esquerda um arranjo arbustivo floral, policromático.

(Figura 3 - A interessante decoração com motivos orientais do covo)

Estamos pois perante uma peça de Faiança, cujo motivo oriental nos leva a designar de motivo “Chinoiserie”.

Uma das primeiras fábricas de faianças a recorrerem aos motivos orientais, vulgo chineses, foi a Fábrica de Louças de Sacavém, com dois motivos, o “Chinez” e o “Pagode” ou com a designação alfanumérica de “11”.

Outra fábrica a recorrer a esta temática foi a CESOL – Cerâmica de Souselas, Lda.

Tardoz, com um único frete, de perfil harmonioso, identificando-se ainda alguns “pontos” no vidrado, dos apoios da trempes, aquando da cozedura.

(Figura 4 - O tardoz do nosso prato)

Retomando a análise ao fabrico, o mesmo reporta-se ao período que medeia entre 1936 e 1945, ou seja à época em que a Fábrica de Massarelos, estava instalada em Roriz, ex propriedade da sociedade por quotas Chambers & Wall, Lda., entretanto vendida, em 1936, à Companhia das Fábricas Cerâmica Lusitânia, S.A.R.L., empresa de Lisboa que possuía um conjunto de fábricas e armazéns de distribuição de materiais de construção, nas principais cidades do país.

(Figura 5 - O inequívoco carimbo da nossa peça)

Daí no carimbo aposto na peça, monocromático, na cor castanho-claro, vir indicado na coroa circular: MASSARELOS – LUSITANIA e nos quadrantes do círculo interior: CFCL.
Uma fácil atribuição de fabrico e temporal – quando as peças possuem carimbos ou marcas, tudo se torna mais fácil.

Mais uma interessante peça catalogada.  

FONTES:

1) - https://velhariastralhasetraquitanas.blogspot.pt/2014/10/prato-motivo-chinoiserie-das-faiancas.html;

2) - https://velhariastralhasetraquitanas.blogspot.pt/2014/11/caneca-de-massarelos-periodo-lusitania.html;

3) – “ A Fábrica de Louça de Massarelos – Contributos para a caraterização de uma unidade fabril pioneira” – Volume I, de Armando Octaviano Palma de Araújo; Dissertação de Mestrado em Estudos do Património, Universidade Aberta – Departamento de Ciências Sociais e de Gestão, Lisboa – 2012” 

4) - “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;

5) - Fábrica de Massarellos – Porto 1763 – 1936”, Exposição Fábrica de louça de Massarelos 1763 – 1936, Porto 1998; Coordenação de Mónica Baldaque, Teresa Pereira Viana e Margarida Rebelo Correia, Museu Nacional Soares dos Reis;

6) - “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;

 

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Travessa Oval de Fabrico Massarelos, Motivo Lisboa, do Período Chambres & Wall.

As peças em faiança com decoração azul forte sobre um vidrado branco leitoso, são sempre interessantes e quando pela sua textura e motivo se vê que são relativamente antigas maior é o fascínio.

(Foto 1 - A nossa peça)

Tudo a propósito de uma travessa oval, com uma interessante decoração vegetalista, com cornucópias florais, que se prolongam desta a aba até ao covo da travessa, fabrico da Fábrica de Massarelos, do Porto, cujo Motivo é “Lisboa”.

(Foto 2 - O Carimbo da peça)

Na bordadura da aba um filete dourado, para enaltecer ainda mais a peça.

(Foto 3 - Pormenor da Decoração) 

Facto interessante, em que as fábricas do Norte criavam motivos alusivos ao Sul, e as fábricas de Lisboa tinham motivos com referências ao Norte, provavelmente como homenagem a essas mesmas cidades, por um lado e por outro, eventualmente, para cativar o consumo.

(Foto 4 - A plenitude da decoração)

Uma travessa oval de pasta espessa, com vidrado leitoso, de decoração monocromática, cor azul-escuro forte, com vistosa decoração vegetalista, repetida duas vezes, entre a aba e o covo.

No tardoz possui carimbo monocromático cor castanho azul-escuro, da Fábrica de Massarelos, carimbo laureado e com a coroa real superior, tendo na coroa circular escrito: “MASSARELLOS”, “PORTO” e no círculo central “C & W”, e sob o mesmo o nome do motivo “LISBOA”.

(Foto 5 - O Carimbo na peça)

Possui ainda uma gravação na pasta “MASSARELOS”, “PORTO” e “M” e no descambar do frete “MASSA…” – foi a peça de punção da marca que “resvalou” e deixou marca.

(Foto 6 - A marca "MASSARELOS")

(Foto 7 - Resto de outra marca - um descuido do marcador)


Trata-se pois de uma peça fabricada no período de Chambres & Wall, que corresponde ao período que medeia entre 18.09.1912 a 11.03.1920.

(Foto 8 - O Soberbo Carimbo do período C & W)

Em suma, uma peça interessante, com cerca de 100 anos ou mesmo mais, em muito bom estado de conservação.

FONTES:

2) – “Fábrica de Massarelos - Porto, 1763 – 1936”, Coordenação de Mónica Baldaque, Teresa Pereira Viana e Margarida Rebelo Correia, edição do Museu Nacional Soares dos Reis, 1998.

3) – “A Fábrica de Louça de Massarelos – Contributos para a caracterização de uma unidade fabril pioneira”. Volume 1, dissertação de Mestrado em Estudos do Património, de Armando Octaviano Palma de Araújo, Universidade Aberta, Lisboa, 2012.

4) – “Cerâmica Portuense – Evolução Empresarial e Estruturas Edificadas”, Teresa Soeiro, Jorge Fernandes Lacerda, Silvestre Lacerda, Joaquim Oliveira, Edição Portugália, Nova série, volume XVI, 1995.


5) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Motivo Fantasia, Período Chambres & Wall, Fabrico Massarelos

Nestes últimos tempos temos vindo a efectuar um aprofundamento do estudo das faianças fabricadas na Fábrica de Massarelos, quer pela sua importância no contexto das fábricas outrora existentes, quer pela qualidade das suas peças, quer pela diversidade da decoração aplicada, quer ainda pelos diversos períodos de fabrico, …, enfim por tudo o que é a mística da Fábrica de Massarelos.

(Saladeira de Massarelos - Motivo Fantasia)

Tínhamos efectuado há pouco tempo uma postagem sobre uma peça da Fábrica de Massarelos, motivo Fantasia, perfeitamente identificável, mas sem carimbo ou marca gravada na pasta, mas eis que nos surge uma peça que corrobora tudo o que dissemos.

(Pormenor da decoração - Motivo Fantasia)

Uma saladeira de pasta espessa, com vidrado leitoso, de decoração monocromática, cor castanho-claro, com trabalhada decoração vegetalista, repetida três vezes, ao longo da aba até ao covo.

(Pormenor da decoração - Motivo Fantasia)

Tardoz: carimbo monocromática cor castanho claro, da Fábrica de Massarelos, carimbo laureado e com a coroa real superior, tendo na coroa circular escrito: “MASSARELLOS”, “PORTO” e no círculo central “C & W”, e sob o mesmo o nome do motivo “FANTASIA”, “PO….AL” (Portugal). Possui ainda uma referência alfanumérica carimbada “G” – cujo significado desconhecemos e uma gravação na pasta “R”, que igualmente desconhecemos a justificação.

(Tardoz da Saladeira - Carimbos e marcas)

Trata-se pois de uma peça fabricada no período de Chambres & Wall, que corresponde ao período que medeia entre 18.09.1912 a 11.03.1920.

(Pormenor dos Carimbos e da marca na pasta "R")

(Carimbo de Massarelos - Período C & W - 1912-1920)

Uma peça atraente, com cerca de 100 anos, em muito bom estado de conservação.


FONTES:


2) – “Fábrica de Massarelos - Porto, 1763 – 1936”, Coordenação de Mónica Baldaque, Teresa Pereira Viana e Margarida Rebelo Correia, edição do Museu Nacional Soares dos Reis, 1998.

3) – “A Fábrica de Louça de Massarelos – Contributos para a caracterização de uma unidade fabril pioneira”. Volume 1, dissertação de Mestrado em Estudos do Património, de Armando Octaviano Palma de Araújo, Universidade Aberta, Lisboa, 2012.

4) – “Cerâmica Portuense – Evolução Empresarial e Estruturas Edificadas”, Teresa Soeiro, Jorge Fernandes Lacerda, Silvestre Lacerda, Joaquim Oliveira, Edição Portugália, Nova série, volume XVI, 1995.

5) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Prato de Massarelos, Motivo Fantasia, decoração assimétrica


As peças em faiança da Fábrica de Loiças Massarelos, em especial os pratos, são característicos, e pala sua decoração consegue-se logo identificar o fabrico.

(O nosso Prato de Massarelos, Motivo Fantasia)

Por outro lado, as decorações utilizadas pela Fábrica de Massarelos, pelo menos em parte dos seus períodos de fabricação, optou por decorações assimétricas que ajudaram a identificar a sua proveniência.

Em abono da verdade se diga, que também a Fábrica de Alcântara e a Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, fundada por Rafael Bordalo Pinheiro também usaram decorações assimétricas, mas as de Massarelos, têm algo de místico que permite a sua fácil identificação.

Uma das características das peças da Fábrica de Massarelos era também a espessura e robustez das peças, devido à pasta utilizada, mas que em fase posteriores tal situação veio a ser alterada, com a realização de peças com pasta mais fina, algumas assemelhando a pasta de pó de pedra.

(Pormenor do Motivo Fantasia)

Tudo isto a propósito de um interessante prato que conseguimos obter em mais das bancas “de chão” numa destas feiras de velharias de inverno que ocorrem por aí….

A decoração logo nos indiciou ser de Massarelos, mas cujo motivo desconhecíamos..., apreciamos o tardoz do prato e marcas e carimbos, nada, mas os fretes e a sua disposição indiciava-nos algo conhecido.

(Pormenor de outra decoração do Motivo Fantasia)

A decoração vegetalista, monocromática, cor-de-rosa, era interessantíssima, aplicada assimetricamente no prato, abrangendo a aba e quase todo o covo do prato, possuindo na parte oposta, uma pequena decoração similar, preenchendo parte da aba e do covo.

(Outro pormenor ainda do Motivo Fantasia)

Na bordadura da aba um filete cor-de-rosa, rematando a decoração do prato.

Trata-se na verdade um prato com uma decoração típica da Fábrica de Massarelos, cujo Motivo se denomina “FANTASIA”, decoração já aplicada no final do século XIX, em pratos e travessas desta fábrica, as quais possuíam a respectiva marca, carimbo e denominação do motivo (fonte 1), que nos permitiu assim identificar a nossa peça.

(Fonte 1 - Motivo Fantasia - marca finais do século XIX)

(Fonte 1 - Motivo Fantasia - marca finais do século XIX)

Esta peça possuía o carimbo de Maclaren & CH . PORTO, que permitiu a identificação temporal do seu fabrico.
     
Por outro lado, a organização e disposição dos círculos concêntricos conjuntamente com o frete do prato: dois círculos concêntricos largos no fundo do prato, um frete significativamente relevado na bordadura do fundo do prato e mais dois círculos concêntricos correspondentes à transição da aba para o covo, indiciam também ser fabrico de Massarelos.

(O tardoz do nosso prato)

No limite do tardoz identificam-se os “pontos” do tripé utilizado para colocar o prato “em descanso” quando foi vidrar.

(O frete e os círculos concêntricos do nosso prato)

Através de outros documentos consultados e sítios (fonte 5), (fonte 6),  tais elementos confirmam a nossa suposição.

(Fonte 5 - Pormenor do tardoz do prato - círculos concêntricos e fretes)
(Fonte 6 - Pormenor do tardoz do prato - círculos concêntricos e fretes)
Por outro lado, conhecem-se várias decorações, monocromáticas, assimétricas, com outros motivos e que são igualmente da Fábrica de Massarelos, que mais corroboram a nossa apreciação em relação ao presente prato.

Como exemplo apresentamos, prato vegetalista, monocromático, cor verde, com lago e cisne (fonte 2), ou na cor grená, em que a decoração é mais interessante (fonte 3).
 
(Fonte 2 - Motivo Cisne (?) - cor verde)
(Fonte 3 - Motivo Cisne (?) - cor grená)

Igualmente interessantes foram as decorações assimétricas com os motivos de “Papoula” ou “Borboleta”, a cita fábrica também produziu e cujas imagens das mesmas reproduzimos (fonte 1), (fonte 4).
 
(Fonte 1 - Motivo Papoula)

(Fonte 1 - Motivo Borboleta)

(Fonte 4 .- Terrina com o Motivo Papoula)

(Fonte 4 - Carimbo da Terrina - marca do período de 1904-1912)

Ou outras ainda (fonte 6)

(Fonte 6 - Motivo desconhecido)
(Fonte 6 - Motivo desconhecido)
(Fonte 6 - Motivo desconhecido)
Uma bela decoração desta fábrica e que se poderá enquadrar nesta temática de decorações não simétricas (mas também não totalmente assimétricas) é a do motivo “Torre de Belém”, do qual apresentamos cópia de belos exemplares (fonte 1), (fonte 6).



Outros  ainda da fonte 12:

(Fonte 12 - Motivo Torre de Belém - cor sépia)

(Fonte 12 - Motivo Torre de Belém - cor castanha)
Outra decoração também interessante, de prato anunciado no OLX, é o que se apresente de imediato e que se reporta, cremos ao Motivo Leques, também fabricado pela Fábrica de Alcântara.

(Foto do OLX - Motivo Leques (?))

Presume-se que o presente prato seja fabrico do início do século XX, pós 1912.




FONTES:








8) – “Fábrica de Massarelos - Porto, 1763 – 1936”, Coordenação de Mónica Baldaque, Teresa Pereira Viana e Margarida Rebelo Correia, edição do Museu Nacional Soares dos Reis, 1998.

9) – “A Fábrica de Louça de Massarelos – Contributos para a caracterização de uma unidade fabril pioneira”. Volume 1, dissertação de Mestrado em Estudos do Património, de Armando Octaviano Palma de Araújo, Universidade Aberta, Lisboa, 2012.

10) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.


11) – “Cerâmica Portuense – Evolução Empresarial e Estruturas Edificadas”, Teresa Soeiro, Jorge Fernandes Lacerda, Silvestre Lacerda, Joaquim Oliveira, Edição Portugália, Nova série, volume XVI, 1995.

12) – www.jmarques.pt;

domingo, 4 de outubro de 2015

TIJELA EM FAIANÇA COM MOTIVO “ROSELLE” DE MASSARELOS

Um dos motivos de decoração em faiança que me fascina é o motivo “ROSELLE”, razão pela qual não decorei a oportunidade de adquirir uma interessante caneca com soberba decoração, fabricada na Fábrica de Louça de Massarelos.



A estampagem sob o vidrado é verde, possuindo duas, diametralmente opostas na calote exterior desta tijela almoçadeira.



 Por outro lado também possui uma interessante decoração no rebordo interior, com uma grinalda de cornucópias, com motivos florais.



A decoração exterior é interessantíssima e repleta de motivos e contextos: à esquerda um soberbo bosque com árvores altaneiras vislumbrando-se mais ao longo, entre elas e o horizonte algumas edificações, que nos parecem habitacionais, mas com elevadas chaminés.



Ao centro um espelho de água, qual lago ou rio, com dois pequenos barcos, quase à margem, barcos estes que aparentam ter carga e pessoas dentro dos mesmos e a água perde-se no horizonte, encimado por um conjunto de nuvens.




E à direita lá surge o chalé, com telhados de elevada inclinação e fenestração saliente, qual bowed window, com trapeiras e pequenas janelas na empena do sótão e pináculos decorativos nas fileiras da cobertura e chaminé com interessante capelo cilíndrico e em cúpula, integrado em exuberante vegetação e arvoredo – cá está o motivo “Roselle”



Na base da tijela o impecável carimbo da Fábrica de Louça de Massarelos, monocromático, estampada a verde com a coroa real, as duas palmas laterais entrelaçados e sob o carimbo a identificação do motivo “Roselle”, para esclarecer, caso houvesse dúvidas.



Na calote exterior do carimbo constam as palavras “MASSARELOS” e “PORTO” e no interior do circulo central o anagrama do período de fabrico “ECP“, correspondente à época da sua posse por João Regis de Lima com uma sociedade, composta na sua maioria por ingleses, que se chamava Empresa Cerâmica Portuense, Ldª., no período que medeia entre 1904 e 1912 (cremos estar perfeitamente correto este período temporal)



A pasta possui ainda uma gravação, em baixo revelo, alfanumérica “G” - ?, não conseguimos conjeturar a mesma.



Em suma uma tijela, já “idosa” com uma idade, no mínimo de 103 anos e no máximo de 111 anos!


FONTES:

1) – “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

2) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

3) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

4) – “Cerâmica Artística Portuense dos Séculos XVIII e XIX”, Vasco Valente, Livraria Fernando Machado – Porto,

5) – “Cerâmica Portuense – Evolução Empresarial e Estruturas Edificadas”, Teresa Soeiro, Jorge Fernandes Lacerda, Silvestre Lacerda, Joaquim Oliveira, Edição Portugália, Nova série, volume XVI, 1995.

6) - https:// velhariastralhasetraquitanas.blogspot.pt/2015/04/travessa-em-faiança-azul-e-branca-motivo-“roselle”-fabrico-do-norte-?-imitação-de-miragaia-?.html;

7) - http://velhariastralhasetraquitanas.blogspot.pt/2015/03/travessa-em-faianca-motivo-casario-de.html;

8) - http://velhariasdoluis.blogspot.pt/2011/02/o-grand-tour-ou-caneca-inglesa-da-john.html;

9) - http://velhariasdoluis.blogspot.pt/2009/11/faianca-de-vilar-de-mouros.html;

10) - http://fabricadealcantara.blogspot.pt/search/label/Motivo%20Roselle;

11) – “Fábrica de Massarelos - Porto, 1763 – 1936”, Coordenação de Mónica Baldaque, Teresa Pereira Viana e Margarida Rebelo Correia, edição do Museu Nacional Soares dos Reis, 1998.

12) http://mercadoantigo.weebly.com/uploads/1/1/8/4/11849532/1400431998.png;

13) - http://www.olx.pt/nf/coleccoes-antiguidades-cat-214/roselle;

14) – “A Fábrica de Louça de Massarelos – Contributos para a caracterização de uma unidade fabril pioneira”. Volume 1, dissertação de Mestrado em Estudos do Património, de Armando Octaviano Palma de Araújo, Universidade Aberta, Lisboa, 2012.