PRATO FUNDO EM
FAIANÇA, DE COIMBRA (?)
Hoje apresentamos mais um prato fundo,
sopeiro ou covo, em Faiança com decoração policrómica, com recurso à chapa ou
stencil.
FIG.01 - PRATO EM FAIANÇA POLICROMÁTICO |
Trata-se de uma peça interessante, com
uma decoração pouco comum: na aba uma decoração tipo grinalda, aplicada a
stencil, na cor verde, com apresentações tipo pétalas, a vermelho; num fundo ou
covo, uma decoração monocromática a cinzento-preto, dito manganés, igualmente
executada com recurso a stencil (chapa recordada) e a esponjado, com uma
temática recorrente.
FIG. 02 - PORMENOR DA DECORAÇÃO DO COVO |
Um casario, com edificações de alturas diferentes,
algumas, tipo torres, encimadas por cúpulas, à beira de um rio, no qual se
vislumbram duas embarcações à vela e na zona anterior uma exuberante paisagem,
com duas árvores de elevado portes, para além de vários arbustos.
FIG. 03 - PORMENOR DO CASARIO DA DECORAÇÃO |
À primeira vista a decoração leva-nos
logo para o motivo estátua ou o vulgar “Cavalinho”, tão vulgarizado no nosso
país, parecendo ser um trecho dessa decoração, pese embora cremos que se trata
de uma decoração resultante de uma interpretação livre desse motivo efectuado pelo artista que decorou e pintou este prato.
FIG. 04 - PORMENOR DA DECORAÇÃO POLICROMÁTICA DA ABA |
A cor base do vidrado, ocre, do prato ajuda,
a sobressair as decorações e suas cores, configurando assim um vistoso prato.
A nível do tardoz possui um único frete,
no limite do fundo com o convexo do covo, identificando-se uma massa amarelado,
com um vidrado na cor de grão, irregular, poroso e profundamente repleto de orifícios.
FIG. 05 - O TARDOZ DO PRATO |
Pelo motivo da decoração, pelos métodos
de pintura aplicados (Stencil, esponjado e eventualmente pincel), pelas cores
aplicadas, pelo formato do preto, pelo frete do tardoz, pela cor do vidrado e
pela irregularidade e porosidade deste crê-se ser uma peça fabricada, provavelmente,
no início do século XX, por uma das imensas fábricas do centro do País,
inclinando-nos para uma das existentes na zona de Coimbra.
Se não tivesse a decoração que tem na aba
e a sua policromia, poderíamos eventualmente considerar como um fabrico dos inícios
da fabricação em Alcobaça.
Se o vidrado fosse de outro tipo (branco
leitoso) e o motivo e decoração do covo fosse outro talvez nos inclinássemos para
fabrico de Aveiro.
Mas estas indicações são suposições, não
são certezas – é este enigma que nos motiva a efectuar mais pesquisa e uma procura
continua no intuito de obter informações, através de comparações da origem das
peças, já que as mesmas não têm qualquer informação do seu fabrico e vários fabricos,
até de centos de produção diferentes se copiavam ou imitavam.
A peça fica apresentada, as dúvidas
mantêm-se, mas a sua visualização continua…
FONTES:
1)
– “ Cem anos de Louça em Alcobaça”, de Jorge Pereira de Sampaio e Luís Peres
Pereira, 2008;
2)
– “Faiança de Alcobaça, de 1875 a 1950” – S. l. Jorge M. Rodrigues Ferreira, de
Jorge Pereira de Sampaio, Estar Editora, Coleção Fundamental, 1997 ;
3)
- “Cerâmica em Alcobaça – 1875 até ao presente: CeRamiCa PLUS” – Galeria de
Exposições Temporárias – Mosteiro de Alcobaça; 6 de Abril a 4 de Maio 2011;
Município de Alcobaça, 2011.
4)
– “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores
ACD, 2008.
5)
– “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização,
Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da
Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.
6)
– “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria
Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.
7)
– “A Loiça de Alcobaça”, de João da Bernarda, Edições ASA, 1ª Edição, Porto -
Outubro de 2001.
8)
– “A Faiança de Raul da Bernarda & F.os, Lda. – Fundada em 1875 –
ALCOBAÇA”, de Jorge Pereira de Sampaio, Edição Particular da Fábrica Raul da
Bernarda & F.os, Lda., Alcobaça, Outubro, 2000.