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quinta-feira, 5 de março de 2015

A Faiança Portuguesa – Conservação, Estudo e Divulgação.


Há algum tempo atrás numa das feiras de velharias realizadas na Marginal, entre Lisboa e Cascais, passava algum tempo conversando com pessoa amiga e conhecedor destas “andanças” das faianças, trocando opiniões quanto à sua conservação, estudo e divulgação.

Esse meu amigo, dizia que “não valia a pena perder tempo” com faianças de menor importância, de fabricação reduzida ou mesmo de “imitação”; estamos a falar de reproduções livres em faianças decorativas baseadas em peças de reconhecido valor de séculos anteriores.

Reforçava que fabricos reduzidos, com simples implantação a nível regional, não tinham interesse, e que em contrapartida nós, os apreciadores e coleccionadores, nos deveríamos debruçar e despender o nosso tempo, conhecimento e dedicação às faianças mais importantes e aos fabricos nacionais mais reconhecidos.

A minha visão é diferente, mais ampla e abrangente, pois para se ter uma visão adequada do património das artes decorativas, e especificamente, das faianças, há que conhecer, dentro do possível, os fabricos e produções havidas em Portugal, não descorando os do século XIX e XX, inventaria-los e divulga-los, de modo a não ser perderem, irremediavelmente.

Considero que um coleccionador pode obviamente optar por uma fábrica, um fabrico, um motivo, um tema, etc. e não terá que ser abrangente, mas se possível for, o contribuir para a divulgação do património produzido a nível de faianças, especialmente no século passado é “um dever”.

Só o registo e divulgação poderão manter vivo alguns fabricos, pois caso contrário, de forma efémera, as frágeis peças produzidas serão consumidas pelo uso, pelo tempo, em suma, pela evolução da sociedade.

Considero que uma atitude abrangente, para além de se possuir e divulgar peças de referencia de fabricos de qualidade e de valor indiscutíveis, que qualquer coleccionador gostaria de ter; também as peças modestas, de menor valor ou importância, sem qualquer estatuto ou consagradas deverão ser conservadas, coleccionadas, conhecidas, inventarias e divulgadas, de modo que a sua produção e existência fiquem registadas para a posteridade.

É imprescindível, com a devida atenção e sem pretensiosismos dar valor às faianças não consagradas, de menor valor ou divulgação; dar a conhecer as mesmas a todos, pois são, sempre, peças com valor, produzidas com afecto, em condições e em situações específicas e que no conjunto transmitem o valor humano temporal.

A força do seu fabrico, os afectos e as imagens que transmitem, as visões que nos criam, os sentimentos que desenvolvemos por elas devem dar-nos a força necessária, para as conhecer, conservar, coleccionar, inventariar e divulga-las, de modo que a sua existência seja projectada para a eternidade.   

Mesmo que possam ser peças que transmitam um fabrico inábil, menos profissional, eventualmente com motivos decorativos ou figurados menos adequados, ou mesmo de inferior qualidade técnica, há que compreendê-las, contextualiza-las e mantê-las vivas.

Geralmente as peças em faiança de uso utilitário comum, doméstico, possuem menor exigência a nível do seu fabrico, com menor qualidade, e consequentemente mais efémeras, mas são tão ou mais importantes que as de qualidade superior, pois trazem consigo ou evidenciam realidades precárias ocorridas, vivências e modos de estar muito diferentes dos actuais, por tudo isto é de superior valor e importância o saber conservá-las, estudá-las e dar a conhecer as mesmas, de forma sensata e com rigor.

Consideramos de elevada importância a conservação, o estudo e a divulgação de peças em faiança representativas das várias épocas, em especial do século XX, dos estilos decorativos, dos centros de produção, das fábricas, dos autores e oleiros ou decoradores, pois no seu conjunto constituem um lugar de encontro da história da Faiança em Portugal e consequentemente um pouco da história de Portugal.


Assim pensamos e assim tentamos proceder!

Conservando, estudando e divulgando a Faiança “menor” do Século XX.


Nota:
As imagens de Faiança que se exibem nesta postagem foram retiradas de vários sítios de venda e de leilões, de modo a ilustrar um pouco o que se disse.