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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

TAÇA LOBADA - LOUÇA DE ALCOBAÇA - FABRICO PAR


Vão surgindo, por vezes, peças em faiança, da dita Louça de Alcobaça, que são deslumbrantes; quer no formato, com moldagens interessantíssimas; quer na decoração e na sua composição policromática, sobre um fundo azul – uma das principais características identificadoras deste tipo de faiança decorativa.


(Fig. 1 - A beleza da Peça)

Apresentamos hoje uma interessante peça decorativa que designamos de Taça, com uma aba desenvolvida em lóbulos, recortados e ondulantes: um para cima e outro para baixo.


(Fig. 2 - A decoração no covo da peça)

A decoração sobre o fundo em azul claro é exuberante e vistosa: no covo da taça, uma decoração vegetalista, monocromática, em azul-escuro, com uma rosácea; nos lóbulos da aba uma decoração policromática, de fino recorte, com alternância de motivos.


(Fig. 3 - O requinte do recorte da Aba)

Lóbulo sim, lóbulo não uma decoração vegetalista monocromática em azul-escuro, central, possuindo junto ao covo, uma pequena decoração vegetalista, em tons de verde alface e roxo (lilás), e junto à bordadura da aba uma decoração semelhante, com predominância de decoração na cor lilás, em três rosáceas e uns remates em amarelo-torrado, como prolongamento da decoração dos lóbulos adjacentes.


(Fig. 4 - A ondulação da Aba)

Os outros lóbulos, da aba, na zona central possuem uma decoração vegetalista, floral, nos tons de verde alface e lilás; junto ao covo, uma reserva em amarelo-torrado, preenchida com um ornato em quadrícula, na cor lilás e no limite da bordadura com outra reserva delimitada a filete grosso irregular, preenchido igualmente com ornato em quadrícula em lilás.

Toda a bordadura da aba possui um filete grosso, irregular, em tons de azul-escuro.


(Fig. 5 - O tardoz da peça, com o seu frete e a marca)

O tardoz da peça, na cor azul claro, dentro do círculo do frete possui a identificação da fábrica onde foi produzida: “P.A.R.”, “ALCOBAÇA”, “MADE IN PORTUGAL”, “43” e “B.”.

Isto é, fabrico P.A.R., a peça com o formato ou modelo n.º 43 e decorada pelo pintor B. da fábrica P.A.R.


(Fig. 6 - A marca manual da peça, o seu nº 43 e a letra "B") 

Muito pouco se sabe acerca desta fábrica e deste fabrico P.A.R., mais um entre muitos que existiram entre as décadas de 40 do século passado e o alvorecer deste século, no concelho de Alcobaça, ou em concelhos limítrofes em que existiam fábrica da dita Louça de Alcobaça.

(Fig. 7 - A nossa peça, para recordar)

Após intensa pesquisa, o pouco de informação que conseguimos obter acerca desta fábrica e fabrico foi o seguinte:

P.A.R. – marca do fabrico da Fábrica de Pombo e Almeida Ribeiro, fábrica fundada em meados da década de 40 do século passado, em Mendalvo - Alcobaça, por José dos Santos Pombo e José de Almeida Ribeiro, operários da Fábrica da Raul da Bernarda, de onde saíram para fundar a sua fábrica.

FONTES:


domingo, 31 de maio de 2015

Faianças P.L. – Pereira e Lopes, Lda. – Valado de Frades – Louça de Alcobaça



A fábrica de Faianças Artísticas e Decorativas, Pereira e Lopes, Lda., que fabricou louça regional de Alcobaça, foi fundada em 1944, por três sócios: Álvaro Marques Pereira, José Pereira (genro de Álvaro Pereira) e Eduardo José da Silva Lopes e implantou-se na localidade de Valado de Frades.


(Publicidade à Fábrica no inicio da década de 50 - Fonte 1)
                                             
A louça decorativa que começou a fabricar possuía uma decoração da dita louça regional de Alcobaça, com fortes influências de duas fábricas do concelho vizinho de Alcobaça, a Fábrica de Raul da Bernarda e a OAL – Olaria de Alcobaça, principalmente na primeira década de produção.

(Da Fonte 1)
(Identificação na peça - da Fonte 1)

(Da Fonte 1)
(Identificação na Peça - Da Fonte 1)

(Da Fonte 1)
(Identificação na Peça - Da Fonte 1)

(Da Fonte 1)
(Identificação da Peça - da Fonte 1)

(Da Fonte 1)
(identificação da Peça - Da Fonte 1)

(Da Fonte 1)
(Identificação da Peça - Da Fonte 1)

(Da Fonte 1)
(Identificação na Peça - Da Fonte 1)

(Da Fonte 1)
(Identificação da Peça - Da Fonte 1)

O fundo em azul claro das peças, conjugado com a gramática decorativa característica da louça regional de Alcobaça, à base de arranjos florais policromáticos de cores fortes eram as suas principais características.

(Da Fonte 1)
(Da Fonte 1)

Era seu principal mentor, o sócio, Eduardo Lopes, pois tinha estudado na Escola Industrial, das Caldas da Rainha, cremos; vinha da fábrica Olaria de Alcobaça, onde tinha adquirido experiência e conhecimentos bastantes, pelo durante a sua permanência na fábrica, era ele que dirigia a produção, para além de ser também modelador de peças e pintor.

(Eduardo da Silva Lopes - Fonte 1)

Posteriormente, cremos no início da década de 50, do século passado, com a saída do sócio Eduardo Lopes, passou a chamar-se Pereiras, Lda., tendo vindo mais tarde, em 1969, a ser integrada na Fábrica Elias e Paiva, Lda., conhecida comercialmente como ELPA.

(Peça do inicio da laboração - meados anos 40 - Da Fonte 2)

A melhor decoração desta fábrica foi efectuada nas décadas de 40 e 50 do século passado, quando mão-de-obra era mais barata e se corria a jovens aprendizes, pelo que o tempo despendido com a decoração de cada peça era muito maior e logo a mesma era mais elaborada e intensa.

(Da Fonte 3)
(Identificação na Peça - Da Fonte 3)

Refira-se que na década de 60, já com a fábrica Pereiras, Lda., a decoração efectuada era muito semelhante.

(Da Fonte 2)

O fundo das peças em azul mais claro e as decorações em azul forte, para além das demais cores, amarelos-torrados, vermelhos escuros, verdes secos, denunciavam a cozedura das peças em fornos de lenha.

(Do OLX)
(Identificação na Peça - Do OLX)

(Do OLX)
(Identificação na Peça - Do OLX)

(Do OLX)
(Identificação na Peça - Do OLX)

(Do OLX)
(Identificação da Peça - Do OLX)


Na generalidade todas as peças tinham no seu fundo ou tardoz, a identificação da fábrica, inicialmente, “P.L. Lda.”, e depois “P.L.”, com uma imagem assemelhando-se a um pinheiro entre as iniciais; com a indicação do local da fábrica “VALADO”, tipo de louça ou proximidade geográfica “ALCOBAÇA”, bem assim como “MADE IN PORTUGAL”, as iniciais do pintor e o número da peça.

Os pintores foram vários e consequentemente as iniciais são diversas nas peças que se encontram:

- A.M.R. – Américo Ribeiro;
- A.J. – Alberto Toti (?);
- N.L. – Aníbal Lopes (?);
- J.T. – Jaime Torres;
- S. – António Elias da Silva (?);
- A.A. – (?);

Os pintores na fase inicial desta fábrica eram os seguintes:

- António Elias da Silva;
- Américo Ribeiro (vindo da fábrica de Sant’ Anna, de Lisboa);
- Jaime Torres (vindo da fábrica de Sant’ Anna, de Lisboa);

O forneiro era o João Elias e o modelador o já citado sócio Eduardo Lopes.

No entanto, refira-se que muitas peças não eram assinadas pelos seus pintores, provavelmente, quando efectuadas pelos jovens aprendizes.

A numeração das peças iniciou-se pelo n.º 1 e prolongou-se até cerca das 9 centenas, já no período dos Pereiras, Lda., havendo muitas peças com numeração nas 8 centenas.


(Da Fonte 1)

(Identificação na peça - Da Fonte 1)

Também deveras interessante é outro tipo de decoração, desta fábrica, de forma inequívoca apresentada na fonte 3) citada, cujas imagens da mesma são as seguintes:

(Jarra -Da Fonte 3)
(Identificação na Peça - Da Fonte 3)

Sendo referido na mesma que “Esta decoração, com representações arquitectónicas organizadas em função da forma da peça, evoca claramente a decoração das bases de candeeiro, particularmente o modelo P955, que Ferreira da Silva (n. 1928) desenvolveu para a Secla durante a década de 1950.

O formato da jarra, contudo, assume-se como uma versão simplificada, visto que as peças de Ferreira da Silva surgem perfuradas e apresentam excrescências escultóricas.”

A peça que apresentamos é um jarro, com uma interessante e soberba decoração, característica do 1º período de fabrico da fábrica de Pereira e Lopes, Lda., provavelmente do final da década de 40 ou inicio da de 50, do século passado.





Sobre o fundo em vidrado azul mais claro, a intensa, harmoniosa e policromia decoração de toda a peça com vários filetes em azul forte, para fazer realçar a forma da peça, bem como para delimitar as bordaduras do pé da asa e da boca do jarro.



Possui na base a respectiva identificação: “P.L.”, “VALADO ALCOBAÇA”, “MADE IN PORTUGAL”, “HAND PAINTED” e o número da peça “450”.


Mais uma peça preservada e publicada para memorizar uma das muitas fábricas de faianças extintas em Portugal.


Fontes:






6) – “Cem anos da louça de Alcobaça”, de Jorge Pereira de Sampaio, Edição do Autor, 2008;

7) – “Faiança de Alcobaça, 1875 – 1950”, de Jorge Pereira de Sampaio, Editora Estar;