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domingo, 7 de dezembro de 2014

TRAVESSA EM FAIANÇA AZUL E BRANCA DO SÉCULO XIX. ORIGEM? FABRICO?

Hoje premeio a todos com uma curiosa travessa em faiança, azul e branca, muito provavelmente da segunda metade do século XIX, cujo fabrico desconhecemos, mas com uma interessante decoração.


Não arriscamos a indicar qualquer fabrico, pese embora nos inclinemos para fabrico do Norte, da zona do Porto ou de Gaia; trata-se de um tipo de faiança, que facilmente muitos designam como “Miragaia” – nós não nos atrevemos a tal.


É uma travessa grande, arredondada, ao gosto da época (do século XIX), com uma interessantíssima decoração, cremos entre os motivos “Cantão Popular” e “País” ou “País de Miragaia”, como na gíria das feiras de velharias se designam.


Uma coisa é certa, trata-se de uma variante a estes dois motivos ou uma composição de ambos, que nunca vimos algo semelhante.


Em que localidade, em que fábrica e em que época teria sido fabricada?

Realmente, sabemos tão pouco sobre faianças.

Não nos atrevemos, levianamente, a dizer que é de Miragaia ou de Santo António do Vale da Piedade, ou de… ou de…, pois não temos justificações para tal.


Tanto que gostávamos de desvendar o segredo da mesma e saber tudo sobre ela: origem, fabrico, época de produção,…


A decoração do covo é intensa e interessante, com cinco conjunto edificados, alguns ao gosto oriental, mas outros com arranjo arquitectónico mais ao tipo País, pese embora num deles (o inferior da direita) não falte a tradicional ponte.


Todos os conjuntos são enquadrados em vegetação soberba e variada, sendo a afirmação central uma enorme árvore, pendida para a direita- os habituais conjunto de traços horizontais a darem o sentido de espaço e profundidade de enquadramento não faltam, tal como os que dão o sentido do céu e nuvens.


A limitar esta decoração do covo há um conjunto de dois filetes azuis, sensivelmente de igual espessura.


No limite da aba há um largo filete azul e na transição da aba apara o covo, igualmente dois filetes azuis, um mais largo que outro.


A decoração da aba é interessantíssima e pouco vulgar, constituída por uma alternância de reservas, com representações que não conseguimos caracterizar e que se assemelham a aletas, e de alveolados, com losangos, constituindo o motivo da aba.


Como se pode ver, trata-se de um peça totalmente partida, mal restaurada, com 29 “gatos” (agrafos) no tardoz, para ajudar a consolidar o mau restauro; mas tem uma longa história, de mais de um século, em que ia tendo um final infeliz, mas que o “amor”, “carinho” e “dedicação” da filha da sua proprietária, entretanto já falecida, contribuiu para a “manter viva”, vindo agora parar à nossa mão.


Gostamos muito dela, pretendemos projectá-la para o futuro, para conhecimento de todos, pese embora nada saibamos da sua origem, do seu fabrico da sua época de produção….


Quão interessante e deslumbrante é o mundo das faianças…

Comentário a 25.03.2015:

Não podíamos ter terminado melhor a nossa postagem, pois volvidos cerca de três vezes, que através de uma interessante postagem de “artelivrosevelharias”, a Maria Andrade desvendou o motivo da nossa travessa.

A mesma apresenta uma decoração livre e ao gosto do seu executante, mas fiel, do motivo inglês “KIRKEE”, na qual todos os elementos simbólicos do motivo decorativo estão presentes: “aquela baía do motivo central, com as formas vegetalistas  à beira da água, o edifício oriental mas com uma cruz no topo, o chorão, a vedação”, como diz Maria A.

E ainda “neste caso até a cercadura procura reproduzir a barra, tipicamente chinesa, que delimita o covo do prato inglês, repetida em menor escala no recorte da respetiva aba, não faltando as reservas com os motivos florais nesta versão portuguesa.”

Em suma, mais uma peça de faiança azul e branca que tem como ponto de partida uma faiança inglesa, neste caso da fábrica de John Meir & Son, estabelecida em Tunstall, Staffordshire e cujo período de laboração decorreu entre 1812 e 1836.

Não resistimos a reproduzir algumas  imagens das peças apresentadas na postagem de Maria A, para  evidenciar a analogia das peças:

A peça "original" de John Meir & Son

A marca da peça apresentada

A travessa apresentada em http://artelivrosevelharias.blogspot.pt/
Fontes:

1) - http://artelivrosevelharias.blogspot.pt/;