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domingo, 10 de maio de 2015

OUTRO PRATO DE ALCÂNTARA, IMACULADO, MOTIVO PÁSSAROS (?) PARDAIS ?


A paixão ou obsessão pela Louça de Alcântara leva-nos a apresentar outra peça dessa deslumbrante Fábrica, de que tão pouco se sabe – um prato covo, perfeitíssimo, imaculado, com o motivo “Pássaros”? “Pardais” ?, não sabemos.
Prato em faiança fina, tal como o próprio carimbo no tardoz do mesmo a indica, de muito boa qualidade de execução, com uma interessante decoração monocromática a, negro, com motivos vegetalistas, de duas espécies, pássaros, borboleta e insecto.
É uma decoração estampada, fora dos habituais padrões, não demonstrando qualquer influência inglesa, antes pelo contrário, uma decoração inovadora, à época, influenciada pelas novas linhas temáticas da arte.
A decoração é contínua de aba a aba, atravessando todo o covo do prato, com uma organização perfeita na área disponível do mesmo e criando um enquadramento harmonioso da cena ambientalista apresentada.
Constitui, provavelmente, uma das primeiras manifestações na cerâmica, em Portugal, da denominada “Arte Nova”, em que os conceitos e ideias naturalistas eram postos em prática, neste caso específico, a nível da decoração.
Mais tarde, já no início do século XIX, este estilo estético, foi ao seu expoente máxima, a nível da cerâmica nacional, ultrapassando a decoração e influenciando a forma e assim surgiram muitas peças, nas Caldas da Rainha, em forma de vegetais. Peças cerâmicas em forma de couves, alfaces, abóboras; de peixes e de outros animais – quem não conhece a “Louça das Caldas” ?
Não há dúvida que se trata de uma decoração vegetalista na linha de outros motivos, desta fábrica, tais como: motivo PAISAGEM, motivo FRAGATA, motivo VARINA?, motivo LEQUE?, motivo ESTIO?, motivo CACTOS, motivo PAPOILAS?, motivo PHANTASIA, motivo ESPIGAS?, motivo CAMPAINHAS, motivo LEQUES, ou motivo SILVAS, em que se pode considerar que há um elo condutor, a decoração com motivos vegetalistas, fora dos habituais padrões de estampagem com influência anglo-saxónica e em que a decoração se desenvolvia sem os preconceitos de aba e covo, mas sim sobre toda a superfície do prato.
Possui no tardoz do prato marca monocromática a, negro, com a indicação de “L & C” – (Lopes & C.ª), “FAIANÇA FINA”, “FABRICA D’ALCANTARA”, , pelo que o seu provável período de fabricação, segundo a fonte 1), se terá iniciado no ano de 1886, quando a fábrica passou para a propriedade e gestão de Lopes & C.ª. Não possui qualquer referencia ou identificação do estilo da decoração.
Segundo palestra dada pelo Sr. Jaime Regalado em 23 de Janeiro do corrente ano, no Museu de Cerâmica de Sacavém, a designação de “FAIANÇA FINA”, em substituição de “LOUÇA À INGLEZA”, começou a ser aplicada provavelmente a partir de 1890.
Trata-se pois de uma peça, muito provavelmente com cerca, ou mais, de 125 anos, em perfeito estado de conservação, sem qualquer cabelo, nem qualquer outra falha – uma peça de faiança da Fábrica de Louça de Alcântara imaculada!
Em suma podemos considerar uma peça rara!

Fontes:
1)“Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;


4) - “Cerâmica Portuguesa – Marcas da Cerâmica Portuguesa”, de José Queirós, 2ª Edição, II Volume, (1ª reedição em fac-simile), José Ribeiro – Editor e Livraria Estante Editora, Aveiro – 1987;