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domingo, 24 de janeiro de 2016

Encantadora terrina sopeira em Faiança, Século XIX

(A Sopeira vista de cima)

Há peças de faiança, que são encantadoras, pese embora a sobriedade da sua decoração, a rugosidade da sua execução ou a imperfeição do seu vidrado!

(Pormenor da decoração estampilhada)

Tudo a propósito de uma pequena sopeira (terrina redonda) – peça rodada, com decoração monocromática, azul, efectuada manualmente e com aplicação de chapa (stencil) – elementos vegetalistas decorativos do bojo da mesma e na aba da tampa.

(Pormenor da decoração do bojo)

Na tampa filete de bordadura largo, secundado por mais estreito e depois um largo, em tom amarelo, sobre o qual foi aplicada a decoração vegetalista, em tons de azul. Finalmente outro filete, mais pequeno, no colo para a pega da tampa, central, elevada, circular e decorada simplesmente com um filete azul de bordadura.

(Pormenor das asas)

A partir da boca da sopeira e em direcção ao bojo, dois filetes largos, monocromáticos, na cor azul, logo a seguir, um outro, largo, amarelo, e sobre o mesmo aplicada a decoração vegetalista a stencil (chapa), seguem-se mais três filetes, dois azuis e entre os mesmos, um outro, largo, na cor amarelo.

(Vista de perfil - pormenor das asas)

Finalmente junto à base, mais dois filetes, no mesmo tom, de azul.

Duas pequenas asas, laterais colocadas junto à boca da sopeira, mais propriamente, junto ao rebaixo do rebordo para assentamento da tampa – um simples “cordel, liso, colado”, com uma pincelada de azul.

Trata-se de uma atraente peça, com rugosidade de fabrico, de uma pasta amarelada, cor de grão, com decoração imperfeita, com falhas de pintura, dedadas, esborratadelas, e com elevadas falhas de vidrado – “pontos negros”, o picado.

O frete da base é espesso e robusto – talvez o segredo destas peças durarem tanto tempo.
(Vista do interior da sopeira)

O craquelê é intenso e notório no interior e no exterior da peça, demonstrando a significativa diferença entre o coeficiente de dilatação do vidrado e da chacota.

(Pormenor do craquelê interior da sopeira)

Peça fabricada provavelmente na segunda metade do século XIX, certamente após 1854, dada a aplicação de decoração com chapa recortada, para efectuar os motivos vegetalistas da tampa e do bojo da sopeira (decoração estampilhada).

Fabrico?  

Inclinamos-nos para ser fabrico do Norte em detrimento de Coimbra.

(Pormenor da forma e decoração da tampa da sopeira)

As peças que com alguma segurança se atribuem como fabrico de Coimbra, possuem uma pasta mais espessa, são mais robustas e mais pesadas e possuem uma decoração policromática, com recurso às cores, azul, verde ervilha, cor-de-rosa, amarelos acastanhados, ou mesmo cor de laranja.

Por outro lado, as asas do fabrico de Coimbra são mais elaboradas da que as do Norte, que são mais simples.

(Fabrico do Norte (?))

No que se refere às pegas da tampa, as do Norte, são geralmente circulares, as de Coimbra são mais “pegas” ou “laços”, efectuadas com os mesmos “cordões” das asas.

Em suma, a geometria e configuração volumétrica desta sopeira é mais característica do Norte do que de Coimbra; a sua decoração, também, será ?

(Decoração do Norte (?))

Aqui fica certeza da sopeira em faiança repleta de incertezas, quanto à proveniência do seu fabrico e período de fabrico.



FONTES:

1) - “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

2) – “Cerâmica Portuense – Evolução Empresarial e Estruturas Edificadas”, Teresa Soeiro, Jorge Fernandes Lacerda, Silvestre Lacerda, Joaquim Oliveira, Edição Portugália, Nova série, volume XVI, 1995.