domingo, 7 de dezembro de 2014

PRATO ESTAMPILHADO COM UM CAMPINO, FABRICO SÃO ROQUE – AVEIRO

Prato raso moldado, de formato circular, de aba relevada, com decoração monocromática sobre o vidrado, com uma cercadura na cor amarelo-torrado, aplicada a aerógrafo, junto do bordo, com fundo branco, e sobre o mesmo um motivo central, regionalista, de um campino.


É a imagem característica do campino ribatejano, sobre o cavalo, com a vara em riste e o barrete na cabeça.


Trata-se de uma decoração estampilhada (aplicada a estampilha – stencil ou chapa) sobre o vidrado, igualmente monocromática, na cor amarelo-torrado.



O prato assemelha-se ao formato “Espiga”, da Fábrica de Louça de Sacavém, com relevos na aba, até ao covo, com espigas ao longo da bordadura da aba.

Tal modelo de pratos foi efectuado para a Exposição do Mundo Português, tinham uma enorme variedade de modelos, começando pelo n.º 1202 e continuando por muitos mais.

Mas o prato que apresentamos não é fabrico da Fábrica de Louça de Sacavém, pese embora a mesma também tivesse realizado muitas peças com o recurso à estampilhagem e ao aerógrafo.

É fabrico das Faianças S. Roque, em Aveiro, que foi criada em 1955 pelo ceramista João “Lavado” (João Marques de Oliveira) (1905-?), então sócio da Fábrica de Louças e Azulejos de S. Roque, vulgarmente conhecido por Fábrica de S. Roque, esta fundada nos finais da década dos 20, por Manuel da Silva e Justino Pereira Campos, localizada no canal de São Roque.


A fábrica, Faianças S. Roque, apresentou as suas últimas contas a 27 de Dezembro de 2001, tendo o seu encerramento e dissolução sido registado em Outubro de 2002 e publicado em Diário da República, no mês de Dezembro do mesmo ano.

Esta fábrica, Faianças S. Roque, dedicou-se exclusivamente à produção de louças decorativas e utilitárias, tendo produzido bastante louça decorada com escorridos. Existem várias peças marcadas que exibem combinações de cores: castanho, amarelo, verde e preto nesses escorridos.


Todas as peças estão marcadas com carimbo circular, dentro dele algo que se assemelha a um “8”, como alguns dizem, mas mais não é de que a cabaça alusiva a São Roque. Razão pela qual também existem alguns carimbos também com um bastão.




Expliquemos, iconograficamente, São Roque é geralmente representado com vestimenta de peregrino, com a vieira típica dos peregrinos de Santiago de Compostela, com um longo bordão do qual pende uma cabaça.


Em suma um prato interessante, como cópia de um modelo de outro fabrico (FLS), muito conhecido á época e muito ao gosto do povo, em especial do Alentejo e Ribatejo, e daí o aproveitamento da imagem estampilhada no prato, para cativar a seu aquisição e consequente uso.  



FONTES:






6) -Porta aberta às memórias” – 2ª edição, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2009;

7) - “Porta aberta às memórias” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2008;


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