domingo, 28 de dezembro de 2014

TIGELA RARA, DE MOTIVO DESCONHECIDO, DA FÁBRICA DE LOIÇA DE SACAVÉM

TIGELA RARA, COM COMPOSIÇÕES EVOCATIVAS AO NORTE, DE MOTIVO DESCONHECIDO, DA FÁBRICA DE LOIÇA DE SACAVÉM


Tigela em Faiança, da Fábrica de Loiça de Sacavém, com o formato “FRANCÊS”, com a marca estampada, na cor verde, de Gilman & Cta., SACAVÉM, PORTUGAL, correspondente ao período de fabrico de 1902-1970, mais especificamente ao sub-período 1921-1970.


Trata-se de uma peça moldada, em forma de calote, assente numa base circular, mais pequena, arredondada e com canelura.


Possui decoração monocroma, na cor verde, sobre fundo branco, por técnica de estamparia, com duas composições diferentes, dispostas simetricamente no bojo exterior.


O motivo decorativo de uma das composições com uma cena campestre e de ruralidade leva-nos a pensar no motivo “LAVOURA”, mas comparando com peças identificadas com este motivo, facilmente concluímos que não é.

Por outro lado, e comparando com outras peças com cenas de “TRABALHO AGRÍCOLA”, de um serviço particular, encomendado à FLS por Estêvão António D’ Oliveira, por volta de 1878-1880, também facilmente concluímos que não se trata do mesmo motivo.

Estamos pois perante um motivo ainda não catalogado!

Este motivo apresenta um carro de bois, com seis varais e com uma carga de feno ou milho, provavelmente, puxado por uma junta de vacas (vêem-se as tetas) eventualmente barrosãs (pela exibição dos cornos) com o agricultor, de vara e barrete, em frente às mesmas, mas não se conseguindo descortinar o jugo que alinhava os dois animais pelas cabeças.




Em função do tipo dos meãos das rodas, pode-se considerar que se trata de um carro de bois do Norte de Portugal, do Minho ou mesmo mais do Nordeste, o que vai ao encontro da raça do bovino, identificada.



A outra composição, bucólica e fluvial apresenta um rio, que presumimos ser o rio Douro, com a exibição de quatro barcos rabelos, dois próximos, de fácil percepção e dois mais afastados.




O mais próximo, sem a vela quadrada alçada, apresenta um carregamento de pipas, deitadas no barco, o qual possui dois vultos à frente e quatro atrás que movimentam o remo longo à popa – a espadela, para fazer navegar o barco, provavelmente do Alto Douro, rio Douro abaixo, com destino ao Porto.


O outro barco, um pouco mais afastado, com velas içadas, leva igualmente um carregamento de pipas, com um vulto à frente e três atrás, à espadela.


No horizonte vê-se a silhueta dos montes e no cimo de um,  uma quinta onde se lê “SANDEMAN” e “QUINTA”, a Quinta do Seixo, na margem sul do Rio Douro, no Cima-Corgo, onde se produz o Vinho do Porto, mundialmente conhecido e apreciado, SANDEMAN.



Em suma, trata-se de duas composições que enaltecem o Norte de Portugal, o Rio Douro, o Vinho do Porto e a sua agricultura.


Que motivo será?; “NORTE”?;  “PORTO”; “DOURO”?


FONTES:

1) – “Roteiro das Reservas”, Museu de Cerâmica de Sacavém, de Ana Paula Assunção, Carlos Pereira e Joana Pina, Edição Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – data?;

2) – “Itinerário pela Produção da Fábrica de Loiça de Sacavém”, Museu de Cerâmica de Sacavém, de Carlos Pereira, Joana Pina, Graciete Rodrigues e Feliciano David, Edição Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Julho de 2000;

3) – “Fábrica de Louça de Sacavém – Contribuição para o estudo da indústria cerâmica em Portugal 1856-1974” de Ana Paula Assunção, Colecção História da Arte – Edições INAPA – 1997;

4) – “150 Anos – 150 Peças – Fábrica de Loiça de Sacavém” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Março de 2006;

5) – “Dicionário de marcas de Faiança” de Filomena Simas e Sónia Isidro – Edição Estar Editora - Lisboa – 1996;

6) - “Porta aberta às memórias” – 2ª edição, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2009;

7) – “Porta aberta às memórias” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2008;

8) – “Primeiras Peças da Produção da Fábrica de Loiça de Sacavém – O papel do Coleccionador”, Museu de Cerâmica de Sacavém, de Ana Paula Assunção, Carlos Pereira e Eugénia Correia, Edição Museu de Cerâmica de Sacavém – Julho de 2003;

9) – “História da Fábrica de Loiça de Sacavém”, Museu de Cerâmica de Sacavém, de Ana Paula Assunção e Jorge Vasconcelos Aniceto, Edição Museu de Cerâmica de Sacavém – Julho de 2000;

   

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