segunda-feira, 14 de abril de 2014

Soberba Palangana de Faiança de Coimbra (?)


Após uma boa caldeirada, calmamente degostada, iniciamos o regresso a casa, sem contudo darmos uma voltinha, para espairecer...
 
Junto a uma estrada movimentada, vimos um "bric-à-brac", com muitas "velharias" à porta, mais "lixo" que velharias.
 
Paramos e fomos bisbilhotar: tralhas, traquitanas, muito "lixo", mobiliário, "ferro-velho", mas também algumas velharias e antiguidades, mesmo algumas peças muito boas.
 
Houve uma que nos surpreendeu de imediato, mas passamos por ela três vezes, olhos de soslaio e nada dissemos.



Soberba Palangana !
Começamos a pedir as cotações de várias peças de menor valia e consequente menor custo; mas mesmo assim, considerado elevado para nós, pelo que fomos regateando, fazendo conjunto de peças, para que o valor fosse menor, e lá fizemos dois ou três pequenos negócios.
 
Pese embora o "marchand" pretendesse vender-nos mais, não cedemos e quando já vinhamos a sair olhamos para um louceiro onde estava o prtao em causa e tal como das outras situações, perguntamos pelo preço, de forma despretenciosa.
 
Ao que nos respondeu que era um "bom prato", que "já valeu umas centenas de euros, mas agora....", "vá diga lá quanto custa, só por curiosidade"... e lá nos indicou um valor excepcional (baixo), pelo que logo pensamos que o mesmo teria que vir connosco.
 
Mesmo assim ainda regateamos e conseguimos mais um desconto de 5,00 euros, e cá temos o prato ! 
 
Frente da Palangana
Tardoz da Palangana

Um prato grande, tipo palangana, em faiança, com motivo floral – “rosas”, no centro do covo e repetição (oito) de motivo floral de cercadura na aba, duo-cromáticos, com duplo filite no limite do covo, um fino acastanhado e outro, mais larga, alaranjado e um fino azul no rebordo do prato, com 36,0 cm de diâmetro.
 

Pensamos que com fabrico provável do final do século XIX ou início do século XX, e eventualmente de Coimbra.   
 
Mas também poderá ser faiança de Fervença (Gaia) do período entre 1824 e 1860 ou faiança da Bandeira, do período entre 1828 e 1913.
 
No entanto pela composição cromática, pelos motivos pintados e pela sua apresentação inclinamo-nos para que seja Faiança de Coimbra.
 
Mas alguém, mais entendido que nós nos pode confirmar ?

terça-feira, 8 de abril de 2014

Faiança da OAL de Alcobaça

Taça de Faiança da OAL de Alcobaça

Pano no chão sobre o terreiro empedrado, tralhas e traquitanas sobre o pano e a "tenda está montada" para as vendas: "Tudo a 1,00 Euro !".
 
Aprás-me de sobre maneira procurar e eventualmente encontrar alguma peça, nomeadamente de faiança, nestes amontoados, para as quais não dão valor, pois não são as emblemáticas, ícones ou de fábricas sobejamente conhecidas.
 
Foi o que me aconteceu à dias, entre um conjunto de tralhas e mesmo "lixo", uma pequena taça em faiança da OAL, de Alcobaça - a qual já faz parte do meu acerso.
 

 
(magem de frente)
(imagem de tardoz)

Pese embora no covo apresente vários sinais de uso, já com faltas de vidrado e com um "cabelo" apreciável, trata-se de uma peça caracteristica da OAL.

Cataloguei-a como uma pequena taça em faiança popular portuguesa de meados do Século XX, fabrico da OAL – Olaria de Alcobaça, com carimbo cor sépia "OAL"; com duplo filete na aba, um amarelo-torrado e outro castanho e com a indicação no covo “Lembrança Praia Monte Gordo”, com imagem alusiva: ondas, estilização do mar, um barco à vela e nuvens, nas cores grená e preto.
Peça interessante e curiosa, em que as cores e o duplo filete na aba são elementos caracteristicas da OAL.
 
A Olaria de Alcobaça, Limitada foi fundada em 1927 por Silvino Ferreira da Bernarda; António Vieira Natividade e Joaquim Vieira Natividade, instalada na Rua Costa Veiga, próximo do Rio Alcôa e dedicou-se ao fabrico de louça doméstica, criando peças com o estilo "Coimbrão", decoradas pela tecnica da estampilha, pela pintura, ou por um misto destes dois processos, para além de reproduzir peças de louça antiga, com motivos dos séculos XVIII e XIX do Juncal, Viana, Coimbra e de outras fábricas do Porto.
 
A fábrica viria a encerrar em 1984 e o que restava dela, em 2009, é o que a imagem seguinte, tristemente, apresenta:

 
Enfim, uma peça interessante, obtida de forma fácil, de uma fábrica importante, que marcou presença na sua época e que infelizmente já encerrou. 
 
 
 



domingo, 6 de abril de 2014

Porcelanas - Taça rendilhada sem marca

Taça rendilhada em Porcelana

Fascinam-me mais as Faianças do que as Porcelanas, pese embora hajam peças de porcelana que me cativam.

Foi o que aconteceu recentemente com uma taça rendilhada, sem marca, à venda numa feira de velharias, por atacado.

Mas a mesma era bela, interessante, apelativa e lá a tive que trazer.

(vista de cima)

 
(vista de lado)


(vista de baixo)

 
Taça rendilhada, com configuração quadrada; tipo cesta, entrelaçada; com bordadura lobada e com filetes dourados.
 
Com motivo policromo floral na base, com várias flores.
Base circular com pé octogonal, com avivamento na bordadura a cor azul esbatido.
Sem marca. Parece-nos assemelhar-se à porcelana alemã, da “Bavaria Schumman”, mas presumimos ser fabrico nacional do início do Século XX.
A sua decoração  é semelhante à “da família rosa” chinesa, imitada por muitos dos fabricantes europeus de porcelanas e provávelmente algum nacional.
 
Alguém que nos possa dar uma pista ou que se atreva a sugerir o fabrico ?



sábado, 5 de abril de 2014

Cantão Popular - MONTARGILA - mais uma Fábrica

Mais uma fábrica de Cantão Popular: Montargila (Algés)

Deambulando por umas velharias na periferia de Lisboa, encontrei mais um prato do Cantão Popular, ou por vezes referido como "Miragaia".

Tal como sempre e não resistindo voltei o prato, esperando não encontrar qualquer marca no seu tardoz, quando para meu espanto identifico perfeitamente a marca "MONTARGILA" - mais uma fábrica de Cantão Popular !





 

 

Como sabem, o Cantão Popular é uma adaptação livre e ingénua da loiça inglesa do “Willow Pattern” e foi fabricado em Portugal por várias fábricas, a maioria anónima, desde o início do século XIX até quase aos anos 60 ou 70 do século XX.

Há imensas variantes ao motivo, que também é executado em pastas diferentes.

O cantão popular foi fabricado pela Fábrica de Miragaia (entre 1827 – 1840) – 2º período de fabrico; pela Lusitânia (na fábrica de Coimbra, provavelmente, a partir de 1929); na Fábrica do Cavaco do Porto (entre 1862 – 1920); na Fábrica das Loiças do Pinheiro – S. Roque de Aradas – Aveiro, por volta dos anos 50 do século passado e eventualmente outras mais como Cesol – Coimbra, Darque – Viana; Constância – Lisboa e outras que desconhecemos.
 
Este prato a que nos estamos a referir, contrariamente ao habitual, possui marca e sabe-se assim que foi fabricado na fábrica Montargila.

A Fábrica de Cerâmica de Montargila, situava-se em Algés, mais propriamente na Estrada que liga Algés a Linda-a-Velha, concelho de Oeiras, a qual foi fundada em 1897 por José Joaquim d’Almeida Junça.

Em 1906, teve obras de remodelação e ampliação. Esteve em funcionamento até aos anos 60 e fabricava telha, telhão, tijolo e artigos decorativos de cerâmica, do qual este prato seria um.

Em 2005, era esta a imagem da fábrica extinta.
 
 
 

Refira-se que José Joaquim d’Almeida Junça possuía também a Fábrica de Produtos Cerâmicos, na Rua da Fonte Santa, nº 88 a 96, em Lisboa, fundada em 1882, da qual se apresenta a imagem seguinte (O Independente, n.º 1, de 3 de Fevereiro de 1889).
 
 
 
Foi nesta Fábrica que foram fabricados os pratinhos em terracota comemorativos do VII Centenário do nascimento do Santo António, conforme imagens seguintes.
 

Enfim, mais uma incursão pelas velharias, com a descoberta de mais um prato com história !
 





Um pires com a Cruz de Avis . O encanto das Faianças e Porcelanas







Um pires com a Cruz de Avis - O encanto das Faianças e Porcelanas.


O encanto pelas faianças e porcelanas não é só pelas suas decorações, motivos ou cores, pelas suas marcas, carimbos ou fábricas, em especial pelo seu tipo ou fabrico, inerente à sua idade, uso e história, mas também pelo fascínio que elas nos transmitem, pelas suas particularidades que nos agarram ou que nos ligam por laços inexplicáveis.

Tudo isto vem a propósito de um pires que encontrei numa das feiras de velharias de velharias que visito – Estremoz – um simples pires em porcelana, daqueles vendidos ao “molho”.

Entre muitos espalhados pelo plástico no chão foi o único que me fascinou, e tive de comprar mais duas peças, para fazer o “pack” que estava anunciado, em função do preço estabelecido!

Tratava-se de um pires em porcelana, de bordo recortado, com um filete dourado, com motivos florais em revelo na aba, na mesma cor do vidrado – branco, mas ….. com uma particularidade: com uma fita verde e a Cruz Verde de Avis – foram estes os motivos que me chamaram!





O hábito e a curiosidade logo me levaram a voltar o mesmo e ver o que estava gravado no mesmo: um carimbo com “Wawel – Made in Poland” e outro “Serfogo-Portugal – Miratejo- Tel.(01) 255 20 31

 

A Cruz de Avis e a correspondente Ordem Militar de Avis, destina-se a premiar altos serviços militares, sendo exclusivamente reservada a oficiais das Forças Armadas e da Guarda Nacional Republicana, bem como a unidades, órgãos, estabelecimentos e corpos militares, …., e lá me vem a lembrança à EPI – Escola Prática de Infantaria, em Mafra.

Para a atribuição de qualquer grau da Ordem Militar de Avis, são condições necessárias, as seguintes:

a) Ter prestado, pelo menos, sete anos de serviço a contar da data da graduação ou promoção a oficial;

b) Ter no decurso da carreira militar revelado elevados atributos morais e profissionais, manifestados através de uma irrepreensível conduta, reconhecidas qualidades cívicas e virtudes militares;

c) Ter prestado serviços altamente meritórios, reconhecidamente relevantes e distintos e que tenham contribuído para o prestígio militar das Forças Armadas ou da Guarda Nacional Republicana, com especial relevância para os serviços prestados em campanha ou com risco de vida.

Os graus e as insígnias da Ordem de Avis correspondem aos seguintes postos da hierarquia militar:

- Vice-almirante ou tenente-general e postos superiores. Grã-Cruz;
- Capitão-de-mar-e-guerra ou coronel e contra-almirante ou major-general: Grande-oficial;
- Capitão-de-fragata ou tenente-coronel: Comendador;
- Capitão-tenente ou major: Oficial;
- Primeiro-tenente ou capitão: cavaleiro ou Dama.

O distintivo da Ordem Militar de Avis é uma cruz florida, de esmalte verde, perfilada de ouro. A cor da ordem é o verde.

Ora o distintivo que se encontrava no pires de porcelana em apreço - a Medalha de Cavaleiro ou Dama da Ordem de Avis.




A insígnia é a cruz singela, suspensa numa fita verde.

As senhoras agraciadas com a Ordem Militar de Avis podem usar a insígnia pendente de um laço. Nos atos solenes, os Cavaleiros podem usar, pendente do pescoço por uma fita verde, o distintivo com as dimensões do grau de Comendador…

Um simples e vulgar pires, comercializado por uma empresa de Vale de Milhaços (Corroios) que se dedica à comercialização de louça utilitária para o lar, e neste caso de louça fabricada na cidade de Wawel, na Polónia – complexo fortificado na margem esquerda do rio Vístula, em Cracóvia, famosa pelas porcelanas que produz, ditas “da china”.


                                                                                       WAWEL vista do Rio Vístula



                                                                   Castelo de Wawel á direita e Catedral à esquerda

Enfim, um simples pires, com muito afecto que será mais uma peça da minha colecção de faianças e porcelanas.

terça-feira, 1 de abril de 2014

VELHARIAS, TRALHAS E TRAQUITANAS

Meus Caros,

Este blog será um espaço de partilha e divulgação de gostos e de troca de informações e conhecimentos sobre diversos assuntos: velharias, antiguidades, mobiliário, cerâmicas, vidros, numismática, livros e outros mais.

Relatos de estórias e encantos com pessoas anónimas, nas vivências do antigo e do mais genuíno que Portugal tem.

Viver o presente, valorizar o passado, transpondo-o para o futuro!

Será um prazer  intenso a partilha de conhecimentos e informação e uma satisfação enorme com os comentários e dicas que surgirão.



Pote em Faiança Branca "MAFRA" (réplica de louça do século XVIII)

Existem originais no Convento de Mafra, fabricadas em olarias locais encomendadas por D. João V para os frades que habitaram o Real Convento de Mafra