domingo, 7 de junho de 2015

Prato das Faianças de São Roque – Aveiro


É com frequência que se confunde a Fábrica de S. Roque, com as Faianças de S. Roque, ambas em Aveiro, muito embora haja uma estreita ligação ente ambas.
 
(A nossa peça)

A Fábrica de S. Roque,  Fábrica de Louças e Azulejos S. Roque, foi fundada no final da década de 20, por Manuel da Silva e Justino Pereira Campos, localizava-se no canal de São Roque, e viria a fechar em 2002. Mais concretamente, as suas últimas contas foram apresentadas em 27 de Dezembro de 2001 e o seu encerramento e dissolução foi registado em Outubro de 2002 e publicado em Diário da República, no mês de Dezembro desse ano.
 
(A fachada principal da extinta Fábrica de Faianças de S. Roque, em 2010)

A fábrica Faianças de S. Roque foi fundada em 1955 pelo ceramista João “Lavado” – João Marques de Oliveira, então já sócio da Fábrica de Louças e Azulejos de S. Roque, e dedicou-se exclusivamente à produção de louças decorativas e utilitárias, e foi, a continuidade da anterior.
 
(Painel de Azulejos, alusivo a S. Roque da Fábrica de Faianças de S. Roque)
Em 1971 realizou-se em Aveiro uma exposição de cerâmica comemorativa do XV Aniversário das “Faianças S. Roque”, o que vem atestar o seu início e a sua importância no meio das Artes Decorativas – Faianças.

A louça produzida nesta fábrica caracterizou-se por ter uma linha mais modernista, quer nas formas, quer na decoração, quer nos cores aplicadas e quer mesmo nos métodos de fabrico.
 
(Peças da Linha "Picasso" - OLX)
(Carimbo nas peças da Linha "Picasso" - OLX)
Foi ultrapassada a linha da fabricação de faianças dita tradicional, com formas e decoração convencionais e passou-se para uma linha “à Picasso”, isto é, com uma concepção mais modernista, inovadora e abstracta.

A Fábrica de S. Roque produziu muitas peças utilitárias, de uso comum com diversas decorações, tais como “Cantão Popular”, com algumas variantes; escorridos de várias cores: preto, verde, amarelo e castanho; para além de peças com decoração mais simples e tradicional, com filetes e arranjos ou decorações florais estilizadas, aplicadas a chapa recortada, em tons monocromáticos ou policromáticos.

(Prato com decoração policromática na aba)
(Carimbo do prato com decoração policromática na aba)
Alguns dos pratos produzidos tinham decoração no covo ou fundo do prato, monocromática ou policromática, aplicadas a chapa recortada.
 
(Prato com decoração policromática no covo)

(Carimbo do prato com decoração policromática no covo)

(Travessa com decoração policromática na aba e no covo)
(Carimbo da travessa com decoração policromática na aba e no covo)
(Travessa com decoração policromática na aba)
(Carimbo da travessa com decoração policromática na aba)

Igualmente houve uma linha com decoração e composições florais aplicada dos covos dos pratos, travessas e saladeiras, pintadas à mão, policromáticas e com decoração de bordadura, em bicos esponjados.  

(Prato com decoração floral monocromática)

(Carimbo do prato com decoração floral monocromática)
(Prato com decoração floral policromática)
(Carimbo do prato com decoração floral policromática)

As marcas nas peças desta fábrica que habitualmente são carimbos de forma circular, tendo no centro a representação da cabaça com ou sem o bastão, insígnias de S. Roque e na coroa exterior tem inscrito "Faianças de S. Roque, Lda - Aveiro". 
 
(Carimbo habitual das Faianças de S. Roque)

(Carimbo menos frequente das Faianças de S. Roque)

Mas também há carimbos com a indicação “S ROQUE – AVEIRO”, que cremos pertencer ao período anterior a 1955, ou seja no tempo da Fábrica de S. Roque.

(Carimbo "S ROQUE - AVEIRO)

Para além de outros carimbos, que cremos de peças de fabrico mais recente, das duas últimas décadas do século passado, mas sem certezas.

(Peças de fabrico da fase final da fábrica com carimbo a seguir indicado)

(Ultimo (?) carimbo  "S ROQUE - AVEIRO")
 
Voltemos à nossa peça, 

(A nossa peça)
Tudo isto a propósito de um prato das Faianças de S. Roque, prato covo, de covo acentuado, com dois filetes finos, de cor grená na aba, um no limite da aba com o covo e outro na bordadura da aba.
 
(Arranjo floral na aba)
(Arranjo floral na aba)
Entre ambas três arranjos florais estilizados, simétricos, monocromáticos, cor grená, aplicados a stencil (chapa recortada).
 
(O tardoz do nosso prato e as evidências da pasta)

Prato fabricado com uma pasta acastanhada, com um vidrado espesso, leitoso, mas com falhas que permite descortinar a pasta, com as referências triplicas das trempes de cozedura no tardoz e com os três pontos de assentamento da trempe superior na aba do prato.
 
(A marca inequívoca do nosso prato)
A marca circular, na cor azul, identifica de forma inequívoca o respectivo fabrico – Faianças de S. Roque.
 
(A marca inequívoca do nosso prato)
Prato utilitário, de uso comum, de meados do século passado, constituindo assim uma peça de referencia, de faiança corrente, económica e de uso intenso das famílias pobres do século passado não só da região de Aveiro, mas desde Coimbra até ao Norte.

Assim cremos.



Fontes:




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