É
com frequência que se confunde a Fábrica
de S. Roque, com as Faianças de S.
Roque, ambas em Aveiro, muito embora haja uma estreita ligação ente ambas.
A
Fábrica de S. Roque, Fábrica de
Louças e Azulejos S. Roque, foi fundada no final da década de 20, por
Manuel da Silva e Justino Pereira Campos, localizava-se no canal de São Roque, e
viria a fechar em 2002. Mais concretamente, as suas últimas contas foram
apresentadas em 27 de Dezembro de 2001 e o seu encerramento e dissolução foi
registado em Outubro de 2002 e publicado em Diário da República, no mês de
Dezembro desse ano.
A
fábrica Faianças de S. Roque foi fundada
em 1955 pelo ceramista João “Lavado” – João Marques de Oliveira, então já sócio
da Fábrica de Louças e Azulejos de S. Roque, e dedicou-se exclusivamente à
produção de louças decorativas e utilitárias, e foi, a continuidade da anterior.
Em
1971 realizou-se em Aveiro uma exposição de cerâmica comemorativa do XV
Aniversário das “Faianças S. Roque”, o que vem atestar o seu início e a sua
importância no meio das Artes Decorativas – Faianças.
A
louça produzida nesta fábrica caracterizou-se por ter uma linha mais
modernista, quer nas formas, quer na decoração, quer nos cores aplicadas e quer
mesmo nos métodos de fabrico.
(Carimbo nas peças da Linha "Picasso" - OLX) |
Foi
ultrapassada a linha da fabricação de faianças dita tradicional, com formas e
decoração convencionais e passou-se para uma linha “à Picasso”, isto é, com uma concepção mais modernista, inovadora e abstracta.
A
Fábrica de S. Roque produziu muitas peças utilitárias, de uso comum com diversas
decorações, tais como “Cantão Popular”,
com algumas variantes; escorridos de várias cores: preto, verde, amarelo e
castanho; para além de peças com decoração mais simples e tradicional, com
filetes e arranjos ou decorações florais estilizadas, aplicadas a chapa recortada,
em tons monocromáticos ou policromáticos.
(Prato com decoração policromática na aba) |
(Carimbo do prato com decoração policromática na aba) |
Alguns
dos pratos produzidos tinham decoração no covo ou fundo do prato, monocromática
ou policromática, aplicadas a chapa recortada.
(Carimbo do prato com decoração policromática no covo) |
(Travessa com decoração policromática na aba e no covo) |
(Carimbo da travessa com decoração policromática na aba e no covo) |
(Travessa com decoração policromática na aba) |
(Carimbo da travessa com decoração policromática na aba) |
Igualmente
houve uma linha com decoração e composições florais aplicada dos covos dos pratos,
travessas e saladeiras, pintadas à mão, policromáticas e com decoração de
bordadura, em bicos esponjados.
(Prato com decoração floral monocromática)
|
(Prato com decoração floral policromática) |
(Carimbo do prato com decoração floral policromática) |
As
marcas nas peças desta fábrica que habitualmente são carimbos de forma circular,
tendo no centro a representação da cabaça com ou sem o bastão, insígnias de S.
Roque e na coroa exterior tem inscrito "Faianças de S. Roque, Lda -
Aveiro".
(Carimbo menos frequente das Faianças de S. Roque) |
Mas
também há carimbos com a indicação “S ROQUE – AVEIRO”, que cremos pertencer ao
período anterior a 1955, ou seja no tempo da Fábrica de S. Roque.
(Carimbo "S ROQUE - AVEIRO) |
Para
além de outros carimbos, que cremos de peças de fabrico mais recente, das duas últimas décadas
do século passado, mas sem certezas.
(Peças de fabrico da fase final da fábrica com carimbo a seguir indicado) |
(Ultimo (?) carimbo "S ROQUE - AVEIRO") |
Voltemos à nossa peça,
Tudo
isto a propósito de um prato das Faianças de S. Roque, prato covo, de covo acentuado,
com dois filetes finos, de cor grená na aba, um no limite da aba com o covo e
outro na bordadura da aba.
Entre
ambas três arranjos florais estilizados, simétricos, monocromáticos, cor grená,
aplicados a stencil (chapa recortada).
Prato
fabricado com uma pasta acastanhada, com um vidrado espesso, leitoso, mas com
falhas que permite descortinar a pasta, com as referências triplicas das
trempes de cozedura no tardoz e com os três pontos de assentamento da trempe
superior na aba do prato.
A
marca circular, na cor azul, identifica de forma inequívoca o respectivo fabrico
– Faianças de S. Roque.
Prato
utilitário, de uso comum, de meados do século passado, constituindo assim uma
peça de referencia, de faiança corrente, económica e de uso intenso das famílias
pobres do século passado não só da região de Aveiro, mas desde Coimbra até ao
Norte.
Assim
cremos.
Fontes:
2) - http://ceramicamodernistaemportugal.blogspot.pt/2014/09/linha-picasso-faiancas-de-s-roque.html;
,
5) - http://velhariastralhasetraquitanas.blogspot.pt/2015/03/prato-em-cantao-popular-de-sao-roque.html;
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