domingo, 19 de julho de 2015

POTE EM FAIANÇA DECORADO COM A CRUZ DE CRISTO DA FCCL


Interessante pote miniatura em faiança, com decoração policromática, com a Cruz de Cristo e demais motivos alusivos as descobrimentos, fabrico da FCCL - Fábrica de Cerâmica Constância da Lapa (?), de Lisboa (?) ou Limitada (?).


Uma pequena peça, com soberba decoração de uma importante fábrica de Cerâmica, por onde passaram ilustres artistas plásticos, decoradores, como Leopoldo Battistini, Wenceslau Cifka, Maria de Portugal, mais propriamente, Albertina dos Santos Leitão, e mais recentemente (final do século XIX), Lima de Freitas, Chartres de Almeida, Luís Pinto Coelho, Francisco Relógio e outros mais.



Esta fábrica foi fundada, segundo consta em 1836 e encerrou definitivamente já no início do actual século, em 2001, a 30 de Novembro, tendo sido dissolvida a respectiva sociedade em Fevereiro de 2008.


A decoração desta peça, bem como a sua composição cromática, evidenciam sem dúvida, influências de Battistini ou mesmo de Maria de Portugal, crendo-se que se trata de uma peça fabricada no final da década de 30 ou mesmo eventualmente na década de 40, possuindo a característica marca a manganés, uma cruz, tendo em cada quadrante, as iniciais F, C, C, L, encontrando-se assinada com a sigla do seu decorador ou pintor J r., que presumimos tratar-se do pintor José (Rosa) Rodrigues, que trabalhava nesta fábrica.


Pequeno pote ou mesmo um pequeno cachepot de boca larga, com um filete grosso a azul forte na mesma, secundado por dois filetes finos na cor manganés.


A decoração à volta do bojo, é constituída por elementos decorativos alegóricos aos descobrimentos, com elementos relembrando o estilo manuelino português, com cores, amarelo, castanho e azul – conjuntos com três bagas de uvas – um simbolismo cristão; possuindo uma Cruz da Ordem de Cristo, vermelha, com um traço inseguro do artista, e por conseguinte, sem geometria.


Junto à base, outro filete, largo, na cor azul, a rematar a decoração do pote.


Trata-se, sem dúvida, de uma peça de rara beleza e significativo valor artístico.


A sua decoração, os tons utilizados e os motivos desenhados, indiciam-nos, inequivocamente, que se trata de uma peça de fabrico da Fábrica Constância.



FONTES:











12) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.


13) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

2 comentários:

  1. Jorge A.

    Passei por aqui para um alô.

    Adquiri há uns 2 anos um conjunto de recipientes para caldos e seus pratos de pão, etc. Marcados com muita semelhança a esta peça. Infelizmente mais da metade chegou partida (cuidado dos Correios...) e dos embaladores da loja...).

    Gosto muito da louça Battistine pelo colorido mesclado aos tons de terra.

    Viu que na última postagem do Luis Vc foi devidamente referido sobre uns pratos de Gaia ou Massarelos.. daqueles de casario entre duas árvores...?

    Um abraço.

    ab

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    1. Caro Amarildo,

      Saúdo a sua visita, comentário e recordatoria.
      Na verdade a Faiança Battistine é deslumbrante!
      O comentário de Luis Montalvao é interessantíssimo e deveras importante, para se destrinçar o que é a "Faiança de Vilar de Mouros" e a Faiança com o motivo ou semelhanças do motivo "Roselle", produzida em diversas fabricas de Norte a Sul de Portugal.
      Tenho andado a efectuar diversas pesquisas neste sentido, nomeadamente locais, em Vilar de Mouros, Caminha, Braga, etc....para tentar desmistificar tal analogia "Vilar de Mouros. - Roselle".
      Oportunamente farei alguma postagem acerca disso.
      Um abraço.

      Jorge Gomes

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