sábado, 12 de setembro de 2015

AMOR – Prato Covo em Faiança “Falante”

AMOR, carinho e saudações o que desejamos e transmitimos a todos, após este interregno de postagens.


A vida, as suas vicissitudes, os acontecimentos condicionam-nos e por vezes interrompemos os nossos hobbies, mas logo que possível retomamos os mesmos.


É o que acontece com esta nova postagem, e é com AMOR que nos dirigimos a todos os amantes das faianças, aos visitantes do blogue, aos nossos amigos.


Recomeçamos com um interessante prato em Faiança, decorada em policromia, com cores alegres, com uma interessante cercadura ornamental com decoração geométrica, estampilhada (com aplicação de chapa recortada para pintura), na aba, na cor azul celeste e com uma vistosa decoração no covo.


Uma minhota, talvez de Viana, com o seu traje característico: uma saia rodada, larga na base, rosa pálido, com um debrum na cor preto. Sobre a mesma um avental amarelo, com listas verticais pretas e na base do mesmo, bordada a palavra AMOR. Uma camisa bufada, na cor azul, com punhos apertados e peitoril ou colete amarelo, com decoração no coz a verde, com atilho e pendente. A gola é preta. Completa um lenço verde na cabeça e uns tamancos pretos.


Com enquadramento de base duas palmas na cor verde-escuro.


Prato em Faiança com vidrado leitoso, deixando perceber no tardoz a cor da pasta, que é cor de grão, bem como as imperfeições do vidrado e os vincos das trempes, quando foi cozer e possuindo um único frete, na bordadura da base.



A beleza e a simpatia pelo prato e o AMOR ao mesmo, levou que os seus antigos proprietários o tenham tratado com todo o carinho e tenha sido um preto decorativo, de pendurar, com uma “aranha” muito pouco vulgar, mas interessante, a qual preservamos e mostramos


Para além disso o motivo da decoração do covo indicia uma figura minhota, o que corrobora a nossa opinião de ser um prato de fabrico do Norte.


Trata-se, cremos de um prato dos finais do século XIX ou princípio do século XX.

Fabrico de Aveiro, não é de certeza, pois os motivos, as cercaduras eram diferentes; as cores mais esbatidas e no tardoz, possuíam, geralmente, dois fretes.


Por outro lado, cremos que as cercaduras ornamentais de Coimbra eram mais elaboradas, mais trabalhadas, com figuras geométricas com simetrias (visão de caleidoscópio), e daí pensarmos ser fabrico do Norte.


Quer seja do Norte, ou eventualmente de Coimbra, é com muito AMOR que o apresentamos.



FONTES:

1) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.


2) - “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

3 comentários:

  1. O seu blog está combinado com o "Tempo e Histórias" da Ivete Ferreira, que também apresentou alguns pratos com a mesma temática.
    E, tal como disse à Ivete, acho estes pratos uma graça e ainda bem que começam a ter o seu lugar, aliás merecido, dentro do colecionismo privado.
    Fico encantado pelo facto, pois estes pratos merecem-no quer pela sua imaginação (creio que alguma da grafia errada é propositada, dando um cunho humorista à peça, que faz a diferença) quer pelo cromatismo, muito apelativo à população em geral.
    Ainda bem que aqui nos trouxe estes pratos e teceu as suas teorias em torno da suas possíveis origens
    Manel

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    1. Caro Manel,
      Na verdade este tipo de pratos, com "dizeres" são muito curiosos e dignos de colecção.
      Escolhi este como primeiro a ser divulgado, pelo seu "tema", pelo facto de o ter adquirido nestas férias, cujo tema de viagem foram as "Faianças, museus e ambiente" um interessante percurso de âmbito familiar, com "amor".
      E não é só ter, é importante tentar desvendar origens, processos de fabrico, locais, etc. fazendo possíveis conjecturas, enfim é "vivendo as faianças"
      Um abraço.
      Jorge Gomes

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