segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

PALANGANA EM FAIANÇA DE COIMBRA (?), DO INICIO DO SÉCULO XX


Deslumbrante palangana, em faiança, com vistosa decoração vegetalista (floral), policromática, no covo, em tons de verde, azul, vinoso de manganês e amarelo ocre; e com decoração na cercadura na aba, de motivos geométricos, monocromáticos, alertados, a duas cores, azul e vinoso de manganês.


A palangana em apresentação

Com decoração estampilhada (aplicada sobre chapa recortada) e decoração manual, simples, ingénua, ao gosto do artista, cuja conjugação de decorações constitui assim uma peça única.


A decoração estampilhada no covo da palangana

É a originalidade destas peças, ao gosto do artista, que nos cria a sedução pelas mesmas.

Um malmequer com sete corações na cor vinoso de manganés com uma rosácea em azul de cobalto.


Pormenor do Malmequer de sete pétalas em coração

As marcas da trempe, aquando da cozedura do vidrado são perfeitamente visíveis na transição do covo para a aba da palangana.


As marcas da trempe

Peça em faiança, crê-se, de Coimbra (região) e do início do século XIX. As cores aplicadas na decoração do covo e a cercadura de motivos geométricos da aba tal nos indicia tal origem.


O pormenor da cercadura de motivos geométricos estampilhados

Com um diâmetro de aba de 35 cm e uma altura de 7,5 cm, eis a geometria da palangana que apresentamos.


O tardoz da palangana

Como sabemos o termo de designação deste tipo de peças, é bastante discutível, pois as designações são imensas, mas há que ter toda a atenção às respectivas formas cerâmicas:

- taça fruteira: mas com aba mais rebaixada e com a concordância entre o covo e a aba menos acentuada;

- alguidar: em que a aba e a concordância entre o covo e a aba possuem a mesma pendente e não se distinguem, com uma altura superior a 9 cm;


Mais um pormenor da decoração

- bacia: Em que a transição entre o covo e a aba e esta mesma possuem uma única concordância, arredondada, côncava, a partir do covo, com uma altura superior a 9 cm;

- escudela: consideramos ser o mesmo que palangana, mas trata-se de um termo de uso medieval, com uma altura inferior a 7 cm;

- malga: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais característico da zona norte e centro do país, (designação regionalista), com uma altura inferior a 7 cm;


Pormenor da decoração - folhas

- taça: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais usado nas zonas urbanas – em especial, na zona de Lisboa, no século XX (designação regionalista). Há também quem designe simplesmente por taça, toda a palangana que tenha menos de 35 cm de diâmetro de aba, com uma altura superior a 7 cm;

- tigela: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais usado na zona saloia, na periferia de Lisboa, no século XX (designação regionalista), com uma altura superior a 9 cm;


Pormenor dos elementos geométricos da cercadura na aba

- prato de cozinha: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais usado nas zonas urbanas – em especial, na zona de Lisboa, no século XX (designação regionalista), com uma altura inferior a 7 cm;

- outras designações: tigela, cunca; almofa; almofia; conca; cuenco;…, são designações com vocábulos de origem castelhana ou árabe.
 

Perfil do tardoz da palangana e o frete da mesma

Peça esmaltada, com aspecto grosseiro e vidrado escorrido no tardoz junto ao único frete.


A Palangana na sua máxima afirmação

Peça em Faiança, de forte presença, interessantíssima e cativante. Faiança a manter e preservar!


FONTES:

1) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

2) - “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

3) – “Estudo Decorativo, Morfológico e Tecnológico da Faiança de Coimbra”, de Filipa Antunes Formigo, Dissertação de Mestrado, do Instituto Politécnico de Tomar, Tomar, Setembro, 2014.




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