domingo, 4 de setembro de 2016

Curioso Covilhete da CBL – Cerâmica Bombarralense, Lda.


A Cerâmica Bombarralense, Limitada, CBL, de Jorge de Almeida Monteiro, seu mentor e principal impulsionador teve uma vida efémera – foi fundada em 1944 e encerrou em 1954 – uns escassos 10 anos de produção.

(Fig. 1 - Covilhete da CBL)

No entanto não deixou de produzir peças interessantes, ao estilo da louça de Alcobaça, mas com uma decoração peculiar, pena é que as peças, actualmente, escasseiam, não permitindo assim identificar cabalmente a sua produção
.
Exemplo disse, foi um interessante galheteiro, com uma curiosa decoração na cor vinoso, com a marca CBL no fundo das duas galhetas, que andou à venda numa das bancas das feiras de velharias, pese embora por um preço proibitivo, apesar da raridade da peça.

Pena temos de a não ter fotografado, para simplesmente a mostrar, de modo evidenciar de uma forma mais abrangente o fabrico de faianças desta fábrica do Bombarral.

No entanto, volvido algum tempo eis que encontramos mais uma peça CBL, curiosa, e que aqui vamos apresentar.

Trata-se, segundo cremos de um covilhete, oval, de aba lobada, e bordadura ondulada, com uma decoração, em franja, para o interior, na cor azul-escuro – azul-cobalto, tão característico da louça de Alcobaça, das décadas de 40, 50 e 60, do século passado.

(Fig.2 - Pormenor da decoração da bordadura)

Essa decoração franjada completa-se com três pintas vermelhas, em cada lobolo, cujo significado não identificamos mas que ajuda a dar mais notoriedade à peça.

(Fig. 3 - Pormenor da decoração )

Soberba é a decoração do covo cor um deslumbrante motivo floral, em que entre as pétalas se abre o bolbo da flor, qual flor?, enquadrada com folhas alongadas, lanceoladas, decoradas a cor verde seco, amarelo torrado e amarelo ocre, que se prolongam por gavinhas na cor azul cobalto.

(Fig. 4 - Pormenor da Decoração)

Na base, o prolongamento é feito com mais duas folhas semelhantes às já descritas, conjuntamente com mais um pequenos arranjos florais.

Uma peça que pelas suas cores, não pela decoração, nos leva ao imaginário das cores da Vestal/Vistal ou mesmo de um dos períodos da Fábrica de Faianças, de Alcobaça, de Raul da Bernarda.

Conforma-se assim uma tendência cromática desta fábrica, com os fundos em azul claro e as decorações com o azul-escuro, azul-cobalto, vem como com os amarelos-torrados ou acastanhados e os verdes secos, para além de apontamentos em vermelho escuro ou sangue-de-boi.

Que pena se encontrarem tão poucas peças desta Fábrica.

(Fig. 5 - O tardoz do covilhete)

E no tardoz lá está a marca manual de “C.B.L.”, “BOMBARRAL”, “PORTUGAL”, “R.V” e “282”: ou seja, a identificação da fábrica; da sua localização; do País, tendo em vista a aquisição de peças por estrangeiros; do decorador e/ou pintor “R.V.” – que não identificamos e do número de catálogo ou registo da peças.

(Fig. 6 - O único frete do tardoz e a marca manual aposta)

Há peças da mesma fábrica com a indicação “A.L.”, o que evidencia ser outro decorador/pintor, mas que também não conseguimos decifrar, bem assim como “F.M”.

(Fig. 7 - A marca manual CBL)

Em suma uma fábrica interessante, por onde passaram muitos artistas, que produziram peças de arte, próprias, mas em que a sua tradicional fabricação é tão pouco conhecida, apesar da sua qualidade em termos de decoração.
 
(Fig. 8 - Mais uma vez a beleza da peça que apresentamos)

FONTES:


1 comentário:

  1. O pintor que assina com r.v era roderico nunes vinagre vitorino do Cintrão bombarral!

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