terça-feira, 13 de dezembro de 2016

PRATO FUNDO EM FAIANÇA, DE COIMBRA (?)

PRATO FUNDO EM FAIANÇA, DE COIMBRA (?)

Hoje apresentamos mais um prato fundo, sopeiro ou covo, em Faiança com decoração policrómica, com recurso à chapa ou stencil.

FIG.01 - PRATO EM FAIANÇA POLICROMÁTICO

Trata-se de uma peça interessante, com uma decoração pouco comum: na aba uma decoração tipo grinalda, aplicada a stencil, na cor verde, com apresentações tipo pétalas, a vermelho; num fundo ou covo, uma decoração monocromática a cinzento-preto, dito manganés, igualmente executada com recurso a stencil (chapa recordada) e a esponjado, com uma temática recorrente.

FIG. 02 - PORMENOR DA DECORAÇÃO DO COVO

Um casario, com edificações de alturas diferentes, algumas, tipo torres, encimadas por cúpulas, à beira de um rio, no qual se vislumbram duas embarcações à vela e na zona anterior uma exuberante paisagem, com duas árvores de elevado portes, para além de vários arbustos.

FIG. 03 - PORMENOR DO CASARIO DA DECORAÇÃO

À primeira vista a decoração leva-nos logo para o motivo estátua ou o vulgar “Cavalinho”, tão vulgarizado no nosso país, parecendo ser um trecho dessa decoração, pese embora cremos que se trata de uma decoração resultante de uma interpretação livre desse motivo efectuado pelo artista que decorou e pintou este prato.

FIG. 04 - PORMENOR DA DECORAÇÃO POLICROMÁTICA DA ABA

A cor base do vidrado, ocre, do prato ajuda, a sobressair as decorações e suas cores, configurando assim um vistoso prato.

A nível do tardoz possui um único frete, no limite do fundo com o convexo do covo, identificando-se uma massa amarelado, com um vidrado na cor de grão, irregular, poroso e profundamente repleto de orifícios.

FIG. 05 - O TARDOZ DO PRATO

Pelo motivo da decoração, pelos métodos de pintura aplicados (Stencil, esponjado e eventualmente pincel), pelas cores aplicadas, pelo formato do preto, pelo frete do tardoz, pela cor do vidrado e pela irregularidade e porosidade deste crê-se ser uma peça fabricada, provavelmente, no início do século XX, por uma das imensas fábricas do centro do País, inclinando-nos para uma das existentes na zona de Coimbra.

Se não tivesse a decoração que tem na aba e a sua policromia, poderíamos eventualmente considerar como um fabrico dos inícios da fabricação em Alcobaça.

FIG.06 - PORMENOR DO VIDRADO NO TARDOZ DO PRATO

Se o vidrado fosse de outro tipo (branco leitoso) e o motivo e decoração do covo fosse outro talvez nos inclinássemos para fabrico de Aveiro.

FIG. 07 - A BELEZA DO PRATO

Mas estas indicações são suposições, não são certezas – é este enigma que nos motiva a efectuar mais pesquisa e uma procura continua no intuito de obter informações, através de comparações da origem das peças, já que as mesmas não têm qualquer informação do seu fabrico e vários fabricos, até de centos de produção diferentes se copiavam ou imitavam.

A peça fica apresentada, as dúvidas mantêm-se, mas a sua visualização continua…

FONTES:

1) – “ Cem anos de Louça em Alcobaça”, de Jorge Pereira de Sampaio e Luís Peres Pereira, 2008;

2) – “Faiança de Alcobaça, de 1875 a 1950” – S. l. Jorge M. Rodrigues Ferreira, de Jorge Pereira de Sampaio, Estar Editora, Coleção Fundamental, 1997 ;

3) - “Cerâmica em Alcobaça – 1875 até ao presente: CeRamiCa PLUS” – Galeria de Exposições Temporárias – Mosteiro de Alcobaça; 6 de Abril a 4 de Maio 2011; Município de Alcobaça, 2011.

4) – “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

5) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

6) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

7) – “A Loiça de Alcobaça”, de João da Bernarda, Edições ASA, 1ª Edição, Porto - Outubro de 2001.


8) – “A Faiança de Raul da Bernarda & F.os, Lda. – Fundada em 1875 – ALCOBAÇA”, de Jorge Pereira de Sampaio, Edição Particular da Fábrica Raul da Bernarda & F.os, Lda., Alcobaça, Outubro, 2000.

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