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terça-feira, 5 de agosto de 2014

Cantão Popular - Louças da Pinheira - Aveiro - Azeitoneira


Azeitoneira em Cantão Popular da Fábrica da Pinheira – Aveiro

 
As peças de faiança decoradas com o motivo “Cantão Popular”, foram, como sabemos fabricadas em várias fábricas, quer no Norte, quer na zona de Aveiro, quer em Coimbra, quer na zona de Alcobaça ou mesmo na região de Lisboa.

A maioria dessas peças não possuem qualquer marca, carimbo ou outra identificação que lhes permita atribuir a respetiva fábrica onde foram fabricadas, a menos de algumas características particulares, da tonalidade da cor azul aplicada, dos elementos alegóricos desenhados, ou por analogia comparativa com outras peças já identificadas, senão: “É Miragaia”; tudo é “Miragaia” ou “tipo Miragaia”.

Alguns vendedores mais conhecedores, lá arriscam perante as características das peças a dizer “É Coimbra”; “É Aveiro”.

Mas quando surge alguma peça com marca ou carimbo, não restam dúvidas e constituem ótimos testemunhos para identificar outras peças.
 

Tudo isto a propósito de uma pequena azeitoneira de configuração oval, de aba ondulada e recortada, com 18,2 x 12,4 cm, com o motivo “Cantão Popular”, mas com marca! – “LOUÇAS DA PINHEIRA – AVEIRO – PORTUGAL”

 
Quer o covo quer a aba com vasta decoração, pintada à mão, rematando o bordo da aba com um filete grosso, na cor azul.

 


De realçar que na parte central do covo, pese embora o mesmo seja pintado à mão, configura-se que a edificação foi pintada com a aplicação de um stencil (chapa recordada, para mais fácil pintura) ou mesmo uma estampilhagem do edifício (não cremos muito).




Em suma, mais uma reinterpretação popular do motivo “Chorão” (Willow Pattern), sendo mais uma das inúmeras variantes fabricadas em Portugal, as quais se designaram por “Cantão Popular”.

No presente caso, em termos arquitetónicos, o edifício possui já uma imagem formal ocidental, deixando cair o estereótipo do palácio do Mandarim ou do pagode chinês. O tal elemento decorativo que presumimos ter sido aplicado a stencil.

A restante decoração do covo e da aba, é toda efetuada manualmente, havendo a separar a decoração do covo da aba um largo filete azul e outro mais fino, igualmente azul.  

 
Através de pesquisa efetuada (1) encontramos uma peça idêntica à aqui apresentada, em que o edifício é muito semelhante ao da nossa peça, sendo que a vegetação, a paisagem estilizada e a restante decoração são diferentes, certamente mais ao gosto pessoal do artista que a pintou.


Possui marca igual à da nossa peça, mas menos nítida, e por conseguinte de mais difícil leitura.

Trata-se de peças que se presumem terem sido fabricadas na década de cinquenta ou  sessenta do século passado.


Peça semelhante, encontramos na pesquisa efetuada (3), mas que as edificações estilizadas já são ao gosto oriental, com o palácio do mandarim, com o pagode e com a ponte, sendo que não possui quaisquer figuras, mas em que a vegetação, embora mais escassa, se assemelha à da azeitoneira que estamos a apresentar.

Mais uma peça com o motivo "Cantão Popular", cujo fabrico está identificado com carimbo, permitindo assim comparar com outras peças do mesmo mtivo mas sem carimbo da fábrica onde foram produzidas.

 
FONTES:








 

 

sábado, 14 de junho de 2014

UMA INVULGAR PEÇA DE CANTÃO POPULAR


UMA INVULGAR PEÇA DE CANTÃO POPULAR

 
O motivo Cantão Popular continua sempre a ser interessante, cativante e cada vez que surge uma peça nova, diferente e inusual, mais apaixonante se torna e constitui mais uma razão de pesquisa, comparação, estudo e …. de mais dúvidas.

É irresistível, apaixonante… merece a nossa dedicação e empenho!

Hoje vamos reportar-nos a mais três peças, uma delas, a ultima que apresentamos, que constitui o motivo deste “post”.


1ª. Peça:


 
Prato de sobremesa em faiança, com o motivo Cantão Popular, vulgarmente dita de fabrico de Miragaia, com uma decoração livre ao gosto do pintor, com tons de azul muito escuro, em que a árvore estilizada é uma conífera e em que a cercadura na aba entre os filetes da sua bordadura e os do seu covo, possui pelo exterior a grinalda ondulada e pelo interior o espinhado. Diâmetro 17,3 cm.



É perfeitamente notório no fundo do prato e no seu verso os três pontos dos apoios das trempes utilizadas para os empilhar na cozedura.
 

Não possui qualquer marca e o seu verso, aparenta um vidrado semelhante à louça malegueira.
 

Presumimos tratar-se de um fabrico de Aveiro, de meados ou finais do século XIX,  pois o fabrico do Norte tem a grinalda ondulada da bordadura pelo interior e o espinhado pelo exterior, se fosse de Coimbra, o azul da pintura seria mais claro e mais “desmaiado”.


  2.ª Peça:

 
Prato de sopa em faiança, com decoração motivo Cantão Popular, com marca pintada e manuscrita “LUSITANIA”, com uma decoração mais “industrial” e menos ao livre gosto do pintor. Possui no verso uma gravação na massa – um conjunto de dois números “52” e “149”. Diâmetro 25,0 cm.
 
 

Possui vários tons de azul na decoração, em que os elementos alegóricos ao motivo, desenhados no fundo do prato estão a azul-escuro, tal como o filete largo da sua bordadura. A árvore estilizada é uma árvore de fruto. Quer no limite do fundo quer a meio da aba, possui faixas rodadas esponjadas a azul claro e sobre as mesmas decorações a azul mais escuro.
 
 

Crê-se ser fabrico, provavelmente da década de 30 do século XX, e por conseguinte da fábrica Lusitânia, desconhecendo se da fábrica de Lisboa, se da de Coimbra.


 
3.ª Peça:
 

Invulgar peça em faiança com motivo de Cantão Popular, chamemos-lhe de taça quadrada, decorada com uma variante não habitual do motivo. Possui pintura manual, muito ao gosto e estilo do seu pintor.
 

Possui como decoração central um pequeno palácio oriental e não tem qualquer árvore estilizada. Com decoração “sui generis” na aba exterior.
 

Não possui qualquer marca e as suas dimensões são: 15,3 x 15,3 com a altura de 4,8 cm.
 

Quer no fundo da taça, quer no seu verso apresenta os três pontos dos apoios das trempes utilizadas para as empilhar na cozedura e o seu verso, aparenta um vidrado semelhante à louça malegueira.
 

Aparenta ser fabrico do final do século XIX, não configurando ser Miragaia (fabrico do Norte), podendo, eventualmente, ser fabrico de Coimbra?
 

Mas para ser Coimbra, parece-nos que as cores aplicadas possuem tons fortes de mais para o habitual e o desenho e decoração aplicado nos cantos não é habitual nem característico de Coimbra.
 

Poderá eventualmente ser fabrico de Aveiro? Ou mesmo de Alcobaça? De Santo António do Vale da Piedade não cremos. Aceitam-se sugestões e indicações de quem nos possa ajudar.

 
Sem dúvida uma bela peça, pela sua particularidade, ingenuidade e criatividade da decoração e pela sua raridade!

sábado, 5 de abril de 2014

Cantão Popular - MONTARGILA - mais uma Fábrica

Mais uma fábrica de Cantão Popular: Montargila (Algés)

Deambulando por umas velharias na periferia de Lisboa, encontrei mais um prato do Cantão Popular, ou por vezes referido como "Miragaia".

Tal como sempre e não resistindo voltei o prato, esperando não encontrar qualquer marca no seu tardoz, quando para meu espanto identifico perfeitamente a marca "MONTARGILA" - mais uma fábrica de Cantão Popular !





 

 

Como sabem, o Cantão Popular é uma adaptação livre e ingénua da loiça inglesa do “Willow Pattern” e foi fabricado em Portugal por várias fábricas, a maioria anónima, desde o início do século XIX até quase aos anos 60 ou 70 do século XX.

Há imensas variantes ao motivo, que também é executado em pastas diferentes.

O cantão popular foi fabricado pela Fábrica de Miragaia (entre 1827 – 1840) – 2º período de fabrico; pela Lusitânia (na fábrica de Coimbra, provavelmente, a partir de 1929); na Fábrica do Cavaco do Porto (entre 1862 – 1920); na Fábrica das Loiças do Pinheiro – S. Roque de Aradas – Aveiro, por volta dos anos 50 do século passado e eventualmente outras mais como Cesol – Coimbra, Darque – Viana; Constância – Lisboa e outras que desconhecemos.
 
Este prato a que nos estamos a referir, contrariamente ao habitual, possui marca e sabe-se assim que foi fabricado na fábrica Montargila.

A Fábrica de Cerâmica de Montargila, situava-se em Algés, mais propriamente na Estrada que liga Algés a Linda-a-Velha, concelho de Oeiras, a qual foi fundada em 1897 por José Joaquim d’Almeida Junça.

Em 1906, teve obras de remodelação e ampliação. Esteve em funcionamento até aos anos 60 e fabricava telha, telhão, tijolo e artigos decorativos de cerâmica, do qual este prato seria um.

Em 2005, era esta a imagem da fábrica extinta.
 
 
 

Refira-se que José Joaquim d’Almeida Junça possuía também a Fábrica de Produtos Cerâmicos, na Rua da Fonte Santa, nº 88 a 96, em Lisboa, fundada em 1882, da qual se apresenta a imagem seguinte (O Independente, n.º 1, de 3 de Fevereiro de 1889).
 
 
 
Foi nesta Fábrica que foram fabricados os pratinhos em terracota comemorativos do VII Centenário do nascimento do Santo António, conforme imagens seguintes.
 

Enfim, mais uma incursão pelas velharias, com a descoberta de mais um prato com história !