quinta-feira, 14 de maio de 2015

FAIANÇA D’ ALCÂNTARA, MOTIVO PORTO: UM LOTE INTERESSANTE



Há dias felizes, como se costuma dizer!


Há algum tempo atrás numa das nossas deambulações por uma das muitas feiras de velharias, de antiguidades e de “lixo”, que se realizam; num pano de chão e entre várias peças de faiança, de porcelana e de quinquilharia diversa, vimos duas boas peças de loiça da Fábrica de Alcântara.


Começamos por perguntar o preço de umas peças em faiança, de fabrico corrente e menos valorizadas e outras em porcelana, algumas mesmo “chinesices”; por fim perguntamos o preço das duas interessantes peças em Faiança de Alcântara, uma travessa de cantos arredondados e uma molheira…


À, isso é outra loiça, é de Alcântara, tem mais de cem anos, isso é caro….”, Lá dizia o vendedor, e nós com toda a calma e tempo lá lhe perguntámos o valor, e na verdade o valor que indicou era elevado, até um pouco exagerado!


Voltamos-nos para outras peças de qualidade inferior, mirámos as mesmas, enquanto ela atendia um casal, que lhe comprou algumas peças.

Voltámos à carga, como se costuma dizer, e pedimos se ele fazia um preço especial, gostávamos das peças, mas desconhecíamos que as mesmas “valiam tanto”; na verdade fez uma razoável atenção no valor, ao que nós contrapusemos outro valor, metade do valor inicial que tinha indicado, ele subiu um pouco e lá fizemos negócio!

Negócio feito e um grande rol de recomendações “tenha cuidado com essas peças, não as parta, são muito boas,… tenha cuidado não bata com o saco,…, não o deixe cair”; ao que agradecemos.


E lá trouxemos uma travessa funda, com covo acentuado, de cantos arredondados e uma molheira, de interessante silhueta, vista de perfil, ambas com decoração vegetalista, monocromático azul-escuro, cujo motivo se denomina “PORTO”.

Esta decoração, por estampagem, para além dos motivos vegetalistas, exibe também arranjos geométricos com elementos curvos, alternados com arranjos vegetalistas de pequena dimensão, com simetria e repetição.


A travessa possui marca gravada na pasta, com o formato circular, com a indicação “LOPES & C.ª – ALCANTARA – LISBOA”, correspondendo, provavelmente ao período de fabrico entre 1900 e 1917, tendo em atenção a palestra dada pelo Sr. Jaime Regalado em 23 de Janeiro do corrente ano, no Museu de Cerâmica de Sacavém. Não possui qualquer identificação do motivo.

Quanto à molheira e devido à sua base ser copada e funda, não possuí qualquer carimbo ou marca gravada na massa que identifique o seu fabrico, período, ou motivo; mas a sua decoração não deixa dúvidas: Motivo Porto, faiança da Fábrica de Alcântara.

Noutra banca mais à frente, melhor, noutro pano no chão e entre faianças de Sacavém, de Coimbra: Lusitânia e Lufapo, bem como de Aveiro: Aradas e Pinheira, dois pratos de sobremesa, que imediatamente os identificámos como sendo da Fábrica d’ Alcântara e do motivo PORTO.


Ambos com marcas circulares iguais à da travessa no tardoz, mas um, por sinal com um defeito de fabrico no covo, com uma “nódoa” e falta de vidrado, mas também com um carimbo monocromático a azul-escuro, com as indicações. “L & C”, “FAIANÇA FINA”, “FÁBRICA D’ ALCÂNTARA” e “PORTO”, encaixilhado, evidenciando de forma inequívoca o respectivo motivo.


Peças provavelmente de fabrico compreendido entre os anos de 1887 a 1900, segundo as indicações dadas pelo Sr. Jaime Regalado em 23 de Janeiro do corrente ano, na palestra que deu no Museu de Cerâmica de Sacavém.


No entanto e dado que um dos pratos possui o carimbo e a marca gravada na pasta, dá-nos, provavelmente a indicação que se trata mais especificamente de fabrico do ano de 1900 ou 1901, quanto postavam conjuntamente o carimbo e a marca referidas.


Em suma, um dia de sorte, que conseguimos reunir um pequeno lote (quatro peças): uma travessa de cantos arredondados, uma molheira com um interessante formato e dois pratos de sobremesa, todos do Motivo “Porto” da Fábrica d’ Alcântara.


Como sabemos as peças mais frequentes são os pratos, que rasos ou covos, pelo que estas peças, nos deram uma satisfação especial, razão de as apresentarmos em conjunto.


FONTES:

1) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;



4) - “Cerâmica Portuguesa – Marcas da Cerâmica Portuguesa”, de José Queirós, 2ª Edição, II Volume, (1ª reedição em fac-simile), José Ribeiro – Editor e Livraria Estante Editora, Aveiro – 1987;




terça-feira, 12 de maio de 2015

Faiança da Estatuária Artística de Coimbra- período Frutuoso – Belo Jarro


É do conhecimento público o nosso encanto pela Faiança da Estatuária Artística de Coimbra, e em especial pelas do primeiro período, identificado por FRUTUOSO.


Corresponde ao período de fabricação pré constituição da EAC (estatuária Artística de Coimbra) e eventualmente como da primeira fase do fabrico da mesma, período esse, provavelmente entre 1926 e 1943, ou mesmo até 1947.


Foi o período com uma qualidade superior de decoração, acabamento requintado e firmeza na pintura – correspondendo, provavelmente, ao período de melhor qualidade e com maior requinte de decoração da Estatuária Artística de Coimbra.


Havia gosto e prazer em fazer bem, com uma decoração policromática interessante, harmoniosa e que preenchia a peça de forma cativante, é perfeita a sintonia entre a forma da peça e a sua decoração, com uma palete de cores fascinante, sobressaindo, como não podia deixar de ser os tons fortes de azul.


…Sabe, naquele tempo, pelos pigmentos utilizados, pelas misturas efectuadas e pela cozedura em fornos, a lenha, conseguiam-se os azuis, que nunca mais se conseguem,…”, isto dizia-me há tempos um “grande” coleccionador de faianças, da Estatuária de Coimbra e de Louça de Alcobaça. Sou “forçado” a concordar, pois peças com estas cores já não se conseguem fazer.


Apresentamos agora uma interessante e bela peça, correspondente ao n.º 10 de catálogo (que interessante deveria ser o catálogo), um jarro prismático octogonal assimétrico, (os lados da base não são todos de igual dimensão), com ligeiro estrangulamento para a boca, com um singelo reperfilamento para o bico, com uma asa, contraposta, de desenvolvimento harmonioso.


Este jarro está soberbamente decorado, em policromia, com cores muito fortes, em especial o azul (cobalto), mas também com vermelhos fortes, amarelos-torrados, verdes fortes, verdes secos, verdes ervilha e amarelos, para além da base da peça, com uma cor de vidrado azul claro, celeste, que estabelece o contraste e acentua as outras cores.


A decoração é simplesmente vegetalista, com vários arranjos, possuindo nas duas maiores faces laterais, uma exuberante flor, em cada uma, com uma exuberante coroa com pétalas vermelhas escuras e os estames amarelos; o pedúnculo floral em verde seco, assemelhando-se a uma gerbera, será?


Todas as outras faces laterais encontram-se decoradas com grinaldas florais, policromáticas. A asa, o bordo da boca e o bico possuem também interessantes arranjos florais decorativos. Todas as arestas das faces laterais, bordadura da boca, do bico, ilhargas da asa e bordo da base encontram-se decoradas com um filete grosso na cor azul forte.


Possui na base a marca manual de “10” – número de catálogo da peça, “ESTATUÁRIA”, “COIMBRA” e “FRUTUOSO” – identificação do fabrico e da época e “LA” – a assinatura do seu fabricante – artista da decoração.



Fontes:
2) – “Cerâmica – artes Plásticas e Artes Decorativas – Normas de Inventário”, Museu Nacional do Azulejo, Ana  Anjos Mântua, Paulo Henriques, Teresa Campos, Instituto dos Museus e Conservação, 1ª Edição, Maio de 2007;
5) – “Cerâmica de Coimbra, do Século XVI-XX”, de Alexandre Nobre Pais, António Pacheco e João Coroado, Edições Inapa, Coleção História da Arte, 2007;

domingo, 10 de maio de 2015

OUTRO PRATO DE ALCÂNTARA, IMACULADO, MOTIVO PÁSSAROS (?) PARDAIS ?


A paixão ou obsessão pela Louça de Alcântara leva-nos a apresentar outra peça dessa deslumbrante Fábrica, de que tão pouco se sabe – um prato covo, perfeitíssimo, imaculado, com o motivo “Pássaros”? “Pardais” ?, não sabemos.
Prato em faiança fina, tal como o próprio carimbo no tardoz do mesmo a indica, de muito boa qualidade de execução, com uma interessante decoração monocromática a, negro, com motivos vegetalistas, de duas espécies, pássaros, borboleta e insecto.
É uma decoração estampada, fora dos habituais padrões, não demonstrando qualquer influência inglesa, antes pelo contrário, uma decoração inovadora, à época, influenciada pelas novas linhas temáticas da arte.
A decoração é contínua de aba a aba, atravessando todo o covo do prato, com uma organização perfeita na área disponível do mesmo e criando um enquadramento harmonioso da cena ambientalista apresentada.
Constitui, provavelmente, uma das primeiras manifestações na cerâmica, em Portugal, da denominada “Arte Nova”, em que os conceitos e ideias naturalistas eram postos em prática, neste caso específico, a nível da decoração.
Mais tarde, já no início do século XIX, este estilo estético, foi ao seu expoente máxima, a nível da cerâmica nacional, ultrapassando a decoração e influenciando a forma e assim surgiram muitas peças, nas Caldas da Rainha, em forma de vegetais. Peças cerâmicas em forma de couves, alfaces, abóboras; de peixes e de outros animais – quem não conhece a “Louça das Caldas” ?
Não há dúvida que se trata de uma decoração vegetalista na linha de outros motivos, desta fábrica, tais como: motivo PAISAGEM, motivo FRAGATA, motivo VARINA?, motivo LEQUE?, motivo ESTIO?, motivo CACTOS, motivo PAPOILAS?, motivo PHANTASIA, motivo ESPIGAS?, motivo CAMPAINHAS, motivo LEQUES, ou motivo SILVAS, em que se pode considerar que há um elo condutor, a decoração com motivos vegetalistas, fora dos habituais padrões de estampagem com influência anglo-saxónica e em que a decoração se desenvolvia sem os preconceitos de aba e covo, mas sim sobre toda a superfície do prato.
Possui no tardoz do prato marca monocromática a, negro, com a indicação de “L & C” – (Lopes & C.ª), “FAIANÇA FINA”, “FABRICA D’ALCANTARA”, , pelo que o seu provável período de fabricação, segundo a fonte 1), se terá iniciado no ano de 1886, quando a fábrica passou para a propriedade e gestão de Lopes & C.ª. Não possui qualquer referencia ou identificação do estilo da decoração.
Segundo palestra dada pelo Sr. Jaime Regalado em 23 de Janeiro do corrente ano, no Museu de Cerâmica de Sacavém, a designação de “FAIANÇA FINA”, em substituição de “LOUÇA À INGLEZA”, começou a ser aplicada provavelmente a partir de 1890.
Trata-se pois de uma peça, muito provavelmente com cerca, ou mais, de 125 anos, em perfeito estado de conservação, sem qualquer cabelo, nem qualquer outra falha – uma peça de faiança da Fábrica de Louça de Alcântara imaculada!
Em suma podemos considerar uma peça rara!

Fontes:
1)“Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;


4) - “Cerâmica Portuguesa – Marcas da Cerâmica Portuguesa”, de José Queirós, 2ª Edição, II Volume, (1ª reedição em fac-simile), José Ribeiro – Editor e Livraria Estante Editora, Aveiro – 1987;

PRATO DE ALCÂNTARA, MOTIVO MANUELINO

A Faiança da Fábrica de Louça de Alcântara encanta-nos de forma superior, pelo que ciclicamente fazemos uma revisitação à mesma e apresentamos uma peça, de modo a mantê-la presente.
Todos sabemos, que quando a Fábrica de Louça de Alcântara iniciou a sua fabricação, em 1885 tinha de rivalizar e concorrer com a faiança inglesa, da qual teve uma enorme influência, de mais a mais que um dos seus primeiros proprietários e gestor era inglês, Stringer.
Por tal razão, a qualidade da louça que começou a produzir era de muito boa qualidade, a dita “faiança à ingleza” e quando passou para a gestão portuguesa, exclusiva, com Lopes & C.ª, e a denominada “faiança fina”.
Pese embora tivesse utilizado alguma estampagem igual ou semelhante à inglesa, a linha diferenciadora e cativante para impulsionar o seu consumo foi a utilização de estampagem com motivos próprios e ao gosto nacionalista.
Um desses motivos, e que permitiu a concepção de um prato fabuloso foi o “Motivo Manuelino”, com um perfeito toque nacionalista, reportando, evidenciando e enaltecendo a época áurea dos descobrimentos portugueses, aos quais se associa o estilo Manuelino.
O estilo Manuelino, ou seja o estilo gótico português, tardio ou também denominado flamejante cujo expoente máximo e edificação emblemática é o Mosteiro dos Jerónimos, mandado construir por D. Manuel I, e destinado a perpetuar o regresso de Vasco da Gama, da Índia, em 1502.
O exemplar que apresentamos possui o motivo “Manuelino”, com uma exuberante decoração na aba do prato, sopeiro, em tom monocromático grená, decoração essa com a exibição de seis pormenores arquitectónicos do referido estilo gótico português tardio ou manuelino, alternados com outros seis elementos decorativos em que exibidos figuras ou bustos com trajes à época.
No centro do covo do prato sopeiro, uma esfera armilar e envolvendo a mesma uma coroa circular com motivos vegetalistas, igualmente na cor monocromática grená ou rosa escuro.
A esfera armilar é o motivo preponderante e mais frequente na arquitectura manuelina, tendo sido a divisa conferida pelo rei D. João II ao futuro rei D. Manuel I, e mais tarde considerada como um sinal de afirmação divina para o reinado do citado D. Manuel.
Possui no tardoz do prato marca monocromática grená com a indicação de “L & C” – (Lopes & C.ª), “FAIANÇA FINA”, “FABRICA D’ALCANTARA”, e encaixilhado “MANUELINO”, ou seja o nome do motivo da peça, pelo que o seu provável período de fabricação, segundo a fonte 1), se terá iniciado no ano de 1886, quando a fábrica passou para a propriedade e gestão de Lopes & C.ª.
Segundo palestra dada pelo Sr. Jaime Regalado em 23 de Janeiro do corrente ano, no Museu de Cerâmica de Sacavém, a designação de “FAIANÇA FINA”, em substituição de “LOUÇA À INGLEZA”, começou a ser aplicada provavelmente a partir de 1890.
Trata-se pois de uma peça, muito provavelmente com cerca, ou mais, de 125 anos, em perfeito estado de manutenção, sem qualquer cabelo, nem qualquer coloração de gordura ou outra.
Pelo motivo, pelo seu estado de conservação, trata-se de uma peça que podemos considerar rara!

Fontes:

1)“Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;

4) - “Cerâmica Portuguesa – Marcas da Cerâmica Portuguesa”, de José Queirós, 2ª Edição, II Volume, (1ª reedição em fac-simile), José Ribeiro – Editor e Livraria Estante Editora, Aveiro – 1987;


Prato Real de Sacavém, motivo “VENEZA”

Outro motivo de decoração da Faiança da Fábrica de Louças de Sacavém bastante interessante e não muito corrente é o “VENEZA”, que possui uma exuberante e intensa decoração, estampada, quer na aba, que a preenche na sua totalidade, quer também por amplo preenchimento no fundo do prato, inserido numa reserva circular em grinalda.


E quando o fabrico corresponde ao período da Real Fábrica de Sacavém, perfeitamente identificado pelo carimbo estampado no tardoz do prato, complementado com a marca gravada na pasta, ainda mais importância e valor damos à peça.


O motivo “VENEZA”, e quando estampado em tom de verde seco ainda mais exuberante e cativante é a peça.


Na aba, a decoração vegetalista, repetitiva e intercalada entre reservas, é exuberante e com composições diferentes, entre si.




A decoração do fundo do prato (covo) exibe um interessantíssimo trecho arquitectónico, com um imponente conjunto edificado, constituído por palácios e outros edifícios apalaçados e com altas torres, para além de jardins, com muros, balaustradas, escadarias, vegetação, um lago, uma ponte em arcos e vários conjuntos de pessoas, tudo ao gosto “romano”, ou “veneziano”, e daí o nome do motivo “VENEZA”.






Remonta, provavelmente, ao período de fabrico de 1885-1886, pois possui a gravação na pasta correspondente ao período 1880-1885 e o carimbo que corresponde ao período de 1886-1894.


Este interessante motivo, "Veneza", amplamente aplicado na Faiança nacional foi adaptado do padrão Venetian Scenery, do fabricante inglês de faiança, Wood & Brownfield, como o bloguista Luis Y (velhariasdoluis.blogspot.com), me informou.


FONTES:

1) – “Fábrica de Louça de Sacavém – Contribuição para o estudo da indústria cerâmica em Portugal 1856-1974” de Ana Paula Assunção, Coleção História da Arte – Edições INAPA – 1997;

2) – “150 Anos – 150 Peças – Fábrica de Loiça de Sacavém” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Março de 2006;

3) – “Porta aberta às memórias” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2008;

4) - “Porta aberta às memórias” – 2ª edição, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2009;

5) – “Dicionário de marcas de faiança” de Filomena Simas e Sónia Isidro, da Estar Editora, Lisboa – 1996;



7) – “Primeiras peças da produção da Fábrica de Loiça de Sacavém: O Papel do Coleccionador”, de Ana Paula Assunção, Carlos Pereira e Eugénia Correia, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – 2003;

sábado, 9 de maio de 2015

Prato Real de Sacavém, motivo “Lilian”

Todos sabemos da enorme quantidade de motivos aplicados nas peças em faiança produzidas na Fábrica de Louças de Sacavém, ao longo dos diversos períodos de fabricação.


De realce, sempre, os fabricos e os motivos do período correspondente ao da Real Fábrica de Sacavém, perfeitamente identificado pelo carimbo posto, com a soberba coroa real no centro do carimbo, completado com a marca gravada na pasta, constituída pela coroa e a palavra “SACAVÉM”.









                                                                                                                                                                                                                                                         
Um dos motivos menos usais é o “Lilian”, o qual apresentamos agora, aqui, num prato raso, com decoração a, negro, decoração também pouco usual na Fábrica de Sacavém.


Pese embora se trate de um prato, partido, colado, com falhas na aba, o mesmo merece a nossa atenção e carinho, pela decoração e motivo em jogo, dada a sua pouca existência, e consequente raridade.


Trata-se de uma decoração floral, com vários arranjos, com inicia na bordadura da aba, prolongando-se até ao covo; decoração essa estampada sob o vidrado.


Na verdade este motivo denota uma clara influência oriental, quer pelos motivos florais quer pelas reservas abstractas, com decorações geométricas, quer pela organização do seu conjunto.


Remonta ao período de fabrico de 1885-1886, pois possui a gravação na pasta correspondente ao período 1885-1886 e o carimbo que corresponde ao período de 1886-1894.

FONTES:

1) – “Fábrica de Louça de Sacavém – Contribuição para o estudo da indústria cerâmica em Portugal 1856-1974” de Ana Paula Assunção, Coleção História da Arte – Edições INAPA – 1997;

2) – “150 Anos – 150 Peças – Fábrica de Loiça de Sacavém” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Março de 2006;

3) – “Porta aberta às memórias” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2008;

4) - “Porta aberta às memórias” – 2ª edição, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2009;

5) – “Dicionário de marcas de faiança” de Filomena Simas e Sónia Isidro, da Estar Editora, Lisboa – 1996;



terça-feira, 5 de maio de 2015

SALADEIRA EM FAIANÇA AZUL E BRANCA COM INTERESSANTE DECORAÇÃO. FABRICO DE COIMBRA?

Saladeira em faiança, azul e branca, peça oval, moldada, gomada e recortada, muito interessante. Decoração monocromática azul sobre o vidrado branco, com decoração simples mas cativante, e interessante, desconhecida.

Em suma, um motivo desconhecido, para o qual, comparativamente à decoração de outras peças se alvitra ser uma decoração simples “da vida” do “labirinto da vida” ou da “evolução da vida”. Uma ingénua e simples decoração, mas muito interessante e deveras intrigante.

Ou será uma simples decoração de linhas entrecortadas e ligadas entre si, somente par criar um conjunto decorativo para encher a saladeira? Um emaranhado de linhas que se unem e formam figuras abstractas, quão células, e dentro delas três segmentos de linhas curvos, a estilização da evolução da vida? Pura imaginação? Devaneio abstraccionista?

Em termos de textura, trata-se de uma peça em barro branco, com esmalte branco e translúcido, apresentando alguns pontos de falha de vidrado e exibindo no tardoz, com um único frete oval, alguns escorridos do vidrado e deixando trespassar a cor de grão da pasta.
Não possui qualquer marca ou carimbo.


Produção provável do final do século XIX ou início do XX, de Coimbra. Também poderá ser fabrico de Aveiro, ou mesmo do Norte, mas encaminhamo-nos mais para Coimbra, pela textura, vidrado e cor aplicada.

Uma peça interessante, que cativa, mas que tão pouco sabemos sobre a sua decoração e fabrico.