quarta-feira, 27 de maio de 2015

Prato Decorativo da Cerâmica Bombarralense – tipo Louça de Alcobaça


1. Introito

Existe uma faiança decorativa, “tipo Louça de Alcobaça”, com algumas semelhanças à produzida por Raul da Bernarda, na década de 30, do século passado, com interessante e intensa decoração policromática, com aplicação dos fortes azuis que tanto nos deslumbram.


Trata-se de faianças da C.B.L., ou seja da Cerâmica Bombarralense, Limitada, do Bombarral, que frequentemente é confundida com as faianças de Alcobaça, dada a sua semelhança.

Recentemente estivemos em casa de pessoa amiga que possui uma interessante colecção destas faianças, conseguida e organizada pelo seu falecido pai, pela qual ficámos deslumbrados e tecemos algumas considerações, quer em relação à decoração, quer em relação à tonalidade das cores.

E então não é que num gesto de puro afecto que somos presenteados com um prato decorativo, de asas, tipo prato de torradas
.


Logo pensamos, o reconhecimento deste gesto vai ser uma publicação no blogue acerca das Faianças produzidas pela C.B.L. – Bombarral.


2. Historiando: Cerâmica e Jorge Monteiro

A Cerâmica C.B.L., do Bombarral, foi uma das duas importantes cerâmicas desta localidade, mais propriamente a primeira a ser fundada.

A Cerâmica Bombarralense Limitada (C.B.L.) foi fundada em 1944, vindo a encerrar em 1954. Foi constituída por escritura de 18 de Fevereiro 1944, em que se declarava estar a C. B. L. "destinada ao fabrico de louça doméstica, artística e azulejos", e tinha como seu capital inicial a quantia de 60.000$00, cujo capital social estava distribuído por três parcelas de 20.000$00, em nome de José Luiz de Barros, Joaquim Amador Maurício e Jorge de Almeida Monteiro.


O grande impulsionador e dinamizador da fábrica foi Jorge de Almeida Monteiro, que nasceu em 1908, na citada localidade do Bombarral e que viria a falecer em 1983.

O mesmo exerceu as funções de director técnico cuja produção se centrava em modelos que evocavam elementos decorativos de outros séculos, bem como ao recorrente e intenso azul que se aplicava na faiança de Alcobaça.

A família de Jorge Monteiro dedicava-se ao pequeno comércio, sendo que seu pai, Custódio de Almeida Monteiro, possuía uma loja de vidros e louças.

Jorge Monteiro frequentou, nas Caldas da Rainha, a então denominada Escola Primária Superior e a Escola Industrial e Comercial. Começou por frequentar um curso comercial, que não chegou a concluir, tendo mais tarde optado por se matricular no curso de cerâmica.


Em 1938, com 30 anos, casou com a jovem Atalanta Judicibus, filha de um tal Evaristo Judicibus, que possuía uma tipografia, tendo ido o casal viver para a Nazaré.

Jorge Monteiro desenvolve o seu trabalho entre a loja do pai e a tipografia do sogro, fazendo ainda trabalhos de reparação de mobiliário, com o recurso ao cobre e à madeira, bem assim como desenvolvendo-se como artista, criando peças em cobre martelado.

Por volta de 1940 ou 1941, um reconhecido ceramista e escultor, à época, Alberto Morais do Vale, que era o director da Escola Caldense, organizou no Bombarral um curso de artes plásticas, no qual Jorge Monteiro participou.

Como resultado desta participação, Jorge Monteiro, obteve o estímulo para projectar a fundação de uma fábrica de cerâmica, o que viria a acontecer em 1944, com a C.B.L. – Cerâmica Bombarralense, Limitada, que se dedicou à produção de louça decorativa e azulejo, a qual viria a encerar em 1954, na sequência de um incêndio e quando já se encontrava descapitalizada.


No entanto, há relatos históricos de que a Cerâmica Bombarralense chegou a estabelecer durante algum tempo, um núcleo experimental de cerâmica contemporânea, onde alguns ceramistas, escultores e pintores, eventualmente, poderão ter criado, algumas peças.

Deste modo, esta fábrica teve um papel importante à época pois foi também e para além da sua fabricação foi um ponto de encontro artístico e político. Nomes das artes, como o pintor Júlio Pomar (n.1926), Alice Jorge (1924 – 2008), Hernâni Lopes, Stella de Brito, David de Sousa, a ceramista Maria Barreira (1910 – 2014) e Vasco Pereira da Conceição (1914 – 1992), foram alguns dos que o frequentam. O ambiente cultural e estético vivido era fortemente influenciado pelo neorrealismo.


Por outro lado no início da década de 50, António Dias Coelho faz experiências de cerâmica nesta Cerâmica. E foi em 1944, que o jovem pintor de cerâmica, Ferreira da Silva, vindo de Coimbra com 16 anos, principiou a sua carreira artística.

Evidenciando a importância desta fábrica e o seu mentor Jorge Monteiro há a referir que este esteve presente nas Exposições Gerais de Artes Plásticas da Sociedade Nacional de Belas Artes, entre 1949 e 1954, ou seja até ao ano de encerramento daquela.


3. Caracterização da Faiança da C.B.L.

A Faiança da C.B.L. – Bombarral integra-se perfeitamente no conjunto das louças denominadas como “Louça de Alcobaça”, quer pela sua composição, quer pela sua policromia, quer pela palete de cores aplicadas.

Na verdade, tratam-se de peças em que a cor de fundo é o azul claro e a decoração a azul-escuro, amarelo-torrado, vermelho, verde, castanho e violeta.


Cercaduras com filetes em azul-escuro, com filete em amarelo-torrado, intercalado; com cercadura de arranjos esquematizados, com azuis carregados e bem cozidos, que dão um reflexo notório à peça, enaltecendo a sua imagem.


A composição floral do fundo do prato tem uma forma e expressão mais simples de tratamento, com cor monocromática azul, menos fortes, mas mantendo os habituais tons.

As composições florais habitualmente exibidas apresentam interessantes arranjos florais com a interposição de arranjos geométricos com reservas de linhas vermelhas entre-cruzadas, em perfeita sintonia e com uma beleza abrangente e cativante em termos de decoração policromática.


As marcas no verso das peças, todas manuais, identificam o fabrico da peça “C.B.L.”, identificam o local “BOMBARRAL”, cultivam o marketing “MADE IN PORTUGAL” e identificam o pintor da mesma. Na nossa peça “A.L.”- quão gostaríamos de descobrir e depois dar a conhecer quem teria sido o pintor artístico desta peça de faiança.


Para uma melhor identificação da composição dos arranjos apresentados e da composição cromática da Cerâmica C.B.L, apresentamos algumas peças, cujas imagens foram recolhidas na NET e que ilustram tais referências.





4. Em jeito de conclusão

A faiança da C.B.L. – Cerâmica Bombarralense, Lda. teve um significativo relevo e importância na época em que laborou, sendo a fábrica mais a sul, da região de Alcobaça a fabricar a denominada “Louça de Alcobaça”, com padrões decorativos policromáticos bastante elaborados e com tonalidades de azul bastante fortes e outras cores também fortes que se assemelhavam a decorações da Vistal ou Vestal, bem assim como de Raul da Bernarda.

Oportunamente voltaremos a falar desta fábrica, com outras peças que temos por catalogar, bem assim como da eventual obtenção de informações referentes a esta fábrica e que andamos a pesquisar.


Fontes:


2) - Humberto Sousinha Macatrão, "Jorge de Almeida Monteiro".

3) - Jorge de Almeida Monteiro, 1908-1983. Catalogo das Exposições. Museu Municipal do Bombarral, 1997




quarta-feira, 20 de maio de 2015

A importância de S. J. Benchaya na Faiança Portuguesa - F. L. S.


1. Em jeito de preâmbulo:

Já diversas peças de faiança, de fabrico da Fabrica de Louça de Sacavém, nos passaram pelas mãos e em apreciação, com um curioso carimbo verde circular com as indicações “S. J. BENCHAYA”, “FABRIQUÉ AU PORTUGAL” e “CASA BLANCA”.




Correspondem a peças produzidas em Portugal e que foram importadas para comercialização em Marrocos, pelo importador S. J. Benchaya.

Agora, na presença, de mais duas, uma uma tigela gomada, de decoração manual e simples, a duas tonalidades, e de um prato de covo acentuado, com decoração policromática, com um arranjo floral e um trecho de campo com uma esbelta ave, foi o mote para esta análise, da importância do marroquino J. S. Benchaya na Faiança Portuguesa.


2. Procurando enquadramento:

As décadas de 30 e 40 do século passado corresponderam a uma fase de grande expansão da Fábrica de Louça de Sacavém, pois à época era reconhecida a qualidade dos produtos que fabricada.

Tanto pobres como ricos, ambos tinham e utilizavam peças da Fábrica de Louça de Sacavém, e nas ruas, nos prédios e nos estabelecimentos, quer fossem talhos, padarias, leitarias, farmácias, tabernas ou outros; todos utilizavam materiais e peças produzidas pela Fábrica de Louça de Sacavém.

O mercado era vasto, a nível nacional; para além dos particulares eram os hotéis do continente, mas também os da Madeira, Açores, Angola e Moçambique.

Havia  também destino certo para o norte de África – Casa Blanca; com a Casa S. J. Benchaya; mas até para o Brasil foi exportada louça, tal como para todo o mundo e em especial para as colónias inglesas, com as embalagens do chá Lipton.

Na verdade, na década de 30 e mesma na de 40, do século passado, Marrocos era o principal mercado de exportação para a faiança nacional, em especial a da Fábrica de Louça de Sacavém, com quem tinha estabelecido um protocolo comercial.

Digamos que era o distribuidor da louça da Fábrica de Louça de Sacavém em Marrocos. Refira-se que habitualmente essas peças não possuíam qualquer marca identificando o fabrico ou possuíam uma marca, discreta, incisiva na pasta que identificava a Fábrica de Louça de Sacavém, uma indicação alfanumérica, “GO52”, no prato que apresentamos, e “SACAVEM”.

Foram produzidos, cremos; serviços, bem como peças avulsas, como pratos, malgas, tigelas, saladeiras, … em que a decoração, variada, em motivos e em cores, mas dedicada a esse mercado.

(Malga antiga com carimbo S. J. Benchaya - Fonte Internet - CustoJusto)

(Malga antiga com carimbo S. J. Benchaya - Fonte Internet - CustoJusto)
(Carimbo S. J. Benchaya em malga antiga - Fonte Internet - CustoJusto)
Contudo, algumas dessas peças foram comercializadas em Portugal, por razões que não conseguimos ainda desvendar, sendo que essas peças se encontram, ainda com alguma frequência em casas antigas, principalmente a sul do país, em especial no Alentejo e no Algarve.

O citado carimbo verde só era aplicado nessas que se destinavam exclusivamente ao mercado marroquino, para a casa comercial de S. J. Benchaya, em Casa Blanca, desconhecendo-se assim qual a justificação para a sua comercialização à época no mercado nacional a sul. Eventualmente sobras de encomendas, mas por que razão só comercializadas no sul do país?


3. S. J.  Benchaya, quem era?

Consta que o marroquino S. J. Benchaya era um industrial judeu estabelecido na cidade de Casa Blanca, com uma ampla visão para o negócio e consequentemente para a possibilidade de enriquecer.

À época, estamos a falar de finais da década de 20, década de 30 3 inícios da década de 40, do século passado, o mesmo apercebeu-se da procura de peças, objectos e utensílios, por parte das classes locais mais privilegiadas ou com mais possibilidades económicas, dentro de um padrão em consonância com os gostos ou tendências europeias, à época, mas que de alguma forma fossem ao encontro da estética nacional – em suma de peças menos tradicionais, dentro do gosto marroquino, mas com as influências europeias à época.

(Malga - F.L.S. para S. J. Benchaya - Fonte 1)
(Carimbo da Malga - F.L.S. para S. J. Benchaya - Fonte 1)
Uma das procuras era as peças de faiança, mas que em Marrocos não se fabricava este tipo de louça, por falta de matéria-prima adequada, pelo que S. J. Benchaya, viu nas mesmas uma oportunidade de negócio e de enriquecimento, tendo por tal facto estabelecido o acordo comercial com a Fábrica de Louça de Sacavém.

(Prato- F.L.S. para S. J. Benchaya - Fonte 3)
(Prato- F.L.S. para S. J. Benchaya - Fonte 3)
(Prato- F.L.S. e carimbo S. J. Benchaya - Fonte 3)

No sentido de obter maior comercialização e de ir ao encontro do gosto marroquino, à época, S. J. Benchaya cria decorações próprias, originais, ao gosto e dentro do espírito marroquino, mas simultaneamente com características de contemporaneidade europeia.

(Prato Estampado- F.L.S. com carimbo S. J. Benchaya - Fonte 5)

Crê-se que já no início do Século XX, o eventual pai de S. J. Benchaya; M. Benchaya, já tinha estabelecido um acordo comercial com a Fábrica de Louça de Sacavém, para importação de louça utilitária, em faiança, para Marrocos. A confirmar-se esta situação, S. J. Benchaya, mais não fez que desenvolver o acordo comercial da sua família com a Fábrica de Louça de Sacavém.


4. E as peças utilitárias em Marrocos?

Até meados do Século XIX, em termos de utilização de peças utilitárias, em faiança, porcelana ou mesmo barro, Marrocos era um país de elevado contraste: a maioria do seu povo nada utilizava, enquanto as casas e famílias aristocratas usavam porcelanas da China.

Por outro lado não havia qualquer produção nacional, mesmo que de louça tradicional, pelo que em meados desse Século XIX, a partir de 1840, e devido às influências ocidentais, europeias, Marrocos tornou-se ávida de outro tipo de louça, ocidentalizada, burguesa, mais sofisticada e de melhor qualidade que a louça tradicional então produzida e de muito menor custo que a louça do Oriente, o que motivou um aumento de procura da mesma.

Para fazer face a esta crescente procura marroquina, algumas fábricas europeias criaram modelos com decoração “oriental”, para corresponder à mesma. Fábricas, como as francesas Montereau, Gien e Sarreguemines, inundaram o mercado marroquino com pratos, taças, tigelas e outras peças, com decoração de crescentes, luas e estrelas, mas também com a introdução de motivos mais ocidentais.

Mas a fábrica inglesa Spode também comercializou muita louça para Marrocos – digamos foi mais uma das várias fábricas europeias, que originaram a exportação de milhares de peças de cerâmica destinados para uso diário para países muçulmanos, situação ocorrida no período, desde por volta de 1840 até a década de 1930.

Foi pois neste contexto que surgiu S. J. Benchaya, na intenção de criar uma linha de produção mais ao gosto marroquino, com padrões que mais se identificassem com a sua cultura e valores, e rivalizando com os demais exportadores, pelo que optou pela fabricação dessas peças, em faiança, em Portugal, na Fábrica de Louça de Sacavém, dando indicações, modelos de decoração, de desenhos e figuras geométricas ao gosto marroquino e de uma palete de policromia (decoração geométrica em policromia), também ao gosto do país.

Cremos que numa primeira fase, S. J. Benchaya, ainda mandou produzir peças, à Fábrica de Louças de Sacavém, com decoração ao gosto do ocidente ou europeu, para concorrer em termos comerciais com as produções de outras fábricas europeias, já citadas e que se encontravam a exportar para Marrocos. Consideramos que o prato que apresentamos é um exemplo disso.


5. Decoração das peças de S. J. Benchaya:

As peças com carimbo S. J. Benchaya apresentam uma decoração particular, pesem embora transmitam alguns traços ocidentais, europeus, mas a gramática decorativa é mais ecléctica. Há um orientalismo geométrico, notário, pese embora com ornamentações que se poderão considerar de raiz marroquina, mas sem deixar de apresentar listas e frisos, algo ao gosto Art Nouveau, da época.

As cores usadas são geralmente fortes e em contraste, e as figuras geométricas predominam, bem como traços, listas e filetes.

É evidente nestas peças da Fábrica de Louça de Sacavém com carimbo S. J. Benchaya, entre 1920 e 1940, destinadas à exportação para Casa Blanca – Marrocos, a tentativa de criar um produto que não fosse pura e simplesmente a interpretação europeia do design islâmico, mas em que se procurou criar modelos influenciados pela cerâmica tradicional marroquina e pela Art Deco Europeia, à época, tendo como base fortes elementos geométricos, com cores fortes.

No entanto, para um melhor conhecimento das peças fabricadas, da sua forma, decoração, motivo e cromia, para além da sua apresentação e evolução temporal, apresentamos um conjunto de imagens das mesmas reproduzidas das fontes citadas.

(Taça monocroma a azul, de flores estilizadas alternadas com reservas
contendo motivos reticulados e contas, com carimbo S. J. Benchaya - Fonte 7)
(Tigela com decoração policroma, com composição geométrica
estilizada a azul e a amarelo  com carimbo S. J. Benchaya - Fonte 7)

(Tamborete com decoração policroma, com motivos geométricos estilizados,
 evidenciando decoração com influência árabe  com carimbo S. J. Benchaya - Fonte 7)
(Pote para gordura (manteiga?) com decoração policroma, com cercadura central de reservas polilobadas,
 com composições florais inseridas, contornadas por dois frisos com motivos reticulados 
com carimbo S. J. Benchaya
 - Fonte 7) 
(Prato decorativo, com decoração policroma de composição floral estilizada, deslumbrante
e com forte influência árabe com carimbo S. J. Benchaya  - Fonte 7) 

Nalgumas peças é perfeitamente notório o que indicámos, ou seja a forma, decoração e cromia ao encontro do gosto e genuinidade marroquina, ou seja decoração e cromia com influência árabe.


6. Voltando às nossas peças:

A nossa tigela, de formato Meia-cana possui uma decoração, simples, efectuada manualmente, constituída por dois filetes finos um na bordadura da boca e outro no covo da base, ambos a preto, e um filete largo, a azul celeste após o filete da bordadura.


Lateralmente de modo a realçar os gomos, linhas curvas e segmentos de linha, a preto.


Pese embora de trate de uma peça, provavelmente, do período de fabrico de 1920 a 1940, o formato desta peça só vem referenciada no Catálogo de Formatos de Loiça Doméstica, da fábrica de Sacavém, de Maio de 1950.

(Tigela formato meia-cana - F.L.S. - anos 50 - Fonte 1)

Por outro lado, na Tabela de Preços da Fábrica de Louça de Sacavém de 1932, este formato não vem referenciado, mas sim os formatos Douro, Francez e Liso, provavelmente porque o mesmo não se destinava ao mercado nacional mas para exportação para Marrocos.

(Tigela formato meia-cana - F.L.S. - anos 50 - Fonte 1)
(Carimbo da Tigela formato meia-cana - F.L.S. - anos 50 - Fonte 1)
(Outras tigelas F.L.S. com carimbo S. J. Benchaya - Fonte 4)

Quanto ao prato, covo de covo acentuado, policromático com interessante decoração, ao gosto ocidental ou europeu, com duas composições, uma simplesmente floral e outra com um trecho da natureza onde sobressai uma interessante e esbelta ave, com uma plumagem deslumbrante. Na bordadura da aba possui um filete na cor azul.






Prato com formato interessante, com covo acentuado, sopeiro não seria, pois em Marrocos não de come sopa, e raso não seria igualmente necessário, pois à época, não comiam conduto, pelo que o prato teria a formato apropriado para se comer o célebre couscous, eventualmente com carne de ovino, com a característica gordura a saber ou com aroma a ranço, comida essa simplesmente com as mãos. 

Outras peças similares identificadas na Internet:

(Prato estampado monocroma da F.L.S. com carimbo S. J. Benchaya - Fonte 4)
(Carimbo S. J. Benchaya no prato estampado monocroma da F.L.S. com  - Fonte 4)
(Prato fundo, motivo floral, policroma da F.L.S. com carimbo S. J. Benchaya - Fonte 1)
(Carimbo S. J. Benchaya em Prato fundo, motivo floral, policroma da F.L.S.  - Fonte 1)
(Prato fundo F. L. S. com carimbo S. J. Benchaya - Fonte Internet - OLX)
( Carimbo S. J. Benchaya em prato fundo F. L.S. - Fonte Internet - OLX)

7. Carimbos das peças comercializadas por S. J. Benchaya:

Conhecem-se dois carimbos, diferentes, para as peças que eram comercializadas por S. J. Benchaya, ambos monocromáticos verdes, mas um com forma elíptica com as indicações “S. J. BENCHAYA”, superiormente e “CASA BLANCA”, inferiormente, com um pequeno elemento separador central.

(Marcas específicas da F.LS - S. J. Benchaya.- Fonte 8) 

O outro, mais conhecido e que pensamos ser o último, mais moderno, com uma forma circular, com a indicação superior a acompanhar o círculo “S.J.BENCHAYA” e inferiormente “FABRIQUÉ AU PORTUGAL”, e no centro “CASA BLANCA”, com uma pequena composição geométrica colocada superior e inferiormente à mesma.

(Marcas específicas da F.L.S. - S. J. Benchaya - Fonte 8)


8. Em laia de conclusão:

Aqui fica um pequeno apontamento sobre a influência e a importância que o marroquino S. J. Benchaya teve para a faiança portuguesa, especificamente, para a Fábrica de Louça de Sacavém. 


Fontes:


2) – “A Cerâmica Portuguesa”, de Pinto Basto, João Theodoro Ferreira, Sociedade de Geografia de Lisboa, Tipografia da Empreêsa do Anuário Comercial, 1935;




6) - Fábrica de Louça de Sacavém – Contribuição para o estudo da indústria cerâmica em Portugal 1856-1974” de Ana Paula Assunção, Coleção História da Arte – Edições INAPA – 1997;

7) – “150 Anos – 150 Peças – Fábrica de Loiça de Sacavém” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Março de 2006;

8) – “Porta aberta às memórias” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2008;

9) - “Porta aberta às memórias” – 2ª edição, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2009;

10) – “Primeiras peças da produção da Fábrica de Loiça de Sacavém: O Papel do Coleccionador”, de Ana Paula Assunção, Carlos Pereira e Eugénia Correia, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – 2003;

11) – “História da Fábrica de Loiça de Sacavém”, de Ana Paula Assunção e Jorge Vasconcelos Aniceto, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Julho de 2000;

12) – “Roteiro das Reservas”, de Ana Paula Assunção, Carlos Pereira e Joana Pinto, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – 2000 (?);