quinta-feira, 29 de outubro de 2015

POTE EM FAIANÇA DA VAO DE COIMBRA - FÁBRICA DA VIÚVA DE ALFREDO OLIVEIRA


Interessante peça policromática, em faiança, com decoração vegetalista e floral, com pequenos apontamentos zoomórficos, de peixes pescados com linha, pote tipo ânfora, da Fábrica da Cerâmica de Coimbra, VAO – da Fábrica de Cerâmica da Viúva de Alfredo Oliveira.


Curiosa vasilha, em forma de coração, com duas asas, com amplo gargalo e uma tampa para o mesmo, com soberba decoração policromática por todo o exterior da peça.


Na base um largo filete em azul-cobalto, seguindo-se um espinhado em cor de manganés e com ampla decoração policromática no bojo da peças, com interessantes grinaldas vegetalistas e cordões deambulantes, rematando junto à boca do minúsculo gargalo com igual filete largo no limite da bordadura e um espinhado em cor de manganés.

 

Na parte mais côncava da peça apresentam-se três elementos decorativos desta fábrica VAO – os peixes, em cor de manganês.


Tampa para tapar a boca do gargalo, com decoração semelhante à da peça.


No fundo a marca perfeitamente identificável e definidora da fábrica que a fabricou: Cerâmica V.A.O – Coimbra, cujo decorador/a foi a Necas, conforme indicação (postagem) na respectivo cor de manganés.


Vejamos um pouco o que foi esta Fábrica de Cerâmica: VAO – da Fábrica de Cerâmica da Viúva de Alfredo Oliveira.


1. Tentando historiar:

Tratou-se de uma fábrica de faianças da zona de Coimbra, no denominado Terreiro da Erva, que se presume que tenha sido fundada na primeira década do seculo XX, muito provavelmente em 1908.

A Fábrica VAO – Viúva Alfredo Oliveira, foi naturalmente a sucessora da Fabrica Alfredo pessoa, após a sua morte, em 1936.

Foi uma fábrica centenária, pois julga-se que encerrou por volta de 2008, pese embora não há a certeza absoluta, ainda que escassos anos tenham decorrido desde essa situação.

No início de 2009 eram estas as imagens do edifício onde funcionou a fábrica: Terreiro da Erva, n.º 25.



Em Maio de 2014, a street view do Google maps, dava-nos a seguinte imagem da Fábrica:


Foi assim, a última fábrica antiga e característica da zona de Coimbra a encerrar, e que à data ainda possuía fornos e muflas de meados do século XIX.

Considera-se que esta fábrica de Coimbra foi a continuadora da Fábrica de Vandelli, que tinha falecido quase um século antes (1816) da sua fundação, considerado o percursor da Cerâmica de Coimbra dos séculos XVIII e XIX.

A partir de ano de 1965, a administração desta fábrica passou a ser desempenhada pela Sociedade Cerâmica Antiga de Coimbra.


2. Tentando caracterizar a sua fabricação:

A produção desta fábrica identifica-se pelos símbolos característicos que aplicava nas suas peças: corações, peixes, figuras falantes.

Isto é, transportou esses elementos decorativos utilizados no século XVI, para o Século XX, com a sua sistemática introdução nas peças que pintava, criando assim um conjunto se símbolos perfeitamente identificadores desta fábrica. É-lhe reconhecido o importante papel que desempenhou na divulgação da característica decoração da louça de Coimbra.

A policromia utilizada, com predominância dos tons amarelo, ocre, laranja, vermelho-escuro, castanho, azul, verde e verde-alface e verde-seco e a temática cromática também eram características e permite igualmente identificar a VAO.

O período mais significativo e importante do fabrico desta fábrica decorreu entre meados da década de trinta e o ano de 1965, quando a administração desta fábrica passou para a Sociedade Cerâmica Antiga de Coimbra.

As peças mais antigas que se conhecem desta fábrica são dois pratos, datados de 1937, reproduzindo uma figura típica da Cidade e uma paisagem inspirada nas tradicionais de Coimbra.

(Imagem da fonte 6)

A partir da década de houve uma alteração deveras significativa na produção desta fábrica: pois para além da produção, dita tradicional, começaram-se a efectuar faianças decorativas, inspiradas em peças das colecções do Museu Machado de Castro, em faianças com decoração inspirada em motivos orientais, do século XVII, bem como em faianças do Brioso, do século XVIII e as de Vandelli, do Século XIX/XX.



3. Tentando mostrar peças identificadoras desta Fábrica:

Vejamos, pois algumas:

3.1. Par de pratos com figuras típicas regionais, meados do século XIX, assinados pelo autor “Sousa” (fonte 1):


3.2. Travessa em faiança, pintura policroma em tons de azul e vinoso (manganés), com réplica de decoração característica do Século XVII, (fonte 1)

3.3. Prato grande, pintura monocromática, azul, com decoração de aranhões entre voluptuas em reservas, e com quadra no covo (fonte 2)




3.4. Caixa regaleira policromática com tampa (fonte 2)


3.5. Jarro com decoração monocromática réplica do século XVII (fonte 2)




3.6. Prato decorativo policromático alusivo à Casa dos Pescadores (do site de vendas COISAS)




3.7. Saladeira individual policromática, com decoração vegetalista (fonte 1)




3.8. Fruteira gomada policromática, com decoração vegetalista (fonte 1)



3.9. Paliteiro antigo, em tons de verde, na forma de um sapo (do site OLX)



3.10. Candelabro monocromático, em tons de azul réplica do século XVII (do site OLX)





4. Tentando caracterizar esta Fábrica:

A fim de tentar caracterizar esta fábrica, divulgando o que mais se souber da mesma, continuaremos com as pesquisas possíveis, com tal intuito, bem assim como coleccionando imagens de peças em faiança desta fábrica VAO, de Coimbra, a fim de tentar sistematizar o seu fabrico.

Para já e em forma de remate, mais umas imagens do peça ora apresentada.





FONTES:




4- Cerâmica de Coimbra: do Século XVI – XX, de Alexandre Nobre Pais, João Coroado, António Pacheco. Lisboa: Edições Inapa, 2007


6- Louça Tradicional de Coimbra, 1869-1965, de António Pacheco, Coimbra: Edição Museu Machado de Castro.




domingo, 4 de outubro de 2015

TAÇA “VIÚVA LAMEGO” COM DECORAÇÃO POLICROMA

Neste período estamos a dedicar-nos a pequenas peças, bastante interessantes, profundamente decoradas, em policromia, de diversos fabricos, características e identificativas dos mesmos.



A presente reporta-se a uma pequena taça, com duas pequenas asas, com intensa decoração.


O intradorso da taça possui uma cor de base azul claro e sobre a mesma um conjunto de círculos concêntricos, monocromáticos em azul-escuro de alguma espessura, sendo o ultimo circulo, o menor decorado com uma composição floral policromática, onde pontificam as cores verde-escuro, azul-escuro, vermelho e amarelo-torrado.


No extra-dorso da bordadura da taça, dois filetes, um mais fino e outro mais largo, na cor azul-escura.



A delimitar a bordadura outro filete largo na cor azul-escuro.



Entre os filetes da bordadura e o da base, quatro decorações policromáticas, semelhantes à do fundo do covo, duas de cada lado das mini asas da taça, as quais possuem uma decoração simples com um filete na cor azul-escura e umas contas, com cinco esferas, na cor amarelo-torrado.



No tardoz o carimbo da marca “VL” – Viúva Lamego e “MADE IN PORTUGAL” e o anagrama desenhado manualmente identificando o seu decorador “ASN.” (?) e “(1477), na cor vinoso.



Cremos tratar-se de peça fabricada em meados do Século XX, mais especificamente entre os anos trinta e 1992, quando a Fábrica era em Palma de Baixo, mas sem certeza absolutas.


Resumidamente pode-se acrescentar que a fábrica foi fundada por António da Costa Lamego, em 1849. Após a sua morte passou a designar-se comercialmente por "Viúva Lamego" - a Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego,  a qual ficava situada no Largo do Intendente, com a Avenida Almirante Reis, em Lisboa, onde permaneceu até aos anos trinta do século passado, sendo que daí até à actualidade funciona aí a Loja.



A Câmara Municipal de Lisboa em (4) caracteriza o edifício e a sua fachada da seguinte forma:

Este edifício com fachada voltada para o Largo do Intendente integra o conjunto de arquitectura industrial, que foi a Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego. Construido entre 1849 e 1865,por iniciativa de António da Costa Lamego no local onde este abrira uma oficina de olaria, veio dar continuidade a uma antiga tradição dessa zona.

A fábrica, que adoptou o nome Viúva Lamego, após a morte do seu fundador, actualmente é propriedade de uma sociedade designada por Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego,Lda..

Classificado como Imóvel de Interesse Público, trata-se de um edifício, de estilo romântico, em 2 registos, com 2 janelas cada, no segundo piso surgem a ladear uma varanda, rematado por empena, rasgada por um óculo rodeado de grinaldas e pequenas figuras que seguram uma inscrição com a data da construção. 

De salientar a fachada decorada, na sua totalidade, por um revestimento azulejar figurativo do séc. XIX, de gosto romântico-revivalista, muito característico do seu autor, Luís Ferreira, mais conhecido por Ferreira das Tabuletas, pintor de azulejos proveniente das Fábricas da Calçada do Monte e Viúva Lamego. 

Trata-se de uma das obras-primas do azulejo "naif" oitocentista, incluindo as figuras alegóricas ao "Comércio" e à "Indústria", que surgem a ladear a entrada. Actualmente existe apenas a exposição e venda de azulejos, enquanto, que a parte fabril, onde são produzidos azulejos de grande qualidade, quer industriais quer artísticos, se mudou para outro local.



A Direcção Geral do Património Cultural caracteriza em (5) e em termos histórico/artísticos, o edifício da seguinte maneira:

A sua construção inicia-se em 1849, por iniciativa de António da Costa Lamego, e prolonga-se até 1865. Edifício de estilo romântico, situado na Avenida Almirante Reis, possui como elemento decorativo dominante um vistoso revestimento azulejar, que abarca a totalidade da fachada, da autoria de Luís Ferreira, o famoso Ferreira das Tabuletas, pintor de azulejos oriundo das Fábricas da Calçada do Monte e Viúva Lamego.

Edifício estruturado em dois registos, com duas janelas cada, que no segundo piso ladeiam uma varanda, tem como remate uma empena, rasgada por um óculo rodeado de grinaldas e pequenas figuras que seguram uma inscrição com a data da construção. O programa cerâmico revela o gosto romântico-revivalista deste pintor, considerado por José Meco um fascinante artista ingénuo de excepcional graça, que aqui assume uma tentativa romântica de recuperar a tradicional pintura figurativa e artesanal do azulejo polícromo sobre esmalte branco. 

No primeiro registo, os azulejos, de cromatismo predominantemente verde e amarelo, possuem um cunho orientalizante, corroborado pelas figuras que alegorizam a fábrica, segurando inscrições com o nome e a data de construção (1865), e também um teor mais classicizante patente nas duas outras representações deste primeiro registo. O revestimento azulejar do segundo registo é dominado por motivos essencialmente vegetalistas, inspirado nas albarradas barrocas. No remate, representam-se anjos segurando uma filactera comn a data da decoração, em pintura de tons amarelos.

É de notar que o imóvel assenta sob uma mina de água que abastecia o chafariz da Avenida Almirante Reis. S.C.P.”


Interessante peça de Faiança da Fábrica Cerâmica Viúva Lamego, da qual, infelizmente, nada mais conseguimos identificar e concretizar.


Fontes:








GRACIOSA CANECA EM FAIANÇA DE ALCOBAÇA, FABRICO VISTAL


As peças pequenas são sempre graciosas e despertam mais o nosso encanto, como é o caso desta interessante caneca de Louça de Alcobaça, de fabrico da Vistal, ou seja da primeira fase de fabrico da Fábrica Vestal.


É uma pequena caneca, bojuda, com asa muito interessante, perfeitamente decorada ao estilo e gosto da Louça de Alcobaça.


Como não poderia deixar de ser o fundo de toda a caneca é na cor azul claro, celeste, sobre o qual se desenvolvem uma intensa decoração policromática, em azul-escuro, verde-claro, cor-de-rosa, vermelho, castanho claro ou amarelo-torrado, criando assim os elementos florais e geométricos da decoração da envolvente da mesma.



Junto ao bordo e à base desenvolvem-se filetes na cor azul-escura, desenvolvendo-se entre os mesmos uma faixa de amarelo acastanhado, rematando, para a zona bojuda, com uma grinalda em arcos com decoração geométrica simples.


Na base de assentamento da caneca a  respectiva  marcação,  efectuada, manualmente “VISTAL”, “ALCOBAÇA”, “PORTUGAL”, o número de catálogo da peça “327” e o anagrama da assinatura do seu decorador “JL” – a simplicidade colocada na sua marcação.


Pequena peça de faiança de Alcobaça, com significado e valor decorativo, pois é uma peça característica e deveras ilustrativa da Louça de Alcobaça, sendo uma peça fabricada no inicio de uma das fábricas mais marcantes e importantes neste contexto ceramista – a VESTAL, que nesse período inicial de designava por VISTAL.


Foi uma empresa ícone neste tipo de faiança. Fábrica sediada em Vestiaria (Alcobaça), fundada em 1947 e com uma qualidade superior das peças que fabricava pela exuberância da sua decoração policromática, demonstrando a qualidade dos seus artistas de decoração.


Mais uma peça catalogada e divulgada, para conhecimento de todos os apreciadores deste tipo de artes decorativas, nacionais, que marcaram uma época e que infelizmente se perderam no tempo e na evolução.



FONTES:

1) - “Cerâmica de Alcobaça, Duas Gerações”, edição do Museu de Alcobaça, 1992, texto de Jorge A. F. Ferreira Sampaio e Raul J. Silveira da Bernarda.

2) – “Cerâmica em Alcobaça – 1875 até ao presente”; exposição de 6 Abril a 4 de Maio 2011 – Catálogo da exposição, coordenador: Luís Afonso Peres Pereira.

3) – “História da Industria na Região de Leiria – Cerâmica”, Edição Jornal de Leiria, revista integrante da edição n.º 1558, do Jornal de Leiria, em 22.05.2014.



TIJELA EM FAIANÇA COM MOTIVO “ROSELLE” DE MASSARELOS

Um dos motivos de decoração em faiança que me fascina é o motivo “ROSELLE”, razão pela qual não decorei a oportunidade de adquirir uma interessante caneca com soberba decoração, fabricada na Fábrica de Louça de Massarelos.



A estampagem sob o vidrado é verde, possuindo duas, diametralmente opostas na calote exterior desta tijela almoçadeira.



 Por outro lado também possui uma interessante decoração no rebordo interior, com uma grinalda de cornucópias, com motivos florais.



A decoração exterior é interessantíssima e repleta de motivos e contextos: à esquerda um soberbo bosque com árvores altaneiras vislumbrando-se mais ao longo, entre elas e o horizonte algumas edificações, que nos parecem habitacionais, mas com elevadas chaminés.



Ao centro um espelho de água, qual lago ou rio, com dois pequenos barcos, quase à margem, barcos estes que aparentam ter carga e pessoas dentro dos mesmos e a água perde-se no horizonte, encimado por um conjunto de nuvens.




E à direita lá surge o chalé, com telhados de elevada inclinação e fenestração saliente, qual bowed window, com trapeiras e pequenas janelas na empena do sótão e pináculos decorativos nas fileiras da cobertura e chaminé com interessante capelo cilíndrico e em cúpula, integrado em exuberante vegetação e arvoredo – cá está o motivo “Roselle”



Na base da tijela o impecável carimbo da Fábrica de Louça de Massarelos, monocromático, estampada a verde com a coroa real, as duas palmas laterais entrelaçados e sob o carimbo a identificação do motivo “Roselle”, para esclarecer, caso houvesse dúvidas.



Na calote exterior do carimbo constam as palavras “MASSARELOS” e “PORTO” e no interior do circulo central o anagrama do período de fabrico “ECP“, correspondente à época da sua posse por João Regis de Lima com uma sociedade, composta na sua maioria por ingleses, que se chamava Empresa Cerâmica Portuense, Ldª., no período que medeia entre 1904 e 1912 (cremos estar perfeitamente correto este período temporal)



A pasta possui ainda uma gravação, em baixo revelo, alfanumérica “G” - ?, não conseguimos conjeturar a mesma.



Em suma uma tijela, já “idosa” com uma idade, no mínimo de 103 anos e no máximo de 111 anos!


FONTES:

1) – “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

2) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

3) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

4) – “Cerâmica Artística Portuense dos Séculos XVIII e XIX”, Vasco Valente, Livraria Fernando Machado – Porto,

5) – “Cerâmica Portuense – Evolução Empresarial e Estruturas Edificadas”, Teresa Soeiro, Jorge Fernandes Lacerda, Silvestre Lacerda, Joaquim Oliveira, Edição Portugália, Nova série, volume XVI, 1995.

6) - https:// velhariastralhasetraquitanas.blogspot.pt/2015/04/travessa-em-faiança-azul-e-branca-motivo-“roselle”-fabrico-do-norte-?-imitação-de-miragaia-?.html;

7) - http://velhariastralhasetraquitanas.blogspot.pt/2015/03/travessa-em-faianca-motivo-casario-de.html;

8) - http://velhariasdoluis.blogspot.pt/2011/02/o-grand-tour-ou-caneca-inglesa-da-john.html;

9) - http://velhariasdoluis.blogspot.pt/2009/11/faianca-de-vilar-de-mouros.html;

10) - http://fabricadealcantara.blogspot.pt/search/label/Motivo%20Roselle;

11) – “Fábrica de Massarelos - Porto, 1763 – 1936”, Coordenação de Mónica Baldaque, Teresa Pereira Viana e Margarida Rebelo Correia, edição do Museu Nacional Soares dos Reis, 1998.

12) http://mercadoantigo.weebly.com/uploads/1/1/8/4/11849532/1400431998.png;

13) - http://www.olx.pt/nf/coleccoes-antiguidades-cat-214/roselle;

14) – “A Fábrica de Louça de Massarelos – Contributos para a caracterização de uma unidade fabril pioneira”. Volume 1, dissertação de Mestrado em Estudos do Património, de Armando Octaviano Palma de Araújo, Universidade Aberta, Lisboa, 2012.


sábado, 12 de setembro de 2015

AMOR – Prato Covo em Faiança “Falante”

AMOR, carinho e saudações o que desejamos e transmitimos a todos, após este interregno de postagens.


A vida, as suas vicissitudes, os acontecimentos condicionam-nos e por vezes interrompemos os nossos hobbies, mas logo que possível retomamos os mesmos.


É o que acontece com esta nova postagem, e é com AMOR que nos dirigimos a todos os amantes das faianças, aos visitantes do blogue, aos nossos amigos.


Recomeçamos com um interessante prato em Faiança, decorada em policromia, com cores alegres, com uma interessante cercadura ornamental com decoração geométrica, estampilhada (com aplicação de chapa recortada para pintura), na aba, na cor azul celeste e com uma vistosa decoração no covo.


Uma minhota, talvez de Viana, com o seu traje característico: uma saia rodada, larga na base, rosa pálido, com um debrum na cor preto. Sobre a mesma um avental amarelo, com listas verticais pretas e na base do mesmo, bordada a palavra AMOR. Uma camisa bufada, na cor azul, com punhos apertados e peitoril ou colete amarelo, com decoração no coz a verde, com atilho e pendente. A gola é preta. Completa um lenço verde na cabeça e uns tamancos pretos.


Com enquadramento de base duas palmas na cor verde-escuro.


Prato em Faiança com vidrado leitoso, deixando perceber no tardoz a cor da pasta, que é cor de grão, bem como as imperfeições do vidrado e os vincos das trempes, quando foi cozer e possuindo um único frete, na bordadura da base.



A beleza e a simpatia pelo prato e o AMOR ao mesmo, levou que os seus antigos proprietários o tenham tratado com todo o carinho e tenha sido um preto decorativo, de pendurar, com uma “aranha” muito pouco vulgar, mas interessante, a qual preservamos e mostramos


Para além disso o motivo da decoração do covo indicia uma figura minhota, o que corrobora a nossa opinião de ser um prato de fabrico do Norte.


Trata-se, cremos de um prato dos finais do século XIX ou princípio do século XX.

Fabrico de Aveiro, não é de certeza, pois os motivos, as cercaduras eram diferentes; as cores mais esbatidas e no tardoz, possuíam, geralmente, dois fretes.


Por outro lado, cremos que as cercaduras ornamentais de Coimbra eram mais elaboradas, mais trabalhadas, com figuras geométricas com simetrias (visão de caleidoscópio), e daí pensarmos ser fabrico do Norte.


Quer seja do Norte, ou eventualmente de Coimbra, é com muito AMOR que o apresentamos.



FONTES:

1) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.


2) - “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.