segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

PRATO BRASONADO EM FAIANÇA: D. JOÃO V – INICIO DO SÉCULO XX OU A DÚVIDA DA SUA IDENTIFICAÇÃO ?


O desafio que as cerâmicas nos proporcionam, e em particular as Faianças é deslumbrante.

É o tentar desvendar a origem do seu fabrico, a região ou a fábrica onde foram produzidas, a época, um pouco da sua história, tudo isto é interessantíssimo, mas por vezes também nos leva a becos sem saída e quase que nos criam frustrações.


(Prato Brasonado com as Armas de D. João V)

É o que se passa com o Prato Brasonado, com o escudo do rei D. João V, o rei Magnâmico, ladeado por duas palmas em verde seco e com uma grega em azul esbatido, inserido no covo do mesmo e na aba “VIVA D. JOÃO V”, na cor vinoso com separação e remate de cinco quinas.

(O tardoz do prato com a sua marca alfanumérica)
O tardoz apresenta uma pasta cor de grão, que se pode considerar algo semelhante à da louça dita “malagueira” e sobre a mesma um vidrado leitoso, escorrido com falhas, algo “primário”, mas curioso e interessante.

Para além do mais a peça encontra-se marcada com o fabrico!


(A marca assinalada no tardoz do prato)

Possui a marcação alfanumérica na cor vinoso “F. Cª”, “V. S.”, “22” (?) – serão provavelmente estes os caracteres que se encontram marcados – não temos a certeza.

Mas é aqui que reside a nossa, quase, frustração, pois não a conseguimos identificar.


(Brasão com as Armas de D. João V)

As pesquisas já efectuadas foram mais que muitas, mas não conseguimos obter conclusões.

Quem nos poderá ajudar? Muito gostaríamos – ficaríamos altamente gratos – o desafio está lançado!

O desafio foi lançado e tivemos a prestimosa colaboração da Maria Paula Neves (mariapaula.neves23@gmail.com), que nos indicou as pistas para desvendar a origem do seu fabrico e a data provável de fabrico:Já colocou a hipótese de poder ser da Fábrica de Cerâmicas Constança? As iniciais F. e Cª remeteram-me para aí. Pesquisei com base na minha convicção e encontrei um post muito interessante do Mafls que poderá ser uma resposta. Muito resumidamente, na fábrica Constança trabalhou um pintor Viriato Silva. Será o V.S.? O 22 poderá corresponder ao ano de 1922.Vou-lhe deixar o link. Eu li-o a correr, mas acho que merece uma leitura atenta, pois creio haver fortes possibilidades do seu prato ser ter aqui a sua origem.

A partir desta sugestão efectuámos pesquisas e cremos que se trata realmente de uma peça de Faiança, fabricada na Fábrica de Cerâmica Constância, de Lisboa, na Rua de S. Domingos, à Lapa, nas Janelas Verdes, num dos seus períodos, o qual se iniciou em 1921, com a intervenção artística de Leopoldo Battistini e do artesão e artista Viriato Silva, sócio minoritário daquele, provavelmente do início deste período e parceria – 1922.

Através da leitura efectuada na fonte 4) constatamos que o trabalho da parceria Leopoldo Battistini e Viriato Silva era intensa, profícua e de qualidade reconhecida.

No magazine Civilização, n.º 44, de Fevereiro de 1932, foi publicado um artigo por José Dias Sanches, com o título “Como se trabalha em Azulejos”, onde foi apresentada uma interessante imagem (embora pouco nítida) de um “Pote estilo D. João V, de Battistini e Viriato Silva”.


“Pote estilo D. João V, de Battistini e Viriato Silva”
Esta imagem já tinha também sido apresentada no jornal Diário de Notícias de 11 de Abril de 1929.

Então o prato que exibimos poderá ser eventualmente uma peça da mesma linha e estilo realizada anteriormente ao pote citado – um ensaio, uma prova, porque não?

E sendo no início desse profícuo período, com o cunho artístico e veia de pintura de Viriato Silva, não constitui admiração ter o “V. S.”, bem como o 22, poderá indicar que foi fabricado em 1922, ou seja no ano seguinte a terem tomado conta da Fábrica de Constância – é perfeitamente aceitável este raciocínio!


(Prato Battistini de 1931 existente no Restaurante Escondidinho, no Porto)
Algo que poderá ajudar a confirmar a origem e período de fabrico é a existência de um prato de Battistini, com decoração semelhante e o mesmo motivo, existente no Restaurante “O Escondidinho”, no Porto, o qual foi fundado em 1931, bem como um outro prato com o brasão do restaurante, com cores e decoração semelhantes, para além da incorporação exterior e interior de valiosos trabalhos efectuados pela Fábrica de Constância e Leopoldo Battistini, o que vem dar mais consistência ao presumível fabrico do prato em questão.


(Prato com o brasão do Restaurante Escondinho no Porto . ano 1931)
Será pois uma peça de fabrico do início do século XX – década de 20, da Fábrica de Cerâmica de Constância, à época sob a orientação artística de Leopoldo Battistini e com a decoração do artista pintor Viriato Silva.


(O nosso prato de Viriato Silva - Fábrica de Cerâmica de Constância - será ?)
O prato está partido, com um cabelo e toscamente restaurado, mas não deixa de ser interessante e continuar a encerrar mistério.
 

(O enigma da marcação persiste)

FONTES:







quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

PRATO CENTENÁRIO E RARO DA FÁBRICA DE LOUÇA DE SACAVÉM


A Fábrica de Louça de Sacavém continua a ser um mistério devido ao incontável número de peças que fabricou, continuando-se a descobrir peças ainda não inventariadas ou conhecidas.


O prato em apresentação

Tudo isto a propósito de um pequeno prato que encontramos recentemente numa banca, que um adolescente estava a vender.

Prato de reduzidas dimensões, 21,0 cm de diâmetro, de covo acentuado, com 3,5 cm com curiosa e interessante decoração, aplicada a aerógrafo sobre stencil (chapa recortada), a duas cores, verde seco e rosa pálido, com motivos florais e abstractos na aba do prato.

´
A intrigante decoração do prato

Peça de formato liso, cor monocromática, creme, sobre a qual foi aplicada a decoração na aba, já referida.

Nada nos indiciava que fosse um prato da FLS, antes pelo contrário, inclinávamos-mos mais para uma peça de fabrico de uma das Fábricas de Aveiro e como sendo mais uma “cópia ao gosto do artista” de outra de outra Fábrica.

Mas eis senão o nosso espanto quando verificamos o tardoz do pequeno prato e nos deparamos com os três anéis do frete, com organização habitualmente atribuível à FLS – Fábrica de Louça de Sacavém.


O tardoz do prato e a inequívoca fábrica e período de fabrico

Mas não havia dúvidas, tinha gravado na pasta a marca COROA, sob a mesma a palavra “SACAVÉM” e o número “7” – desvenda-se o fabrico, cria-se o mistério sobre a peça!


A irrefutável marca e o mistério do símbolo numérico "7"

Esta marca (COROA SACAVEM), como sabemos corresponde ao período de fabrico entre 1886 e 1902). As marcas da trempe quando o prato foi vidrar são perfeitamente visíveis, o que também ajuda a comprovar que o mesmo foi efectuado à muito.


As marcas da trempe no acto da cozedura do vidrado

Este tipo de decoração foi característica dos anos 20, 30 e 40 do século passado, pelo que este prato representa, certamente os primórdios de tal processo: a técnica da aerografia aplicada sobre stencil (chapa recortada).

Em suma, provavelmente, uma das primeiras peças da Fábrica de Louça de Sacavém a ser aerógrafada, com o recurso a uma chapa recortada e com uma decoração floral. Uma produção mais fácil, a custo mais baixo e com decorações simples e apelativas, com base nas novas tendências à época.


A curiosa decoração aerógrafada com stencil

Que poderá ser do final do século XIX ou início do século XX e por conseguinte já com mais de 110 anos!


Não nos cansamos de exibir a estranha decoração da peça em função da época do seu fabrico

Um prato com uma decoração “muito à frente” em relação à época em que foi produzido!


Seria um prato existente, que décadas depois, foi aerógrafado sobre chapa recortada?

Será mesmo assim? E o n.º 7, o que significará?

Mais um mistério do fabrico da Fábrica de Louça de Sacavém.


FONTES:

1) -  “150 Anos – 150 Peças – Fábrica de Loiça de Sacavém” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Março de 2006;

2) – “Fábrica de Louça de Sacavém – Contribuição para o estudo da indústria cerâmica em Portugal 1856-1974” de Ana Paula Assunção, Colecção História da Arte – Edições INAPA – 1997;

3) – “Porta aberta às memórias” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2008;

4) - “Porta aberta às memórias” – 2ª edição, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2009;

5) – “Primeiras peças da produção da Fábrica de Loiça de Sacavém: O Papel do Coleccionador”, de Ana Paula Assunção, Carlos Pereira e Eugénia Correia, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – 2003;

6) – “História da Fábrica de Loiça de Sacavém”, de Ana Paula Assunção e Jorge Vasconcelos Aniceto, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Julho de 2000;

7) – “Roteiro das Reservas”, de Ana Paula Assunção, Carlos Pereira e Joana Pinto, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – 2000 (?);




terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

PRATO DE COZINHA DA FÁBRICA DE LOUÇA DE SACAVÉM (?)


Prato de Cozinha monocromático, a negro, fabrico de FLS (?)

Com esta postagem apresentamos mais um soberbo prato de cozinha com cerca 31,5 cm de diâmetro e uma altura de 4,5 cm, exibindo um decoração constituía por três arranjos florais, monocromáticos, diferentes, a negro, na aba em que o maior se prolonga até ao covo.




Pormenores dos três arranjos florais monocromáticos estampadas na aba do prato

Tratam-se de arranjos de rosas, estampados a preto, sob o vidrado.

Apesar deste exemplar não possuir qualquer marca ou carimbo, consideremos que se trata do formato LISO da Fábrica de Louça de Sacavém e a decoração ao motivo FLORES (?) ou ROSAS (?)


O tardoz do Prato de Cozinha

Por analogia com o motivo FRUCTA, devidamente identificado na fonte 5), este tipo de pratos e decoração começou a ser aplicada nas últimas décadas do século XIX.


Prato de Cozinha, Formato Liso, motivo FETOS, com carimbo estampado ANCORA (1870-1886)

Tratava-se de uma faiança pesada, com algumas imperfeições e com vidrado de aspecto leitoso, que em parte de assemelhava à faiança produzida pela Fábrica de Louça de Alcântara. No entanto, o tardoz do prato com os seus três anéis concêntricos, correspondentes aos respectivos fretes mais uma vez indiciam ser fabrico da FLS.


Pormenor do tardoz do prato de cozinha - 3 anéis - frete característico das peças da FLS

De igual período, pratos com apresentação semelhante, mas como motivo FETOS, já foram identificados, possuindo carimbo estampado com Âncora (de 1870 a 1886) e marca gravada na pasta COROA.


Mais uma vez, o nosso prato, para deleite da nossa vista!


FONTES:

1) -  “150 Anos – 150 Peças – Fábrica de Loiça de Sacavém” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Março de 2006;

2) – “Fábrica de Louça de Sacavém – Contribuição para o estudo da indústria cerâmica em Portugal 1856-1974” de Ana Paula Assunção, Colecção História da Arte – Edições INAPA – 1997;

3) – “Porta aberta às memórias” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2008;

4) - “Porta aberta às memórias” – 2ª edição, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2009;

5) – “Primeiras peças da produção da Fábrica de Loiça de Sacavém: O Papel do Coleccionador”, de Ana Paula Assunção, Carlos Pereira e Eugénia Correia, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – 2003;

6) – “História da Fábrica de Loiça de Sacavém”, de Ana Paula Assunção e Jorge Vasconcelos Aniceto, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Julho de 2000;

7) – “Roteiro das Reservas”, de Ana Paula Assunção, Carlos Pereira e Joana Pinto, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – 2000 (?);


PRATO DE COZINHA DA FLS, AEROGRAFADO COM ESTAMPA INGLESA


Agora que estamos numa de apresentação de peças de dimensões generosas, apresentamos, um Prato de Cozinha, de fabrico da Fábrica de Louça de Sacavém, com aba aerógrafada na cor azul, degradé do bordo para o covo e com uma interessante estampa policromada, no covo, que presumimos ser de origem inglesa.


Prato de Cozinha com cena caseira rural, ao estilo inglês

O motivo central do covo é um estampado, com decoração policromática, com cena caseira, rural, de toma de refeição, ao gosto inglês.


Pormenor da Estampa - cena caseira ao estilo inglês

Peça com presença, lisa, com 31,5 cm de diâmetro de aba e uma altura de 5,5 cm.

Fabrico do período Gilman & C.ta., corresponde ao espaço temporal de 1903-1972, com carimbo verde correspondente e MADE IN PORTUGAL, provavelmente da década de 30 ou 40 do século XX.


O tardoz do prato de cozinha e o carimbo da época

De realçar que em função da configuração da fivela, do número de furos do cinto, do seu remate ou ponta e da eventual complementaridade com legenda se conseguem determinar, com aproximação, sub-períodos do citado espaço temporal atrás referido.


Pormenor do Carimbo G&Cta.

Na presente peça, em função da fivela arredondada, dos furos do cinto, do seu sombreado à direita da fivela, da dobra da ponta do cinto, conjugadas com a legenda inferior ao carimbo MADE IN PORTUGAL, (carimbo com a variante G&Cta.4ª corresponde seguramente a uma peça com fabrico após 1934.


Identificação da variante do carimbo G&Cta.4ª

Confrontando o mesmo, com a Tabela das Peças da FLS, de 1932, este prato correspondia ao 3º Tamanho (32 cm) e tinha o preço, à época, de 3$10 (actualmente 15 cêntimos de euro).


O esplendor do prato de cozinha que apresentamos

Aqui fica a apresentação de mais uma interessante peça – Prato de Cozinha – da Fábrica de Louça de Sacavém.

FONTES:

1) -  “150 Anos – 150 Peças – Fábrica de Loiça de Sacavém” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Março de 2006;

2) – “Fábrica de Louça de Sacavém – Contribuição para o estudo da indústria cerâmica em Portugal 1856-1974” de Ana Paula Assunção, Colecção História da Arte – Edições INAPA – 1997;

3) – “Porta aberta às memórias” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2008;

4) - “Porta aberta às memórias” – 2ª edição, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2009;

5) – “Primeiras peças da produção da Fábrica de Loiça de Sacavém: O Papel do Coleccionador”, de Ana Paula Assunção, Carlos Pereira e Eugénia Correia, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – 2003;

6) – “História da Fábrica de Loiça de Sacavém”, de Ana Paula Assunção e Jorge Vasconcelos Aniceto, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Julho de 2000;

7) – “Roteiro das Reservas”, de Ana Paula Assunção, Carlos Pereira e Joana Pinto, Museu de Cerâmica



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

PALANGANA EM FAIANÇA DE COIMBRA (?), DO INICIO DO SÉCULO XX


Deslumbrante palangana, em faiança, com vistosa decoração vegetalista (floral), policromática, no covo, em tons de verde, azul, vinoso de manganês e amarelo ocre; e com decoração na cercadura na aba, de motivos geométricos, monocromáticos, alertados, a duas cores, azul e vinoso de manganês.


A palangana em apresentação

Com decoração estampilhada (aplicada sobre chapa recortada) e decoração manual, simples, ingénua, ao gosto do artista, cuja conjugação de decorações constitui assim uma peça única.


A decoração estampilhada no covo da palangana

É a originalidade destas peças, ao gosto do artista, que nos cria a sedução pelas mesmas.

Um malmequer com sete corações na cor vinoso de manganés com uma rosácea em azul de cobalto.


Pormenor do Malmequer de sete pétalas em coração

As marcas da trempe, aquando da cozedura do vidrado são perfeitamente visíveis na transição do covo para a aba da palangana.


As marcas da trempe

Peça em faiança, crê-se, de Coimbra (região) e do início do século XIX. As cores aplicadas na decoração do covo e a cercadura de motivos geométricos da aba tal nos indicia tal origem.


O pormenor da cercadura de motivos geométricos estampilhados

Com um diâmetro de aba de 35 cm e uma altura de 7,5 cm, eis a geometria da palangana que apresentamos.


O tardoz da palangana

Como sabemos o termo de designação deste tipo de peças, é bastante discutível, pois as designações são imensas, mas há que ter toda a atenção às respectivas formas cerâmicas:

- taça fruteira: mas com aba mais rebaixada e com a concordância entre o covo e a aba menos acentuada;

- alguidar: em que a aba e a concordância entre o covo e a aba possuem a mesma pendente e não se distinguem, com uma altura superior a 9 cm;


Mais um pormenor da decoração

- bacia: Em que a transição entre o covo e a aba e esta mesma possuem uma única concordância, arredondada, côncava, a partir do covo, com uma altura superior a 9 cm;

- escudela: consideramos ser o mesmo que palangana, mas trata-se de um termo de uso medieval, com uma altura inferior a 7 cm;

- malga: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais característico da zona norte e centro do país, (designação regionalista), com uma altura inferior a 7 cm;


Pormenor da decoração - folhas

- taça: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais usado nas zonas urbanas – em especial, na zona de Lisboa, no século XX (designação regionalista). Há também quem designe simplesmente por taça, toda a palangana que tenha menos de 35 cm de diâmetro de aba, com uma altura superior a 7 cm;

- tigela: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais usado na zona saloia, na periferia de Lisboa, no século XX (designação regionalista), com uma altura superior a 9 cm;


Pormenor dos elementos geométricos da cercadura na aba

- prato de cozinha: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais usado nas zonas urbanas – em especial, na zona de Lisboa, no século XX (designação regionalista), com uma altura inferior a 7 cm;

- outras designações: tigela, cunca; almofa; almofia; conca; cuenco;…, são designações com vocábulos de origem castelhana ou árabe.
 

Perfil do tardoz da palangana e o frete da mesma

Peça esmaltada, com aspecto grosseiro e vidrado escorrido no tardoz junto ao único frete.


A Palangana na sua máxima afirmação

Peça em Faiança, de forte presença, interessantíssima e cativante. Faiança a manter e preservar!


FONTES:

1) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

2) - “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

3) – “Estudo Decorativo, Morfológico e Tecnológico da Faiança de Coimbra”, de Filipa Antunes Formigo, Dissertação de Mestrado, do Instituto Politécnico de Tomar, Tomar, Setembro, 2014.




quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

PRATO BRASONADO EM FAIANÇA: D. JOÃO V – SECULO XVIII OU XIX? OU A FRUSTAÇÃO DA SUA NÃO IDENTIFICAÇÃO


O desafio que as cerâmicas nos proporcionam, e em particular as Faianças é deslumbrante.

É o tentar desvendar a origem do seu fabrico, a região ou a fábrica onde foram produzidas, a época, um pouco da sua história, tudo isto é interessantíssimo, mas por vezes também nos leva a becos sem saída e quase que nos criam frustrações.


(Prato Brasonado com as Armas de D. João V)

É o que se passa com o Prato Brasonado, com o escudo do rei D. João V, o rei Magnâmico, ladeado por duas palmas em verde seco e com uma grega em azul esbatido, inserido no covo do mesmo e na aba “VIVA D. JOÃO V”, na cor vinoso com separação e remate de cinco quinas.


(O tardoz do prato com a sua marca alfanumérica)

O tardoz apresenta uma pasta cor de grão, que se pode considerar algo semelhante à da louça dita “malagueira” e sobre a mesma um vidrado leitoso, escorrido com falhas, algo “primário”, mas curioso e interessante.

Para além do mais a peça encontra-se marcada com o fabrico!


(A marca assinalada no tardoz do prato)

Possui a marcação alfanumérica na cor vinoso “F. Cª”, “V. S.”, “22” (?) – serão provavelmente estes os caracteres que se encontram marcados – não temos a certeza.

Mas é aqui que reside a nossa, quase, frustração, pois não a conseguimos identificar.

Será “Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego” em que o “L” escorreu e fez um “S”; e “22” – alguma numeração que não conseguimos decifrar, ou será “VV”, e tal já será outra coisa….


(Brasão com as Armas de D. João V)

Será uma peça de fabrico do século XVIII ou do século XIX – caso por ventura seja de fabrico atribuível à Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego, será obviamente do século XIX.

O prato está partido, com um cabelo e toscamente restaurado, mas não deixa de ser interessante e continuar a encerrar mistério.


(A beleza e o mistério da decoração do prato)

As pesquisas já efectuadas foram mais que muitas, mas não conseguimos obter conclusões.

Quem nos poderá ajudar? Muito gostaríamos – ficaríamos altamente gratos – o desafio está lançado!

Por nós, vamos continuar a pesquisar!


FONTES:




3) - …..;