terça-feira, 13 de dezembro de 2016

PRATO FUNDO EM FAIANÇA, DE COIMBRA (?)

PRATO FUNDO EM FAIANÇA, DE COIMBRA (?)

Hoje apresentamos mais um prato fundo, sopeiro ou covo, em Faiança com decoração policrómica, com recurso à chapa ou stencil.

FIG.01 - PRATO EM FAIANÇA POLICROMÁTICO

Trata-se de uma peça interessante, com uma decoração pouco comum: na aba uma decoração tipo grinalda, aplicada a stencil, na cor verde, com apresentações tipo pétalas, a vermelho; num fundo ou covo, uma decoração monocromática a cinzento-preto, dito manganés, igualmente executada com recurso a stencil (chapa recordada) e a esponjado, com uma temática recorrente.

FIG. 02 - PORMENOR DA DECORAÇÃO DO COVO

Um casario, com edificações de alturas diferentes, algumas, tipo torres, encimadas por cúpulas, à beira de um rio, no qual se vislumbram duas embarcações à vela e na zona anterior uma exuberante paisagem, com duas árvores de elevado portes, para além de vários arbustos.

FIG. 03 - PORMENOR DO CASARIO DA DECORAÇÃO

À primeira vista a decoração leva-nos logo para o motivo estátua ou o vulgar “Cavalinho”, tão vulgarizado no nosso país, parecendo ser um trecho dessa decoração, pese embora cremos que se trata de uma decoração resultante de uma interpretação livre desse motivo efectuado pelo artista que decorou e pintou este prato.

FIG. 04 - PORMENOR DA DECORAÇÃO POLICROMÁTICA DA ABA

A cor base do vidrado, ocre, do prato ajuda, a sobressair as decorações e suas cores, configurando assim um vistoso prato.

A nível do tardoz possui um único frete, no limite do fundo com o convexo do covo, identificando-se uma massa amarelado, com um vidrado na cor de grão, irregular, poroso e profundamente repleto de orifícios.

FIG. 05 - O TARDOZ DO PRATO

Pelo motivo da decoração, pelos métodos de pintura aplicados (Stencil, esponjado e eventualmente pincel), pelas cores aplicadas, pelo formato do preto, pelo frete do tardoz, pela cor do vidrado e pela irregularidade e porosidade deste crê-se ser uma peça fabricada, provavelmente, no início do século XX, por uma das imensas fábricas do centro do País, inclinando-nos para uma das existentes na zona de Coimbra.

Se não tivesse a decoração que tem na aba e a sua policromia, poderíamos eventualmente considerar como um fabrico dos inícios da fabricação em Alcobaça.

FIG.06 - PORMENOR DO VIDRADO NO TARDOZ DO PRATO

Se o vidrado fosse de outro tipo (branco leitoso) e o motivo e decoração do covo fosse outro talvez nos inclinássemos para fabrico de Aveiro.

FIG. 07 - A BELEZA DO PRATO

Mas estas indicações são suposições, não são certezas – é este enigma que nos motiva a efectuar mais pesquisa e uma procura continua no intuito de obter informações, através de comparações da origem das peças, já que as mesmas não têm qualquer informação do seu fabrico e vários fabricos, até de centos de produção diferentes se copiavam ou imitavam.

A peça fica apresentada, as dúvidas mantêm-se, mas a sua visualização continua…

FONTES:

1) – “ Cem anos de Louça em Alcobaça”, de Jorge Pereira de Sampaio e Luís Peres Pereira, 2008;

2) – “Faiança de Alcobaça, de 1875 a 1950” – S. l. Jorge M. Rodrigues Ferreira, de Jorge Pereira de Sampaio, Estar Editora, Coleção Fundamental, 1997 ;

3) - “Cerâmica em Alcobaça – 1875 até ao presente: CeRamiCa PLUS” – Galeria de Exposições Temporárias – Mosteiro de Alcobaça; 6 de Abril a 4 de Maio 2011; Município de Alcobaça, 2011.

4) – “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

5) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

6) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

7) – “A Loiça de Alcobaça”, de João da Bernarda, Edições ASA, 1ª Edição, Porto - Outubro de 2001.


8) – “A Faiança de Raul da Bernarda & F.os, Lda. – Fundada em 1875 – ALCOBAÇA”, de Jorge Pereira de Sampaio, Edição Particular da Fábrica Raul da Bernarda & F.os, Lda., Alcobaça, Outubro, 2000.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Prato em Faiança de Alcobaça, de José dos Reis (dos Santos)


Prato em faiança, com vidrado na cor de grão, com decoração interessante: um simples filete largo, na cor azul, a meio da aba e uma decoração a duas cores no fundo do prato, com traços ao gosto oriental.

FIG.1 - PRATO EM FAIANÇA DE ALCOBAÇA

Trata-se de uma decoração estampilhada, a nível do casario acastelado, com cúpulas e zimbórios de índole oriental e da vegetação com árvores também orientais, tudo em tons de cor-de-rosa; e esponjada, com o embasamento, na cor verde seco, esponjado.

FIG. 2 - PORMENOR DA DECORAÇÃO 

Pelo formato, pela decoração e motivo, e pelas cores poder-se-ia considerar, como sendo faiança de Coimbra, mas também se poderia atribuir a faiança de Alcobaça, dos seus primórdios, finais do século XIX ou início do século XX, do período de José dos Reis (dos Santos).
FIG. 3 -  MARCA IMPRESSA NO TARDOZ DO PRATO

Mas eis que pela análise detalhada do tardoz do prato se verifica que o mesmo se encontra marcado, com um carimbo oval, pese embora sumido, na cor manganés, onde se consegue ler “ALCOBAÇA” e o que presumimos ser, em letras borradas “JOSÉ DOS REIS”.

FIG. 5 - PORMENOR DA MARCA IMPRESSA "ALCOBAÇA", "JOSÉ DOS REIS" ?

Certezas? Dúvidas?

De pesquisa em pesquisa fomos até à fonte 2), em que a páginas 15, encontramos uma imagem de um prato semelhante ao nosso, também em tons de rosa, monocromático, enquanto o nosso é policromático.

FIG. 6 - IMAGEM DA PAG. 15 DA FONTE 2)

O motivo central (torre com cúpula) mais elaborado, é muito semelhante ao do nosso prato – digamos que o nosso com uma estampilhagem (“Stencil”) mais “naif”.

A legenda do mesmo indica “Prato pintada à estampa, “José dos Reis”…marca impressa, Colecção Coronel A. Bivar de Sousa”.

FIG. 7 - VISTA GERAL FRONTAL DO PRATO

Todas estas semelhanças, em especial, a decoração, motivo e cores, e a marca oval impressa, mais nos leva a considerar que se trata na verdade de um prato de faiança de Alcobaça, do período de José dos Reis.

Uma raridade, um prato em faiança com marca impressa, identificando o seu fabrico e consequentemente uma data aproximada do mesmo.

Um prato que passou, na verdade, por diversas mãos, que sem uma análise pormenorizada, foi considerado com menor valor, felizmente, e daí poder ter vindo às nossas mãos.

Na verdade, as peças antigas, entre elas as faianças, devem ser analisadas detalhadamente, com paixão e com descrição.

É essa análise despretensiosa de valor ou de lucro (para quem as comercializa), que permite, com tempo, técnica, ciência e muita paciência analisar todos os pormenores dessas peças e descobrir ou desvendar ínfimos detalhes, efectuar analogias e comparações com outras peças apresentadas em catálogos, livros ou em bibliografia recorrente e reconhecer a real importância da peça e o seu valor como peça de colecção, ou simplesmente identificar com mais certeza a sua origem.

FIG. 8 - PORMENOR DA DECORAÇÃO ESTAMPILHADA E ESPONJADA

É toda esta actividade de ócio que caracteriza um coleccionador, porque coleccionar por coleccionar, é-se um simples ajuntador ou guardador.

Concluindo, com alguma certeza, estamos perante um prato em Faiança de Alcobaça, do período e fabrico de José dos Reis, provavelmente entre 1875 e 1898.

FONTES:

1) – “ Cem anos de Louça em Alcobaça”, de Jorge Pereira de Sampaio e Luís Peres Pereira, 2008;

2) – “Faiança de Alcobaça, de 1875 a 1950” – S. l. Jorge M. Rodrigues Ferreira, de Jorge Pereira de Sampaio, Estar Editora, Coleção Fundamental, 1997 ;

3) - “Cerâmica em Alcobaça – 1875 até ao presente: CeRamiCa PLUS” – Galeria de Exposições Temporárias – Mosteiro de Alcobaça; 6 de Abril a 4 de Maio 2011; Município de Alcobaça, 2011.

4) – “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

5) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

6) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

7) – “A Loiça de Alcobaça”, de João da Bernarda, Edições ASA, 1ª Edição, Porto - Outubro de 2001.

8) – “A Faiança de Raul da Bernarda & F.os, Lda. – Fundada em 1875 – ALCOBAÇA”, de Jorge Pereira de Sampaio, Edição Particular da Fábrica Raul da Bernarda & F.os, Lda., Alcobaça, Outubro, 2000.


Prato covo em Faiança Azul e Branca de aba recortada


A Faiança Azul e Branca é sempre um misto de contemplação e deslumbramento.
Figura 1 - A nossa peça em apresentação

O formato da peça, a sua decoração, a arte na pintura, a cor e os escorridos do vidrado, permitem-se tecer considerações, explanar conjecturas, mesmo sem saber quem a fabricou, qual a fábrica ou o simples local onde foi produzida, qual a localidade ou mesmo a região da sua manufactura e qual a época de produção.
Figura 2 - A exuberante decoração do fundo do prato com o motivo "Challet" ou "Roselle"

Independentemente de tudo isto, e não indo na fácil leviandade de conjecturar que é fabrico “daqui”, da fábrica “tal” e do período “x”, que se assemelha ao fabrico “y”, será muito mais correto, na nossa óptica, contemplar a e descrever a mesma.
Os segredos que a peça encerra, por si só, para que as aprecia, as gosta de ver ou mesmo coleccionar, cria uma auréola de encanto, de deslumbramento e de entusiasmo para tentar “ver ou ler”, para além da mesma e do seu encanto.
Em que condições foi efectuada? Qual o espírito e devoção de quem a fabricou e a pintou? Em que época, período ou tempo foi efectuada? Quem a teria adquirido? Em que casas andou? Como conseguiu sobreviver até ao presente? O que teria visto e apreciado em todo este tempo até ao presente?
Esta que exibimos hoje, após um longo período de interregno, não por falta de peças para apresentar, mas de tempo para as divulgar, constitui, sem dúvida, uma cativante e interessante peça, com soberba decoração.
Figura 3 - A beleza da decoração do prato

Trata-se de um prato covo, sopeiro, relativamente pequeno – antigamente os pratos, quando utilizados individualmente, eram mais pequenos em diâmetro, pois pratos maiores como malgas ou palanganas, eram usadas para toda a família – todos comiam da mesma “o caldo com a broa”, ou as “sopas”, já que o conduto era colocado sobre uma fatia de pão.
Figura 4 - A decoração da aba do parto

A bordadura da aba é recortada, com uma pequena ondulação, que lhe confere logo uma singela beleza. São lóbulos pequenos e arredondados.
No entanto algo particular, interessante e relativamente raro é a concordância que há entre a aba e o covo, onde se cria uma coroa circular, plana, com um ligeiro relevo junto do covo, o qual por si, tem depois o desenvolvimento habitual até ao fundo do prato
Figura 5 - Pormenor da decoração da aba
.
A decoração também é interessante e intensa, preenchendo bem o prato. Começa com um filete espesso na bordadura a aba, de cor azul, e por outros dois filetes, mais finos, no limite interior da aba, antes de estabelecer a concordância com o covo.
A aba possui interessante decoração, entre os filetes referidos, com várias reservas em forma alongada, dentro das quais se insere uma espessa decoração em azul muito forte, que se pode identificar como um sol a pôr-se no horizonte, com uma sobreposição “areoglifica”, que não conseguimos identificar, nem contextualizar de outra forma. O espaço entre as cartelas é preenchido com ornato em quadrícula, também na cor azul, e irregular, ao jeito e “precisão” da mão do decorador.
Figura 6 - Pormenor da decoração das reservas da aba do prato

O fundo do prato começa também com um largo filete, que delimita a sua soberba e deslumbrante decoração, igualmente em tons de azul forte, o dito azul-manganês.
O motivo é recorrente, assemelhando-se ao dito motivo “Roselle”, ou “Challet”, em que a decoração exibe o alçado principal de uma edificação “apalaçada”, de cobertura com acentuada inclinação, exibindo dois níveis de fenestração, com uma torre, num dos lados, a qual possui vários vãos de fenestração.
Figura 7 - A decoração "Challet" ou "Roselle" no fundo do prato

O “Challlet” possui quatro mastros com bandeiras ou flamas (?), sendo o mesmo ladeado por intensa vegetação com duas frondosas árvores, uma de cada lado, que se iniciam num embasamento de enquadramento.
Figura 8 - Pormenor da Decoração no fundo do prato

Em termos de decoração parece-nos que foram usadas três técnicas, o ”stencil” ou chapa recortada, para efectuar as árvores e eventualmente o beirado do “challet”; o esponjado, para efectuar o embasamento de enquadramento do “challet”, bem como assim o sombreado de parte do mesmo e a vegetação no horizonte; finalmente o pincel, com a decoração manual, onde o decorador evidenciou os seus dotes e gostos, imprecisões e desalinho do pincel e da sua mão.
Figura 9 - Tardoz do prato

Em termos de materiais, denota-se que a pasta é ligeiramente cor de grão, espessa, e por isso, um prato pesado para o tamanho; o vidrado é leitoso, com alguns arrepiados e escorrências (no tardoz), para além de algumas esborratadelas a azul, das mãos ou do apoio quanto o decorador esteve a pintar o prato.
Figura 10 - Pormenor do tardoz do prato

Resumindo trata-se de uma interessante peça em faiança azul e branca, pouco vulgar em termos de formato, com decoração característica e identificada, já com muitos anos…., e digna de se apreciar.
Independentemente do que se disse inicialmente, e caso não indicássemos algo em relação ao fabrico, origem e época de peça, considerariam, eventualmente, uma postagem incompleta.
Figura 11 - Mais uma imagem do magnifico prato em apresentação

Sem mais delongas, alvitram-se as seguintes indicações: fabrico do Norte, de alguma das muitas fábricas existentes no Porto ou em Gaia, sugerir alguma, não nos atrevemos; do período que poderá variar entre o final do século XIX e inícios do século XX, será?

FONTES:

1) – “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

2) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

3) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

4) – “Cerâmica Artística Portuense dos Séculos XVIII e XIX”, Vasco Valente, Livraria Fernando Machado – Porto, 

5) – “Cerâmica Portuense – Evolução Empresarial e Estruturas Edificadas”, Teresa Soeiro, Jorge Fernandes Lacerda, Silvestre Lacerda, Joaquim Oliveira, Edição Portugália, Nova série, volume XVI, 1995.

6) – “Fábrica de Louça de Miragaia”, Museu Nacional Soares dos Reis, Edição IMC, Lisboa, 2008.

7)- https:// velhariastralhasetraquitanas.blogspot.pt/2015/04/travessa-em-faiança-azul-e-branca-motivo-“roselle”-fabrico-do-norte-?-imitação-de-miragaia-?.html;

8) - https://velhariastralhasetraquitanas.blogspot.pt/2015/03/travessa-em-faianca-motivo-casario-de.html;


9) - https://velhariastralhasetraquitanas.blogspot.pt/search/label/Motivo%20%22ROSELLE%22.html;

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

PRATO DA FÁBRICA DE LOUÇAS DE SACAVÉM – MOTIVO PERIQUITOS (?)


As peças em faiança da Fábrica de Louças de Sacavém, continuam de deslumbrar-nos.


(Fig. 1 - O Prato da FLS - Motivo Periquitos?)

Ao longo dos tempos, lá surge uma nova peça, pouco conhecida ou mesmo desconhecida, que nos cativa e cria expectativas no sentido de a conhecer melhor, de procurar desvendar o seu motivo, o seu período de fabrico, a particularidade das suas marcas e carimbo.

Hoje apresentamos um prato sopeiro, prato covo, pronunciado, com aba elevada, com um filete azul no limite da mesma e com uma exuberante decoração triplica, policromática, que se desenvolve desde o limite da aba até ao limite do covo.


(Fig. 2 - Pormenor da triplica Decoração)

Prato com vidrado branco, sobre o qual foram aplicadas três estampas, policromáticas, com um motivo vegetalista: interessantes flores em rosáceas amarelas com a coroa em cor de largam; ornamentada com gavinhas azuis.
Numa delas, um casal de periquitos (?) com plumagem verde e amarela e o macho com uma plumagem alaranjada/avermelhada no peito e na cabeça e na poupa da cabeça.

Peça utilitária de uso doméstico, um prato sopeiro, pouco comum, com interessante decoração, em que e por tal motivo, foi tornada como peça de decoração, em detrimento de peça de uso comum.

A aranha de um pendurar, já ferrugenta e carcomida pelo peso dos anos já passados ainda continua na peça, o que lhe dá mais elam.


(Fig. 3 - A tardoz do Prato)

No tardoz, no único frete que possui, lá se identifica o carimbo verde estampado, de “GILMAN & Cta” e “SACAVÉM”, conjuntamente com um símbolo igualmente a verde (trevo de quatro folhas)? e as marcas alfanuméricas gravadas na pasta “SACAVÉM” e “52 H”?.


(Fig. 4 - O Carimbo da Peça e a marca "Trevo"?)


(Fig. 5 - A gravação na pasta - 52 H)


(Fig. 6 - A gravação na pasta SACAVEM)

Crê-se ser uma peça cujo fabrico remonta às décadas de 40 ou 50 do século passado, cuja configuração da fivela do cinto do carimbo e o número de “casas” ou “buracos” no sinto à esquerda da fivela (duas) tal indiciam.


(Fig. 7 - O Carimbo Gilman & Cta, . variante 2 furos no cinto)

Aqui fica a apresentação de mais um interessante prato da Fábrica de Louça de Sacavém.
 

(Fig. 8 - O prato e a sua decoração policromática)

FONTES:

1) – “Fábrica de Louça de Sacavém – Contribuição para o estudo da indústria cerâmica em Portugal 1856-1974” de Ana Paula Assunção, Coleção História da Arte – Edições INAPA – 1997;

2) – “150 Anos – 150 Peças – Fábrica de Loiça de Sacavém” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Março de 2006;

3) – “Porta aberta às memórias” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2008;

4) - “Porta aberta às memórias” – 2ª edição, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2009;

5) Primeiras peças da produção da Fábrica de Loiça de Sacavém: O Papel do Coleccionador”, de Ana Paula Assunção, Carlos Pereira e Eugénia Correia, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – 2003;

6) – “História da Fábrica de Loiça de Sacavém”, de Ana Paula Assunção e Jorge Vasconcelos Aniceto, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Julho de 2000;

7) – “Roteiro das Reservas”, de Ana Paula Assunção, Carlos Pereira e Joana Pinto, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – 2000 (?);

TAÇA LOBADA - LOUÇA DE ALCOBAÇA - FABRICO PAR


Vão surgindo, por vezes, peças em faiança, da dita Louça de Alcobaça, que são deslumbrantes; quer no formato, com moldagens interessantíssimas; quer na decoração e na sua composição policromática, sobre um fundo azul – uma das principais características identificadoras deste tipo de faiança decorativa.


(Fig. 1 - A beleza da Peça)

Apresentamos hoje uma interessante peça decorativa que designamos de Taça, com uma aba desenvolvida em lóbulos, recortados e ondulantes: um para cima e outro para baixo.


(Fig. 2 - A decoração no covo da peça)

A decoração sobre o fundo em azul claro é exuberante e vistosa: no covo da taça, uma decoração vegetalista, monocromática, em azul-escuro, com uma rosácea; nos lóbulos da aba uma decoração policromática, de fino recorte, com alternância de motivos.


(Fig. 3 - O requinte do recorte da Aba)

Lóbulo sim, lóbulo não uma decoração vegetalista monocromática em azul-escuro, central, possuindo junto ao covo, uma pequena decoração vegetalista, em tons de verde alface e roxo (lilás), e junto à bordadura da aba uma decoração semelhante, com predominância de decoração na cor lilás, em três rosáceas e uns remates em amarelo-torrado, como prolongamento da decoração dos lóbulos adjacentes.


(Fig. 4 - A ondulação da Aba)

Os outros lóbulos, da aba, na zona central possuem uma decoração vegetalista, floral, nos tons de verde alface e lilás; junto ao covo, uma reserva em amarelo-torrado, preenchida com um ornato em quadrícula, na cor lilás e no limite da bordadura com outra reserva delimitada a filete grosso irregular, preenchido igualmente com ornato em quadrícula em lilás.

Toda a bordadura da aba possui um filete grosso, irregular, em tons de azul-escuro.


(Fig. 5 - O tardoz da peça, com o seu frete e a marca)

O tardoz da peça, na cor azul claro, dentro do círculo do frete possui a identificação da fábrica onde foi produzida: “P.A.R.”, “ALCOBAÇA”, “MADE IN PORTUGAL”, “43” e “B.”.

Isto é, fabrico P.A.R., a peça com o formato ou modelo n.º 43 e decorada pelo pintor B. da fábrica P.A.R.


(Fig. 6 - A marca manual da peça, o seu nº 43 e a letra "B") 

Muito pouco se sabe acerca desta fábrica e deste fabrico P.A.R., mais um entre muitos que existiram entre as décadas de 40 do século passado e o alvorecer deste século, no concelho de Alcobaça, ou em concelhos limítrofes em que existiam fábrica da dita Louça de Alcobaça.

(Fig. 7 - A nossa peça, para recordar)

Após intensa pesquisa, o pouco de informação que conseguimos obter acerca desta fábrica e fabrico foi o seguinte:

P.A.R. – marca do fabrico da Fábrica de Pombo e Almeida Ribeiro, fábrica fundada em meados da década de 40 do século passado, em Mendalvo - Alcobaça, por José dos Santos Pombo e José de Almeida Ribeiro, operários da Fábrica da Raul da Bernarda, de onde saíram para fundar a sua fábrica.

FONTES:


segunda-feira, 12 de setembro de 2016

FRUTEIRO DA CERAMICA BOMBARRALENSE, LDA. CBL – RARA PEÇA


As peças da Cerâmica Bombarralense, Limitada, representativas da sua tendência decorativa são escassas, pelo reduzido período da sua fabricação – escassos 10 anos, pese embora, diversas iniciativas e múltiplos ensaios de vários artistas que passaram pela mesma, com novos estilos e decorações mais actuais à época, produziram peças, mas da autoria do autor e sem as suas características, que se enquadravam na dita louça de Alcobaça.


(Fig. 1 - A superior beleza da peça)

Apresentamos um curioso fruteiro, deveras trabalhado, quer em termos de forma – vazado, com múltiplas, diferentes e enquadradas aberturas, quer em termos de decoração – intensa, deslumbrante e policromática decoração floral, desde a aba, passando pelo covo até chegar ao fundo, com filetes lisos e ondulantes, criando um tipo de reserva circular, onde é apresentada uma exuberante flor.


(Fig. 2 - A deslumbrante decoração da Peça)

Tal como na dita louça de Alcobaça, toda a peça, incluindo o tardoz, se encontra vidrada na cor azul claro, com alguns filetes na cor azul-escuro, e depois uma deslumbrante decoração nas cores castanho, vinoso, amarelo-torrado, verde seco e azul-escuro.


(Fig. 3 - O pormenor da decoração da reserva no fundo do fruteiro)

Os motivos são vegetalistas, com curiosas apresentações florais policromáticas, onde demonstra cuidado e aturado trabalho do respectivo decorador.


(Fig. 5 - A exuberante decoração do covo da fruteira)

No tardoz a perfeita identificação da peça “C.B.L., “BOMBARRAL”, “MADE IN PORTUGAL” e indicação do decorador “Av B” – será?


(Fig. 6 - O tardoz da peça)


(Fig. 7 - O frete da peça e a sua marca)

Apresenta ainda a gravação da pasta “25” – provavelmente o número de catálogo ou o número de formato da peça.


(Fig. 8 - O pormenor da marcação e a gravação da pasta)

Peça fabricada na segunda metade da década de 40 ou primeira da década de 50, do século passado.


(Fig. 9 - O esplendor da Peça) 
Aqui fica a apresentação de mais uma peça rara do fabrico CBL, evidenciando a sua combinação cromática – um valioso fabrico e deslumbrante decoração com tão efémera produção.

FONTES: