Pensamos
que a lógica de um coleccionador é não ter lógica!
Em
especial quando se trata de coleccionar cerâmicas; quer faianças, quer
porcelanas, quer azulejos ou mesmo terracotas.
Para
além das categorias formais, das escolas, das épocas, das tipologias, das
peças, do seu valor intrínseco ou comercial, pensamos que está acima de tudo o
gosto pessoal, a empatia que as peças nos criam e que nos leva a coleccioná-las de modo caprichoso e despretensioso.
Mas,
como é óbvio, sem deixar de considerar o seu valor estético, histórico e quiçá comercial.
Tudo
isto a propósito de um Prato de Suspensão, Publicitário, da Fábrica de Louça de
Alcântara.
Temos,
desde há muito, empatia pela faiança de Alcântara, a qual ainda aumentou a partir
da palestra de Jaime Regalado, dada a 23 de Janeiro passado no Museu da Fábrica
de Louça de Sacavém, pela eloquência da mesma e pela apresentação e descrição efectuadas,
com o desvendar de muitas interrogações. (Para quando a publicação do
respectivo livro?)
Trata-se
de um prato liso, sem covo e aba, de suspensão, com os respectivos orifícios de
pendurar efectuados no único frete do tardoz do prato.
É
um tipo de prato recorrente, publicitário, do Comerciante Albino J. Baptista,
com sede na Rua Nova do Almada, n. 92, em Lisboa, (ao Chiado), que se dedicava
à comercialização de “Guardas Chuvas
muito bons e baratos” e a “Leques e
Sombrinhas de Phantasia”.
Este
prato calendário, do ano de 1889 e por conseguinte efectuado, provavelmente no
final do ano de 1888, apresenta-se na cor monocromática castanha.
Para
além do calendário em si, exibe três guardas chuva, de dimensões diferentes,
dois leques e sete bengalas de diversos formatos de punho e uma jovem senhora, elegantemente
vestida à época, com um guarda-chuva, voltado do avesso, sob copiosa chuva.
No
limite da bordadura a identificação “LOPES & CA – ALCANTARA”.
No
tardoz do prato, a marca é inequívoca e expressa de forma incisiva:
“L. & C.”, “LOUÇA À INGLESA”, “FÁBRICA D’
ALCANTARA”, “LISBOA” e “TRAVESSA D’ ASSUMPÇÃO 37 E 39”.
Corresponde
a uma das marcas usadas no período temporal de 1886 a 1900, o que se confirma
pela data do próprio calendário do prato.
O
blogue (3) já apresentou um prato igual, mas monocromático verde, cujas imagens
apresentamos com a devida autorização do seu autor, enquanto o que exibimos é
monocromático castanho.
Aqui
fica o registo do prato.
Fontes:
1) –
2) - “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e
Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial
Presença – 3ª Edição – 1987;