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sábado, 14 de março de 2015

PRATO DE SUSPENSAO, PUBLICITARIO, DA FÁBRICA DE ALCANTARA

Pensamos que a lógica de um coleccionador é não ter lógica!

Em especial quando se trata de coleccionar cerâmicas; quer faianças, quer porcelanas, quer azulejos ou mesmo terracotas.

Para além das categorias formais, das escolas, das épocas, das tipologias, das peças, do seu valor intrínseco ou comercial, pensamos que está acima de tudo o gosto pessoal, a empatia que as peças nos criam e que nos leva a coleccioná-las de modo caprichoso e despretensioso.

Mas, como é óbvio, sem deixar de considerar o seu valor estético, histórico e quiçá comercial.


Tudo isto a propósito de um Prato de Suspensão, Publicitário, da Fábrica de Louça de Alcântara.

Temos, desde há muito, empatia pela faiança de Alcântara, a qual ainda aumentou a partir da palestra de Jaime Regalado, dada a 23 de Janeiro passado no Museu da Fábrica de Louça de Sacavém, pela eloquência da mesma e pela apresentação e descrição efectuadas, com o desvendar de muitas interrogações. (Para quando a publicação do respectivo livro?)

Trata-se de um prato liso, sem covo e aba, de suspensão, com os respectivos orifícios de pendurar efectuados no único frete do tardoz do prato.



É um tipo de prato recorrente, publicitário, do Comerciante Albino J. Baptista, com sede na Rua Nova do Almada, n. 92, em Lisboa, (ao Chiado), que se dedicava à comercialização de “Guardas Chuvas muito bons e baratos” e a “Leques e Sombrinhas de Phantasia”.

Este prato calendário, do ano de 1889 e por conseguinte efectuado, provavelmente no final do ano de 1888, apresenta-se na cor monocromática castanha.


Para além do calendário em si, exibe três guardas chuva, de dimensões diferentes, dois leques e sete bengalas de diversos formatos de punho e uma jovem senhora, elegantemente vestida à época, com um guarda-chuva, voltado do avesso, sob copiosa chuva.


No limite da bordadura a identificação “LOPES & CA – ALCANTARA”.


No tardoz do prato, a marca é inequívoca e expressa de forma incisiva:

 “L. & C.”, “LOUÇA À INGLESA”, “FÁBRICA D’ ALCANTARA”, “LISBOA” e “TRAVESSA D’ ASSUMPÇÃO 37 E 39”.


Corresponde a uma das marcas usadas no período temporal de 1886 a 1900, o que se confirma pela data do próprio calendário do prato.


O blogue (3) já apresentou um prato igual, mas monocromático verde, cujas imagens apresentamos com a devida autorização do seu autor, enquanto o que exibimos é monocromático castanho.


Aqui fica o registo do prato.



Fontes:

1) –

2) - “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;



quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

TRAVESSA DA FÁBRICA DE LOUÇA DE ALCÂNTARA, MOTIVO PRIMAVERA

A fim de desocupar a antiga casa senhorial da avó, distante, entretanto falecida, as suas netas venderam ao desbarato quase tudo o que lá existia – e lá foram as velhas peças de faiança…..


Foi uma venda discreta e rápida, a troco de alguns euros, a uma senhora também já idosa, muito querida e que se dedica ao negócio das velharias como forma de subsistência ou sobrevivência……


E lá conseguimos negociar uma antiga e interessante travessa “arredondada”, da Fábrica de Louça de Alcântara, com uma forma característica da faiança inglesa (rectangular de cantos arredondados).



Trata-se de uma peça com uma decoração simples, estampada, monocromática, cor verde-escura, com dois motivos florais diferentes, um maior, outro menor, mas sempre presentes as espigas, e na maior a papoila.


Trata-se de uma peça com carimbo verde da fábrica de Alcântara: FABRICA D’ ALCANTARA – FAIANÇA FINA – L & C – LISBOA, com indicação do motivo dentro duma raquete retangular: PRIMAVERA, possuindo ainda a marca gravada na pasta de LOPES & C.ª e a identificação alfanumérica L 7.


Tentando identificar o período de fabrico, pela marca circular gravada na pasta, segundo o livro “Cerâmica Portuguesa – Marcas da Cerâmica Portuguesa”, de José Queirós, 2ª Edição, II Volume, (1ª reedição em fac-simile), José Ribeiro – Editor e Livraria Estante Editora, Aveiro – 1987, a páginas 75, item 391; Faiança Feldspática Moderna (fabrico após 1850), fabrico de 1897 em diante – Fábrica fundada por Stringer, Silva e C.ª, proprietários atuais: Lopes & C.ª – marca gravada na pasta (marca da louça decorada à mão).

Por outro lado, pelo carimbo, segundo o livro Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987, a páginas 277, item 186; fabrico de 1886 em diante – Fábrica fundada por Stringer, Silva e C.ª, cujos proprietários atuais são Lopes & C.ª – marca estampada Louça estampada).


Em suma, trata-se de uma travessa de Fábrica de Louça de Alcântara de fabrico de 1897, em diante, com o motivo PRIMAVERA.

FONTES:



3) -Cerâmica Portuguesa – Marcas da Cerâmica Portuguesa”, de José Queirós, 2ª Edição, II Volume, (1ª reedição em fac-simile), José Ribeiro – Editor e Livraria Estante Editora, Aveiro – 1987;

4) - “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;

domingo, 9 de novembro de 2014

LEITEIRA DE FAIANÇA DA FÁBRICA D’ ALCÂNTARA (?), MOTIVO “PAIZAGEM”

O baú nacional das velharias e antiguidades vai periodicamente revelando-nos peças de faiança deveras interessantes e não ainda catalogadas.


São peças que nos deslumbram, mas que nos criam incertezas acrescidas, pois com a ausência de marcas ou carimbos, a identificação do seu fabrico, da sua época ou mesma da sua atribuição a uma fábrica são sempre problemáticas.


Tudo isto a propósito de uma pequena leiteira, com o MOTIVO “PAIZAGEM”, na cor sépia, em que as principais características identificadoras do motivo estavam presentes, devidamente enquadradas num caixilho de troncos de árvores e de ramos entrelaçados.


Vejamos pois, o que está presente:

- a cena campestre, bucólica e com uma paisagem rural;

- a casa campestre ou rural, de dois pisos e com a chaminé a fumegar,

- a cabana ou palheiro, em primeiro plano, à esquerda;

- as vedações em paliçada de madeira e cancelas em madeira com travessas cruzadas;

- a presença de uma personagem (agricultor ou caseiro), junto a uma vedação,

- as árvores após a edificação campestre…

A peça em faiança com base creme ou cor de grão, com a estampagem monocromática na cor sépia, e com o motivo em presença “PAIZAGEM” leva-nos logo para o fabrico da “Fábrica d’Alcântara – Louça à Ingleza”, ou mesmo “Fábrica d’Alcântara – Faiança Fina”, mas a peça não possui qualquer marca ou carimbo (verdade se diga, não tem superfície no fundo para tal) e daí as nossas dúvidas quanto à sua atribuição.


(da Fonte 1)


(da Fonte 2)

(da Fonte 3)
(da Fonte 4)
Simplesmente possui uma letra “B.“, a qual não conseguimos identificar de forma simples e fácil e correlacionar ao seu provável fabrico, mas noutras peças da Fábrica de Alcântara (5) devidamente carimbadas e com gravação na massa, possuem igualmente a letra “B”, o que poderá constituir uma “aproximação” para a sua identificação.


(Fundo e Marca e Sinal Figurativos da Le

(da Fonte 5)

A, assim ser, crê-se tratar de uma peça da segunda metade do século XIX, provavelmente do 1º período de 1885-1886 ou do 2º período entre 1886 e 1889 (?), mas sem certezas.

E por conseguinte, uma peça rara da fábrica em causa, de pequenas dimensões: altura máxima, na asa:14,5 cm; diâmetro, na base: 6,0 cm e no bojo: 8,0 cm.


Conhece-se (6) um exemplar de um jarro, desta fábrica e do mesmo motivo, decorado a cor monocromado a negro.

Com tudo isto, e perante a pouca informação sobre esta fábrica ou informação não sistematizada (6), mais uma vez se vê a necessidade urgente de criar uma obra bibliográfica dedicada à Fábrica de Louça de Alcântara, ou pelo menos a uma catalogação sistematizada da mesma.

Soubemos e já lemos algures que o Sr. Jaime Regalado se deu ao empenho e árdua tarefa de efectuar um trabalho sobre a Fábrica de Louça de Alcântara. Fazemos votos que a conclua com a brevidade possível e que a publique, pois será algo, certamente, muito importante, para a identificação e caracterização da louça de Alcântara.


Fontes:








sábado, 25 de outubro de 2014

PRATOS DE ALCÂNTARA, MOTIVO BORBOLETA (?)

As faianças da fábrica de Alcântara continuam-nos a surpreender continuamente, com o surgimento de peças com motivos desconhecidos.

O presente prato raso, de motivo desconhecido até à data, é um espécime decorado em tons policromados, nas cores de rosa, verde, castanho, azul e amarelo com desenho baseado na representação de dois arranjos florais, um de menor dimensão e outro maior, com um insecto, uma borboleta com asas azuis celestes e amarelas.


Trata-se de uma interessante peça, com uma faiança mais fina do que habitualmente Alcântara apresenta, com um filete dourado na bordadura da aba e com os motivos policromados aplicados na bordadura mas que se prolongam até ao fundo do prato, constituindo um exemplar não muito vulgar, quer pela textura da pasta, quer pelo motivo e acima de tudo pela decoração policromada.


Possui gravada na massa a marca de “LOPES & C.ª”, pelo que o seu período de produção, segundo o livro Ceramica Portugueza, do autor José Queiroz, 1907,  pp. 356, item 284, deverá ter começado em 1897.

POST-SCRIPTUM:

Na verdade o elemento mais relevante e notório na decoração desta peça é a borboleta, quer pela sua apresentação, exposição ou mesmo pela sua policromia (azul celeste e amarelo vivo).

Em bom tempo, o caro Luís Y (Luís Montalvão do blogue http://velhariasdoluis.blogspot.pt) me alertou para a decoração deste prato e me indicou que “é muito semelhante a um motivo usado pela Vista Alegre entre 1870-80, de que mostrei uma peça no meu blog http://velhariasdoluis.blogspot.pt/2014/10/uma-borboleta-num-jarro-da-vista-alegre.html.”

Mais, disse que: “Julgo que estas decorações traduzem uma certa influência japonesa, que veio através de França, da fábrica de Haviland de Limoges.”

Presumimos que a peça que apresentamos, da fábrica de Alcântara, seria de fabrico posterior a 1897. A peça da Vista Alegre que o Luís Y apresentou é, conforme ele indicou, de fabrico entre 1870-80.

Tal como o Luís Y refere na sua postagem acima citada este tipo de decoração, com o reporte a borboletas, foi inspirado no Japão e um artista que se destacou, na fábrica de Haviland de Limoges foi Félix Bracquemond, havendo referências da mesma (decoração) como “Limoges 1876”.

Através de uma simples e rápida pesquisa na Internet lá encontramos um açucareiro Limoges 1876, com o motivo onde sobressai a borboleta:
Tal como, quando se reportam imagens a Félix Bracquemond, logo surgem peças de porcelana com borboletas
Digamos que foi um motivo recorrente à época,  em que as fábricas iam-se copiando umas às outras, nestas decorações, provavelmente mais ao gosto da época. 

FONTES:


2)Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

PRATOS DE ALCANTARA, MOTIVO INVICTA, CARIMBO L&C E MARCA CHAMBERS


As faianças da fábrica de Alcântara continuam-nos a surpreender diariamente, conforme se vai descobrindo peças que há muito se encontravam guardadas, armazenadas, esquecidas e que vêm, agora, à luz do dia.

Tal facto permite-nos descobrir novas peças, novos motivos, novas decorações e a reescrever, em parte, o muito que já se disse sobre a fábrica de Alcântara.

Tudo isto por um par de pratos que “descobrimos” recentemente….
 

 
Quando nos deleitamos a apreciar, a desvendar e a catalogar peças de fabrico de Alcântara, não podemos deixar de recorrer à fonte principal (1), do Mercador Veneziano.

Um prato e motivo que sempre nos intrigou foi o denominado motivo “VARINA” (?), em que para além desta a decoração do prato era completada com motivos do Porto.

Nesse blogue a descrição desse prato era a seguinte:
Prato de motivo desconhecido até à data. Espécime decorado em tom monocromado a vermelho, de desenhos apelativos à cidade do Porto.
No topo do prato estão representados dois monumentos simbólicos da cidade, mais à esquerda a Torre dos Clérigos e à direita a Ponte Maria Pia com paisagem cénica para o Rio Douro. Em baixo, a figura de Varina com cesta à cabeça. Referir ainda que ambos os desenhos descritos são enquadrados com composições florais de diversos géneros. Exemplares com o mesmo motivo podem variar, pelo menos, entre a tonalidade apresentada, verde e castanho.

Relativamente ao período de produção da peça analisada, devido a não ter acesso à marca de fabrico, não foi possível precisar uma data concreta da sua produção, no entanto, pelo molde da peça diria pertencerá aos finais do século XIX.”

Pois os pratos que “descobrimos” recentemente, na tonalidade verde, apresentam esse motivo e o mesmo está identificado no respetivo carimbo “INVICTA” – fica pois, a partir de agora identificado e catalogado o motivo.

Mas algo mais deslumbrante:

- o prato de tons mais fortes e de decoração mais nítida, apresenta no tardoz do seu fundo um carimbo monocromático, verde, com as seguintes indicações: L & C, FABRICA D’ ALCANTARA, FAIANÇA FINA e INVICTA – o nome do motivo. Possui igualmente na pasta a marca circular de LOPES & C, ALCANTARA e LISBOA;

 
- o prato de tons mais esbatidos e de decoração menos nítida, mais esbatida, mais imperfeita, em que a varina aparece de menores dimensões e em que os armazéns na margem do Rio Douro, do lado de Gaia, são em maior número e com melhor identificação da sua fenestração, no seu tardoz, possui somente a marca circular na pasta, mas com a seguinte indicação CHAMBERS & C.


Estamos pois perante dois pratos de Alcântara, com o mesmo motivo “INVICTA”, mas de períodos diferentes de fabrico.




O prato com a marca de L & C, poderemos indicar, que provavelmente, o seu fabrico terá sido entre 1889 (ou 1886-?) a 1901, ou seja, do final do Século XIX.



 
O prato com a marca CHAMBERS & C, poderá, eventualmente o seu fabrico ter ocorrido entre 1930 (?) a 1934 (?), será?

Interessantíssimo, dois pratos da mesma fábrica, com o mesmo motivo, mas com apresentações bastante diferentes, separados temporalmente por 30 anos (?), em que o mais antigo apresenta melhor acabamento que o mais recente, sendo que este, no seu verso ainda continua a exibir o triplico “três pontos”, das trempes quando ia cozer o vidrado.

 
 




 
 
FONTES:


2)Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987